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Os conceitos de páscoa da Jeep
Apesar de não ser uma tradição brasileira, nem voltada ao nosso mercado, você deve saber que todos os anos a Jeep lança uma série de conceitos para celebrar seu Jeep Safari, realizado nesta época do ano. Neste ano, foram sete conceitos — seis deles baseados no Wrangler e um deles no Grand Cherokee.
O primeiro, e mais destacado pela fabricante pela imprensa, é o Wrangler Magneto 2.0. Ele tem nome de super-herói e parece ter um motor de dois litros, mas, na verdade o 2.0 indica que ele é a versão atualizada do Magneto de 2021 — parece que a “gadgetização” também vem na forma de nomenclatura.
O Magneto original foi o primeiro Wrangler totalmente elétrico feito pela Jeep, e este leva o conceito um passo à frente. O motor elétrico produz nada menos que 460 kW/625 cv e insanos 117,3 kgfm de torque enquanto toma o suco ácido das baterias de íons de lítio de 70 kWh. Com tanta potência e torque, adivinhe quem cedeu a trannsmissão para ele?
Sim, o Hellcat. Mas não é o automático de oito marchas, e sim uma caixa manual de seis marchas, que permite ao Wrangler elétrico ir de zero a 100 km/h em apenas 2 segundos (oi, Elon Musk. Tudo bem?) o que também faz dele o Wrangler mais rápido da história — se considerarmos os conceitos, claro. A tração é 4×4 seletiva, e usa diferenciais Dynatrac 60 Pro-Rock na dianteira e Dynatrack 80 na traseira, com semi-árvores fora-de-série, feitas exclusivamente para este conceito. Os pneus têm 40 polegadas o que o ajuda não apenas a arrancar mais rapidamente, mas também a superar obstáculos inacreditáveis, já que sua suspensão foi elevada em 76 mm.
O segundo conceito é o Grand Cherokee Trailhawk 4xe. A essa altura de 2022 você já deve saber que o bem-sacado nome 4xe indica os modelos da Jeep que usam o eixo traseiro eletrificado como parte do conjunto híbrido (o nome 4xe indica, de forma subliminar, até mesmo onde está o motor elétrico; é brilhante).
Como é um conceito off-roader, ele é baseado na versão Trailhawk, e ganhou rodas de 20 polegadas calçadas em pneus BF Goodrich de 33 polegadas, pintura mais espessa, teto preto com rack e interior exclusivo.
Em seguida vem o Jeep 41 Concept. Seu nome já diz tudo: ele foi inspirado no Jeep Willys 1941, com direito à pintura verde oliva fosca e o teto de lona bege dos modelos usados pelo exército dos EUA na Segunda Guerra.
O powertrain é o híbrido da versão 4xe, as rodas Fifteen52 de 17 polegadas são calçadas em pneus lameiros de 35 polegadas e a suspensão é elevada em 50 mm. O visual militar é completado pelas meias-portas, sem arcos nem vidros.
Não pense que todos os conceitos serão elétricos ou híbridos. A Jeep certamente está um tanto contrariada em colocar baterias, alta corrente e alta tensão em um carro que pode ser mergulhado na vau de um rio, mas você sabe: temos uma função social a cumprir, todos nós.
Por isso, a Jeep também tem que agradar a turma que não quer um Jeep híbrido e para isso está aqui o Wrangler Rubicon 20th Anniversary. Os fãs do Wrangler certamente conhecem o Wrangler Rubicon original, lançado em 2002, há 20 anos (sinta-se velho, meu jovem).
Ele tem o motor V8 de 6,4 litros do lado norte-americano da Stellantis (a Chrysler, lembra?) e é pintado de cinza “Granite Crystal” combinando com o interior vermelho. As rodas têm 17 polegadas de diâmetro e os pneus medem 37 polegadas. A suspensão também é elevada em 50 mm e há placas de proteção no chassi.
