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Car Culture

Os carros mais sensacionais da ficção científica – parte 1

Apesar de não parecer, os carros fazem muito sucesso em um gênero cinematográfico que você, talvez, ache que não tem nada a ver com carros: a ficção científica. Mais do que isto: se pararmos para pensar, a maioria dos carros bacanas do cinema e da TV estão em filmes e programas de ação e ficção científica. Tanto que, em alguns casos, eles acabam se tornando personagens — e é difícil pensar em outro objeto inanimado que assuma com tanta frequência esse papel nos longa-metragens.

Pensando nisso, selecionamos alguns dos carros que são ícones da ficção científica, ou sci-fi. Mas o que é, afinal, ficção científica? É preciso entender o conceito para entender esta lista.

Ficção científica é um gênero de ficção especulativa que incorpora conceitos imaginários como ciência e tecnologia do futuro, viagens pelo espaço-tempo, universos paralelos e vida alienígena. Isto inclui o modo como a ciência e a tecnologia podem afetar a vida do ser humano, seja individualmente ou como parte de uma sociedade – o que permite que histórias distópicas, que tratam de um futuro no qual a humanidade já entrou em colapso, sejam consideradas ficção científica.

Isto está bem explicado, certo? Prossigamos. A ficção científica, em muitas ocasiões, é um reflexo não apenas do modo como a sociedade enxerga o futuro e os elementos que farão parte de suas vidas, incluindo tendências tecnológicas e objetos do cotidiano, mas também um reflexo daquele momento na história. É como um recorte cultural: por mais que estejam lidando com cenários hipotéticos e especulação, as obras de ficção científica de uma determinada década mostram como era a sociedade naquela época.

Um exemplo clássico disso é “De Volta para o Futuro”. A trilogia que conta a história de Marty McFly e Doc Brown se metendo encrenca no passado (1955), no presente (1985) e o no futuro (2015) é um dos marcos culturais dos anos 1980. Quando McFly vai para 2015, o futuro é… mais ou menos igual a 1985, só que com mais luzes, botões, skates voadores e tênis que se amarravam sozinhos. Os carros ainda eram quadrados, as pessoas ainda ouviam rock and roll e usavam estampas de oncinha.

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É por isso que, encabeçando a lista e nos ajudando a entender como os carros e a ficção científica podem ficar tão ligados, temos o…

 

DeLorean DMC-12 em “De Volta para o Futuro” (Back to the Future, 1985)

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Este é, sem dúvida, o carro de ficção científica mais famoso do cinema. Equipado com um capacitor de fluxo e outras traquitanas, o esportivo oitentista com portas asa-de-gaivota e um motor V6 fraco demais na traseira tornava-se a coisa mais fantástica permitia que Doc e Marty fizessem o impossível. Era só ligar o capacitor de fluxo e acelerar até as 88 mph, ou 140 km/h, e torcer pelo melhor.

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Era um caminho árduo até lá com apenas 130 cv no motor de 2,6 litros. Quer dizer, 0-100 km/h levava 9,5 segundos e a velocidade máxima era de 197 km/h, mas estes números ficavam abaixo do que a fabricante divulgava (8 segundos e 209 km/h) e abaixo dos outros esportivos de sua categoria. Foi o que bastou para que a reputação do DeLorean DMC-12 enquanto esportivo não fosse das melhores. Claro, o ronco no filme era “dublado” por um muscle car, provavelmente um Camaro.

Problemas no controle de qualidade e garantia burocrática pioraram as coisas, levando John DeLorean a se meter em escândalos e ser obrigado a fechar a DeLorean Motor Company em 1982.

Três anos depois, em 1985, estreia “De Volta para o Futuro”. O filme é um sucesso imediato e, de repente, o DeLorean passa de esportivo fracassado a uma das coisas mais legais que existem no mundo: uma fucking máquina do tempo, cheia de tudo o que há de mais bacanudo na época (os botões colorodos, cabos, computadores com telas de CRT e coisas assim). John DeLorean chegou a enviar uma carta a Robert Zemeckis, agradecendo a ele por ter escolhido o DMC-12 para um papel tão importante no filme e eternizá-lo como um clássico.

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Deu para sacar a questão? “De Volta para o Futuro” não é um filme sobre carros, mas um carro é o elemento central e quase se torna um personagem. Se, enquanto carro, o DeLorean não se destacava, seu estrelato na ficção científica o colocou em milhões de listas de garagens dos sonhos que só existem na mente dos entusiastas. Ele é pauta de sites como o FlatOut, e nós o cultuamos tanto quanto vocês.

 

Lola T70 em “THX 1138” (1971)

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O primeiro filme escrito e dirigido por George Lucas, pai da saga Star Wars, é baseado em um projeto feito pelo diretor quando ainda estava na faculdade de cinema. THX 1138, de 1971, retrata uma sociedade distópica que vive no subterrâneo e tem suas ações fiscalizadas por androides sem rosto que fazem o papel da polícia. Todos usam uniformes, têm a cabeça raspada e são obrigados a tomar drogas que suprimem as emoções todos os dias – até mesmo o desejo sexual é reprimido e considerado um tabu.

