É bem provável que hoje você tente dar uma escapulida para o cinema mais próximo pois, como todos sabemos, é a estreia mundial de “Velozes e Furiosos 7” (Furious 7). Nos últimos, para irmos nos preparando, fizemos um especial com os carros mais marcantes de cada um dos filmes, e hoje é a vez de Velozes e Furiosos 6, lançado em 2013.
Na película, Dom, Brian e companhia decidiram se aposentar, e cada um dos membros do time está levando a vida que sempre quis (todos espalhados pelo mundo) Luke Hobbs os chama para participar de um caso: ajudar a capturar o criminoso britânico Owen Shaw, que pretende construir um dispositivo capaz de desligar a energia elétrica de um país inteiro por 24 horas e vendê-lo a quem pagar mais – algo que pode valer bilhões de dólares.
Para convencer Dom a participar da missão, Hobbs revela que Letty está viva – e mais: trabalhando para Shaw. Brian, Tej, Roman e Han se juntam a ele, com a condição de conseguirem perdão judicial por todos os seus crimes. Todos partem para Londres, onde se passa boa parte do filme.
Fast & Furious 6 traz de volta, ainda que por alguns instantes, as corridas de rua, mas continua sendo um filme de ação e roubo com carros. E que carros! Se dissemos que Fast Five tinha uma seleção incrível, o sexto filme ficou ainda melhor neste quesito. Vamos dar uma olhada?
Nissan GT-R e Dodge Challenger
A cena de abertura de Furious 6 é uma corrida entre Brian O’Conner e Dom Toretto. Já estivemos nessa antes, mas desta vez é diferente: não se trata de um duelo nas ruas para conseguir dinheiro ou um novo carro, e sim para chegar a uma casa nas Ilhas Canárias, na Espanha, onde seu filho com Mia está para nascer. Se você assistiu ao filme, sabe que a paz não duraria mais alguns meses…
Na corrida, Brian usa um Nissan GT-R prata que, aparentemente, é original. O carro de Dom, porém, tem algumas modificações – poucas, na verdade: com os 430 cv de seu V8 Hemi 392, o Challenger SRT8 provavelmente é potente o bastante para garantir a diversão de Dom.
O que muda é a aparência: o carro recebeu um scoop (meramente decorativo) no capô, para-lamas alargados e rodas de 20 polegadas da US, calçadas com pneus de medidas 275/40 na dianteira e 315/40 na traseira. Por dentro, a única modificação foi a remoção do console do túnel central.
“Flip Car”
Este é um dos carros mais legais não apenas do sexto filme, mas de toda a franquia. Isto por que ele foi construído deste jeito unicamente para causar uma bela impressão na telona – a ideia original do diretor Justin Lin era que os flip cars fossem mais parecidos com picapes equipadas com rampas na dianteira. Acontece que os produtores pensaram que, como o filme se passa na Europa, seria mais interessante torná-los parecidos com os monopostos da Fórmula 1.
Obviamente que, de Fórmula 1, eles só têm as proporções gerais e o fato de o motor ficar em posição central-traseira. Na prática, eles se resumem a estruturas tubulares com rodas e pneus enormes (na traseira, as medidas são 415/55 R17, para se ter uma ideia), motores LS3 muito parecidos com os que equipam o Chevrolet Camaro SS, de 6,2 litros e 435 cv, câmbio automático GM de três marchas e o bico baixo, sendo capazes de fazerem outros carros voarem pelos ares.
Estes carros são usados por Owen Shaw e sua equipe na primeira grande perseguição do filme, e mostram que ele é o vilão mais durão que a equipe de Dom e Brian já enfrentou.
Dodge Charger Daytona
Para garantir que Dom Toretto tenha um carro à altura na missão proposta por Hobbs, Tej Park arranja para ele nada menos que um Dodge Charger Daytona 1969. Como já contamos aqui, na virada da década de 60 a Chrysler decidiu que precisava de mais do que a potência do Charger e do Road Runner: também precisava de aerodinâmica. Assim, instalando novas dianteiras em formato de cunha e asas traseiras absurdamente grandes, a Chrysler criou o Dodge Charger Daytona e o Plymouth Superbird, ambos banidos da NASCAR em pouco tempo… por serem rápidos demais.
São carros bastante raros e valiosos – só existem pouco mais de 500 deles, e um exemplar digno de concurso (como o carro retratado no filme) podem alcançar facilmente os seis dígitos, com os carros que não estão tão bons assim custando um pouco mesmo. Obviamente, seria inadmissível correr o risco quase certo de destruir um deles durante as filmagens.