Esse é outro modelo que tem um nome muito apropriado. Aliás, vale gastar umas linhas para elogiar o senso de propósito do pessoal da Jeep, que compreende como poucos a essência de sua própria marca e trabalha ativamente para reforçá-la. Rubicon é o nome inglês do Rubicone (ou Rubicão, em português), um rio no norte da Itália que representava a fronteira entre a Gália Cisalpina e a Itália.
No ano 49 AC, Julio César liderou a Legio XIII Gemina a caminho de Roma em sua tomada do poder, desafiando o Senado Romano ao adentrar a Itália armado, dando início à Guerra Civil que terminou com a criação do Império Romano. Como o Rubicão era o limite e César simplesmente atravessou esse limite, a expressão “Cruzar o Rubicão” tem duplo significado: o primeiro é, diante de um dilema, tomar uma decisão tão arriscada quanto irreversível — César, ao cruzar o Rubicão, teria que guerrear e sair da guerra como líder de Roma ou como um rebelde morto.
O segundo, que é a forma usada pela Jeep, é tomar uma decisão arriscada com confiança em si e nos seus recursos — que foi o que César fez: com sua melhor e mais fiel legião, ele tomou o poder de Roma e unificou o Império. O conceito expresso pelo nome Rubicon no Jeep, portanto, é esse de atravessar os obstáculos e desafios off-road com um carro confiável e competente. É um excelente nome, muito adequado ao produto como um todo (como automóvel e como símbolo sócio-cultural).
Deixando a National Leographic de lado e voltando ao FlatOut, temos o Jeep Bob, que não se chama oficialmente Robert (depois de Rubicão, você não esperava o Jipe Beto, né?). Bob vem do termo “bobbing”, que é o encurtamento do balanço traseiro pare se obter um melhor ângulo de saída. E foi isso o que a Jeep fez com a Gladiator: arrancou um pedaço da traseira, deixando o eixo praticamente exposto por baixo do para-choques.
Além disso, ele ainda ganhou rodas de 20 polegadas com pneus de 40 polegadas, teto de lona laranja, rack de metal no que sobrou da caçamba, motor V6 diesel de três litros, diferenciais Dynatrack Pro-Rock 60 e suspensão com lift de 3 polegadas (76 mm), molas King Coils e amortecedores Bypass.
O carro seguinte é um catálogo ambulante: o Jeep Gladiator Performance Parts D-Coder. Tudo o que você vê pintado de vermelho “Maraschino Red” é parte do catálogo Jeep Performance Parts da Mopar. São 35 componentes vendidos pela fabricante para quem quer otimizar sua Gladiator para o off-road.
D-coder, se você ler em voz alta e perceber, é uma corruptela de “decoder”, ou decodificador. Cada peça tem um QR code para ser lido pelos clientes interessados naquele componente. E pensar que até alguns anos atrás a gente ainda apostava no formato de Salão do Automóvel, com os carros parados em uma plataforma ao lado de uma mulher bonita.
Por último, mais um Jeep “Performance Parts”, agora com um powertrain híbrido novamente: o Wrangler Performance Parts Birdcage, assim batizado por não ter vidros entre sua gaiola de proteção (birdcage é gaiola em inglês, caso você não saiba/lembre).
Neste aqui, a pintura é marrom e os destaques são azuis, em referência à identidade dos híbridos 4xe, mas as cores não identificam as peças do catálogo — ele é apenas um exemplo do que você pode fazer com elas.
Não poderia encerrar de outra forma se não perguntando a vocês: qual seu favorito? (Leo Contesini)
Acredite: a Bugatti está fazendo recall de um único Chiron
Imagine que você é um cara que tem 84 carros, três jatos e um iate. Que tem algumas casas, alguns sócios, uma família numerosa e vários lugares paradisíacos para curtir com ela. E, de repente, seu telefone pessoal toca. É o pessoal da Bugatti. Você está sendo chamado porque há um problema com um de seus carros, um dos mais caros e mais recentes da sua coleção de 84 carros, o Chiron.