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Aparentemente, porém, os androides queriam guardar o melhor para si: suas “viaturas” eram nada menos que o Lola T70, protótipo desenvolvido pela britânica Lola Cars em 1965 para corridas de longa duração na Europa. No mundo real, ele era movido por um V8 que podia ser Ford ou Chevrolet mas, no filme, o T70 era movido a turbina – na época, acreditava-se que as turbinas eram o futuro do automóvel.

Nos créditos do filme, dizia-se que os carros usados nas filmagens eram fabricados por uma companhia especializada em réplicas, chamada FiberFab. Na prática, ao menos um deles era um genuíno Lola T70, de chassi SL73/117, construído em 1967 e pilotado por James Garner (que também era ator). Quando o T70 se tornou obsoleto (em grande parte, por causa do Porsche 917 e do Ford GT40), o bólido foi vendido a George Lucas por um preço bem camarada.

Depois que o filme ficou pronto, o carro foi doado ao piloto John Ward como parte do pagamento por sua atuação como dublê.

George Lucas já disse que, como as gravações eram feitas em túneis à noite, o ronco dos motores era amplificado, proporcionando um espetáculo sonoro incrível para qualquer entusiasta. O problema é que, como o filme se passava no século 25 com carros a turbina, o berro dos carros foi substituído pelo som manipulado de um caça F-86 Sabre pousando.

THX 1138 foi considerado um filme “difícil” pela crítica na época do lançamento mas, com o sucesso da saga Star Wars a partir de 1977, o primeiro filme de George Lucas se transformou em um clássico cult.

 

Audi RSQ em “Eu, Robô” (I, Robot, 2004)

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O filme de ação futurista estrelado por Will Smith é ligeiramente baseado na obra do escritor russo Isaac Asimov, um dos nomes mais respeitados entre os autores de ficção científica em todos os tempos – o que, para falar a verdade, significa que o filme usa alguns conceitos como as Três Leis da Robótica e alguns nomes de personagens.

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O carro usado pelo detetive Del Spooner (Smith) ao longo do filme é o Audi RSQ, conceito criado pela fabricante alemã especialmente para “Eu, Robô” para mostrar como seria um Audi em 2035. O carro tinha funcionalidades muito parecidas com os carros semi-autônomos que estão em evidência atualmente, sendo capaz de se dirigir sozinho, porém possibilitando o controle por um ser humano quando solicitado. Ele também tinha um sistema multimídia por satélite, esferas no lugar das rodas e capacidade de flutuar.

 

Spinners em “Blade Runner, o Caçador de Androides” (Blade Runner, 1984)

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Dirigido por Ridley Scott e estrelado por Harrison Ford, Blade Runner é um clássico absoluto não apenas entre os filmes de ficção científica, aparecendo constantemente em listas de melhores filmes de todos os tempos. A fórmula é mesmo interessante: um filme policial que se passa em 2019, quando a humanidade criou robôs conhecidos como “Replicantes”, virtualmente idênticos a seres humanos, porém feitos para trabalho escravo em colônias espaciais. De tempos em tempos estes robôs fogem de seus campos de trabalho em direção à Terra, onde são perseguidos pelos caçadores de robôs – os blade runners. Ford é um deles.

Os carros de Blade Runner são chamados de “Spinners”, e são como uma mistura de automóvel, helicóptero e hovercraft: podem ser conduzidos como carros normais, com motores a gasolina; podem decolar verticalmente e como helicópteros, através da propulsão a jato; e flutuar a alguns centímetros do solo graças a seus sistemas anti-gravidade.

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Em tese, o uso dos Spinners é limitado às autoridades, mas quem tem dinheiro o bastante e bons contatos pode conseguir uma licença civil para conduzi-los.

 

K.I.T.T. em “A Super Máquina” (Knight Rider, 1982-1986)

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Falando em carros que também são personagens em obras de ficção científica, seria um pecado não citar o Knight Industries Two Thousand, ou simplesmente K.I.T.T. Mais que um carro (um Pontiac Trans-Am 1982, mais especificamente), o K.I.T.T. era um computador sobre rodas.

Melhor dizendo: o carro funcionava como um exoesqueleto para o sistema de interligência artificial da FLAG — equipado com dezenas de recursos dignos de James Bond, como a capacidade de dirigir sozinho, uma tela multimídia capaz de reproduzir vídeos, músicas e até os jogos de arcade mais populares da época (que Michael Knight algumas vezes jogava ao volante); e carroceria com blindagem pesada, capaz até de atravessar paredes de concreto. Personalidade ácida e humor sarcástico também contam como recursos? Pois ele também era assim.

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Visualmente, o carro tinha carroceria e rodas pretas, além da traseira modificada com um grande painel de acrílico preto translúcido sobre as lanternas traseiras. No capô, a faixa de luzes vermelhas era o scanner que agia como os “olhos” do KITT.

Já o interior recebeu um painel totalmente novo, cheio de luzes coloridas, mostradores digitais e botões. Quase todos eram meramente decorativos, mas davam um impacto visual muito grande (ainda mais na década de 1980, quando tudo que era digital estava na moda). A cena do Turbo Boost se tornou um clássico da televisão americana.

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David Hasselhoff interpretava Michael Long, policial que, depois de ser dado como morto em uma operação à paisana, é recrutado pela FLAG, recebe uma nova identidade e um novo rosto e passa a se chamar Michael Knight. A relação entre KITT e Knight entre uma missão e outra acabou se tornando um dos grandes diferenciais da série, que alavancou a carreira do então jovem David Hasselhoff.