Assim, para criar o carro usado no filme, a equipe de produção converteu dois Charger normais, um 1968 e um 1970, ambos modificados para ficarem idênticos entre si, porém um pouco diferentes de um autêntico Daytona. Para começar, a dianteira de fibra de vidro é um pouco mais curta e, em vez dos faróis escamoteáveis, usa faróis convencionais atrás de coberturas de acrílico (de acordo com o Edmunds.com, os produtores estavam tendo problemas com os faróis móveis). A asa traseira também ficou um pouco mais baixa, para dar ao carro uma aparência mais esguia e uma postura mais agressiva.
A carroceria foi pintada em um belo tom de bordô e o capricho do acabamento está acima da média para um carro feito especialmente para um filme (ainda mais para ser destruído durante as gravações). O interior, contudo, é totalmente espartano: bancos de competição na dianteira, instrumentos Autometer, painéis de alumínio sem pintura e, no lugar do banco traseiro, dois abafadores Magnaflow, um de cada lado, que desembocam em saídas nas laterais.
O motor, novamente, é o V8 de 6,2 litros do Camaro SS acoplado a uma caixa automática de três marchas – o conjunto mecânico padrão de boa parte dos carros de Fast & Furious 6. O diferencial traseiro, para completar a heresia, é um Ford de 9”, famoso por ser barato e resistente.
A suspensão é da Reilly Motorsports, e usa um sistema McPherson com amortecedores ajustáveis do tipo coilover na dianteira e um sistema five-link na traseira.
Jensen Interceptor
Por mais que Letty seja uma americana com amnésia no meio de Londres, sua paixão pelos motores V8 americanos (uma das razões para que ela e Dom se deem tão bem) fizeram com que ela optasse por um Jensen Interceptor V8, clássico grand tourer britânico construído à mão pela Jensen no oeste do Reino Unido que usava motor e câmbio da Chrysler.
Ironicamente, porém, o carro de Letty veio dos EUA, visto que os Interceptor britânico costumam ser encontrados em apenas duas condições: totalmente decrépitos ou extremamente bem conservados – em ambos os casos, impróprios para filmagens de corridas de rua em alta velocidade. Por isso o carro de Letty Ortiz tem volante do lado esquerdo.
E ele também não é um carro elegante e refinado visualmente, como o Interceptor foi concebido pela Jensen: em vez disso, Letty roda por aí em um Interceptor cinza fosco com grade feita de tela, volante aftermarket, gaiola de proteção completa e bancos Sparco R100.
Foto: Edmunds.com
O motor, novamente, é o V8 de 6,2 litros do Camaro acoplado a uma caixa automática de três marchas, que leva a potência para as rodas traseiras através de um diferencial Ford 9”. Ao todo, foram construídos quatro carros idênticos, porém apenas três deles contam com os abafadores Magnaflow funcionais na traseira.
BMW M5
A primeira grande perseguição e Fast & Furious 6 traz como protagonistas cinco BMW M5 idênticos usados pela equipe rival, mas o que você precisa saber (se já não deduziu) é que nenhum deles era um M5 de verdade – o que é uma pena, pois adoraríamos ouvir seus motores V10 de cinco litros e 500 cv em ação. Em vez disso, porém, os produtores do filme usaram nada menos que 14 exemplares do Série 5, comprados em diversas lojas do Reino Unido.
Os carros – uma seleção de 530i (com motores de seis cilindros em linha) e 550i (estes, com motores V8) – receberam para-choques e rodas de M5 e, dependendo de seu estado de conservação, foram usados nas cenas de ação os nas tomadas mais calmas e detalhadas. O detalhe mais importante, porém, não é visível na telona: os Série 5 são equipados com freios de estacionamento eletrônicos, e por isso a produção do filme precisou instalar sistemas de freio especiais, ativados manualmente, para travar as rodas traseiras e realizar as manobras.
Ford Mustang 1969
O Ford Mustang 1969 é, na humilde opinião deste escriba, o modelo mais bonito do Mustang clássico – ele não é tão grande e desajeitado como os Mach 1 do início dos anos 1970, ao mesmo tempo em que é maior e mais agressivo do que os Mustang fabricados até 1968. E o Mustang 1969 usado em Fast & Furious 6 é um exemplar mais do que especial.
Trata-se de Mustang pro-touring construído pela Pure Vision Design sob encomenda da Anvil, empresa especializada em fabricar body kits e componentes aerodinâmicos de fibra de carbono. Sendo assim, poderia ser só um Mustang bonito, mas os caras da Pure Vision Design não se contentariam com isso.