Durante a ligação obsequiosa de Molsheim, você é obsequiosamente informado que seu exclusivíssimo carro precisa de um reparo. Quão desagradável, não?
Pois é isso o que deve estar acontecendo com o proprietário de um Chiron 2018. O NHTSA (a agência de segurança viária dos EUA) recebeu o registro de um recall deste Bugatti Chiron em 28 de março, no qual um mísero parafuso pode afetar a funcionalidade de um sistema de segurança do carro. O documento diz o seguinte: “Durante um processo interno de verificação sobre o sistema dos torquímetros, foi identificado que um parafuso que pode ser relevante para a segurança recebeu aplicação de torque inferior à faixa especificada”.
Resumindo: alguém não apertou um parafuso direito em um único carro.
O que impressiona nessa história é que a Bugatti realmente verifica integramente cada exemplar que deixa sua fábrica em Molsheim, na França. Eles têm não apenas o registro completo de como aquele carro foi montado, mas também o rastreio do equipamento usado para determinado carro. Veja o nível de detalhes:
“Um dos dois parafusos que prendem o suporte do subchassi dianteiro recebeu 50% do torque previsto (9NM em vez de 19NM)”
O que impressiona mesmo é como eles descobriram isso agora, três anos depois da entrega do carro, mas deixaram passar na hora da entrega?
O que sabemos é que, certamente, o proprietário do carro não será incomodado. A Bugatti muito provavelmente irá retirar o veículo na coleção do magnata, levá-lo até a França, apertar o parafuso corretamente, levar o veículo de volta à coleção do magnata e entregar um pedido de desculpas formal, individual, de forma discreta como são os procedimentos de relacionamento com o cliente nesse tipo de segmento.
E também sabemos que esta é uma boa amostra do que um parafuso solto pode causar em casos extremos. Parece que alguém na Bugatti nunca ouviu aquela história de verificar os parafusos antes de encerrar o trabalho. (Leo Contesini)
MST Mk1: um Escort de rali revivido
Prestem atenção, pois vamos falar de algo muito especial aqui. O que vocês estão vendo não é um Ford Escort RS “dogbone”, de primeira geração. Não é. Chama-se MST Mk1. É um carro novo, zero km, emplacado na Inglaterra desta forma. Não, não usa o número de chassi de um Escort. É NOVO.
A história é a seguinte: a MST restaurava e cuidava de Escorts de rali antigos; fazia peças de reposição, e criou uma rede de pequenos fornecedores para manter e modificar os carros. Em certo ponto, descobriu que poderia fazer um carro inteiro do zero, com essas peças de reposição. Começou com o Mk2, em especificação de competição de rali, ou “fast road car”. Agora, é a hora de fazer o icônico “dogbone”.
O carro pode não ser um Escort em nome, mas é mais que apenas seu espírito. Carroceria tem os paralamas alargados do carro de rali, mas usa tamanho de roda de época: lindíssimas Minilites douradas 13×8, com pneus semi-slick. O motor é um derivado novo e moderno do motor do RS, o Corworth BDA; aqui com dois litros, injeção eletrônica de 4 borboletas individuais, 9000 rpm e 260 hp. A suspensão é McPherson na frente e eixo rígido 5-link atrás, como o original, mas ajustável e em especificação de corrida. Junte tudo isso em um carro que pesa menos de 1 tonelada, e se tem algo simplesmente sensacional.
E era um carro barato para os ingleses: um carro despretensioso que todo mundo teve em algum ponto da vida. Um Gol/Fusca/Uno/Chevette inglês; no vídeo da Autocar inglesa, o narrador conta que todo mundo acena, sorri, fica feliz com sua passagem. O dono de um carro desses, afinal de contas, para o povo lá fora, é um entusiasta; não um exibicionista com dinheiro, num Ferrari ou McLaren. E vamos falar a verdade: nenhuma McLarem é tão sensacionalmente visceral como este fugitivo dos estágios especiais de floresta dos anos 1970. Provavelmente nada é.
Preço? Ao redor de 85 mil libras esterlinas, e uma espera de no mínimo seis meses. Mas é só dinheiro; certamente o prazer durará muito tempo depois que o preço tiver sido esquecido. (MAO)
Overlanding em estilo: com Rolls-Royce
Qualquer pessoa que já tenha acampado na vida sabe que, por melhor que seja a experiência, ela nunca é algo confortável. Luxo é o anátema aqui; a idéia é justamente tirar os luxos da vida moderna da gente, para que possamos nos conectar com a natureza e aprender a sobreviver em ambiente inóspito. Sobrevivência é o contrário absoluto do luxo.
Mas parece que ninguém contou isso para a um cliente árabe da empresa de modificação alemã Delta4x4. À pedido deste cliente, a empresa criou um carro para acampamento no estilo overlanding a partir de, rufem os tambores: um Rolls-Royce.
O Rolls em questão é o Cunilingus Cullinan, claro, uma base marginalmente mais apropriada para o projeto. O carro recebeu uma barra de proteção tubular de para-choque com um total de seis faróis montados nele. Os para-lamas dianteiros modificados permitem um snorkel bem integrado que coloca o ponto de admissão de ar logo acima do teto.
Um rack de teto tem mais quatro lâmpadas auxiliares e carrega equipamentos úteis como placas de recuperação, uma pá e latas de combustível. Há também uma barraca lá em cima, para que você possa desfrutar de uma noite dormindo no teto de seu Rolls feito um TE Lawrence atrasado 100 anos. Por baixo, há uma variedade de placas de proteção para proteger os componentes mecânicos vitais.
A Delta4X4 levantou a suspensão em 80mm por € 15.000. Com rodas de 20 polegadas e pneus off-road Mickey Thompson de 33 polegadas e pára-lamas alargados para encaixar eles, mais 30 mil Euros. Com todas essas peças, fica cerca de 150 milímetros mais alto. Fazendo as contas, são módicos 1500 reais por milímetro a mais de altura. A conversão completa custa €150,000 num carro de €300,000.
Não há menção de como são as inevitáveis acomodações de mordomo e criadagem na tenda, porém; quando descobrirmos voltamos a reportar sobre o assunto. (MAO)
Mercedes-Maybach S680 By Virgil Abloh homenageia designer
Virgil Abloh. Americano, arquiteto de formação, designer por opção e polímata por vocação, mais conhecido pelo seu trabalho na Luis Vuitton, que morreu de câncer em 2021. Antes de morrer, trabalhou com a Mercedes-Benz em um classe S especial, que agora é lançado. Em série limitada, claro.
Produzido em apenas 150 unidades, o Mercedes-Maybach S680 By Virgil Abloh é um carro exclusivo em areia e preto-obsidiano por dentro e por fora. O sistema de infotainment usa uma versão ainda mais luxuosa da tela multifunção MBUX da Mercedes. Por exemplo, o botão home tem uma borda colorida para combinar com o resto do veículo.
Os clientes que encomendarem a edição especial também receberão uma caixa de madeira revestida em couro Nappa cor de areia com os logotipos da marca e Abloh. Ele contém uma réplica do carro em escala 1/18, duas chaves do carro com um chaveiro-mosquetão e uma capa projetada especificamente para o carro também será oferecida ao proprietário.
Para quem realmente quer experimentar toda a gama em que Mercedes e Abloh trabalharam, há também uma “coleção cápsula”, feita em parceria com a empresa do designer, a Off White. Ela é composta por camisetas de algodão cor de areia, moletons de lã de algodão, bonés de beisebol de lona, e luvas feitas de lona, neoprene e camurça. (MAO)
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