Assim, o Mustang recebeu um V8 Jon Kaase Boss Nine, de 520 pol³ (8,5 litros) com bloco Dart de alumínio, equipado com um sistema de injeção Electromotive e capaz de entregar nada menos que 816 cv. O câmbio é manual de cinco marchas da Tremec, enquanto a suspensão é do tipo pushrod nas quatro rodas – estas, fabricadas pela EVOD Industries, de 18×9,5 polegadas na dianteira e 19×12 polegadas na traseira, calçadas com pneus Continental de medidas 275/35 na dianteira e 345/30 na traseira.
Felizmente o verdadeiro Mustang da Anvil só foi usado nas cenas estáticas, dentro do galpão. Nas tomadas de ação, foram usadas réplicas baseadas em Mustangs 1968, 1969 e 1970.
Ford Escort RS1600
Agora, Fast & Furious 6 não poderia ir à Inglaterra sem ter no elenco um de seus clássicos do automobilismo. O RS1600 era o especial de homologação do Ford Escort de primeira geração no WRC, e usava um brilhante motor de 1,6 litro preparado pela Cosworth (claro), com comando duplo no cabeçote, dois carburadores Weber de corpo duplo e, no modelo de rua, 113 cv. Não era muito, porém era o bastante para um carro de tração traseira que pesava menos de 800 kg. A versão de competição era mais veloz, com 200 cv – sem qualquer tipo de indução forçada!
Para o filme, foram usados cinco exemplares do RS1600, que foram comprados pela equipe de produção, desmontados e reconstruídos totalmente, com gaiola de proteção, instrumentos Autometer, transmissão de cinco marchas moderna e motores restaurados.
Esteticamente, os carros receberam um belo esquema de pintura azul e branco e rodas douradas Compomotive com desenho semelhante ao das clássicas Minilite, de 13×7 polegadas, calçadas com generosos pneus de medidas 205/60. Dois dos carros ficaram totalmente destruídos na icônica cena em que o Escort de Brian dá um salto espetacular entre as duas vias da estrada.
Plymouth Barracuda
Um dos carros mais incríveis de Fast & Furious 6 só aparece nas últimas cenas do filme, quando Dom e o resto do grupo se reúnem na antiga casa dele em Los Angeles. Como o carro não se envolveu em nenhuma cena perigosa, a produção do filme decidiu usar um ‘Cuda 1970 vindo de uma coleção particular, modificado por Dave Salvaggio, dono da oficina americana Salvaggio Automotive Design.
Trata-se de um pro-touring com visual que homenageia o icônico ‘Cuda AAR, equipado com um V8 Hemi de 8,8 litros e 638 cv, acoplado a uma caixa manual Tremec de seis marchas com alavanca de fibra de carbono. A suspensão dianteira recebeu um sistema McPherson com amortecedores do tipo coilover enquanto a traseira ganhou um sistema independente da Jaguar.
Os instrumentos Autometer imitam o grafismo dos relógios originais, e os bancos vieram de um Dodge Viper. Por fora, a pintura preta reluzente é complementada pelas rodas Fikse com lip vermelho, calçadas com pneus Nitto de medidas 235/45 R17 na dianteira e 305/45 R18 na traseira.
Nissan GT-R BenSopra
Brian O’Conner começa o filme com um GT-R e termina com outro. Contudo, se o carro dos primeiros minutos é um Godzilla prata quase todo original, nas cenas finais de Fast & Furious 6 descobrimos que Paul Walker conseguiu algo bem mais nervoso.
Quanto? Digamos que o carro, que foi uma das grandes atrações do SEMA Show em 2011, recebeu um novo kit biturbo Switzer P800, que inclui novas turbinas, dois enormes intercoolers, novos injetores e coletor de admissão retrabalhado. O resultado, de acordo com a Switzer, é um salto para mais de 800 cv. A transmissão de seis marchas com dupla embreagem e o sistema de tração integral são, em essência, originais.
O que chama atenção de verdade no GT-R é o visual: o body kit da BenSobra inclui novos elementos aerodinâmicos, uma enorme asa traseira e uma nova dianteira, que se abre totalmente como nos carros de competição. A carroceria recebeu uma chamativa pintura azul metálico fosco – sim, aparentemente isto é possível.
O carro foi montado para competições de time attack, mas no filme ele basicamente só apareceu em cenas estáticas. Ainda bem, porque seria difícil substituí-lo…