Normalmente as coisas que a gente curtia quando era criança parecem muito melhores na memória do que na vida real. Isto talvez seja verdade também para os jogos de corrida, mas não estamos nem aí: a gente adora relembrar os games que jogávamos antigamente, nos anos 1980, 1990 e 2000.
O que hoje em dia são carros 3D meio pixelados e cenários cheios de linhas retas e texturas deformadas, um dia foi o ápice da evolução do entretenimento virtual. E alguns destes games envelheceram muito bem, devemos admitir.
Foi por isto que perguntamos a nossos estimados e nostálgicos leitores quais eram melhores games de corrida da era 3D dos consoles domésticos, dando como sugestão o seminal Gran Turismo 2. A primeira parte da lista com as respostas de vocês pode ser conferida aqui. A segunda, vamos conhecer agora!
Crash Team Racing, 1999
Sugerido por: Igor Fernandes
O “Mario Kart” para PlayStation, Crash Team Racing foi o spin-off de corrida com Crash Bandicoot, o marsupial saltitante, rodopiante e meio doido da franquia de plataforma homônima (embora Crash jamais tenha atingido o mesmo status de mascote do PlayStation como Mario fez com os consoles da Nintendo.
Não somos nós que estamos dizendo, e nem o senso comum: é fato que a Naughty Dog, desenvolvedora de Crash Team Racing, se inspirou em Mario Kart e também Diddy Kong Racing para criar o jogo. Tudo está lá: personagens carismáticos, cenários coloridos, uma boa variedade de pistas (17 no total) e um modo multiplayer que, de fato é a alma do jogo, com suporte para até quatro jogadores no modo multiplayer usando o adaptador MultiTap, acessório que permitia que e conectasse quatro unidades do controle do PS1 em uma única porta. Outro detalhe que parece besta, mas fazia bastante diferença naquele tempo: o game todo é em 3D poligonal, sem recorrer a sprites 2D como fazia Mario Kart.
Sega Rally Championship 1995, 1995 (ah, jura?)
Sugerido por: Antonio Manoel
Originalmente lançado para arcades em 1994, Sega Rally Championship foi portado para o Sega Saturn no ano seguinte. O sucessor do Mega Drive não conseguiu emplacar tantos hits quanto o PlayStation e o N64, mas isto não impede Sega Rally Championship de figurar em diversas listas de “melhor game de corrida de todos os tempos”.
Isto se deve ao principal diferencial do game na época: a possibilidade de pilotar sobre diferentes tipos de piso (asfalto, terra e lama) e de fato sentir o comportamento do carro mudando de acordo com cada um deles. Não havia precedentes para isto na época, e o port para Saturn conservou tal características. Apesar da quantidade pequena de circuitos e carros (três de cada, sendo os carros o Lancia Delta HF Integrale, o Toyota Celica GT-Four e Lancia Stratos HF, a excelente jogabilidade e os gráficos bonitos para a época ajudaram Sega Rally Championship
Need for Speed 3: Hot Pursuit, 1998
Sugerido por: Fabio Augusto
É realmente difícil escolher um título da franquia Need for Speed para esta lista, mas compreendemos por que Hot Pursuit foi um dos mais citados. O título de 1998 foi o que introduziu as perseguições policiais a Need For Speed – afinal, depois de dois games disputando corridas com superesportivos em rodovias, a polícia acabaria aparecendo.
Foi NFS3, portanto, que inaugurou o formato clássico de um Need for Speed. Mas não é só isto: os gráficos também faziam bonito, a trilha sonora com composições próprias era muito boa e a seleção de carros trazia o melhor que havia na época: Lamborghini Diablo, Mercedes-Benz CLK GTR, Ferrari 550 Maranello, Ferrari F355, Lister Storm e, claro, o El Niño que parecia uma mistura de Mercedes-Benz 300SL e Chevrolet Corvette imaginada para os anos 2000.
Ridge Racer Type 4, 1998
Sugerido por: Bruno Azevedo
Ridge Racer recebe mais tanta atenção quanto antigamente mas, em sua época, era um dos melhores arcades do mercado. Com carros próprios (e bem desenhados), graficos bastante detalhados, circuitos com layout bastante criativo e um interessante modo história que te permitia escolher uma entre quatro equipes, R4: Ridge Racer Type 4 tornou-se o maior sucesso da franquia.
É claro que a abertura cinematográfica com a mascote Reiko Nagase também faz sua parte, mas não é só isto. Apesar de ser um arcade, R4 deu a cada carro seu comportamento dinâmico distinto e conseguiu criar um interessante sistema de evolução no jogo: nas primeiras corridas, você não precisa vencer para progredir, e os carros novos que você libera dependem do seu resultado – sendo assim, caso você tivesse concluído o campeonato sem vencer toda as corridas, poderia tentar de novo para se sair melhor e liberar mais conteúdo.
Também vale lembrar que Ridge Racer Type 4 vinha acompanhado, em uma edição especial, do controle JogCon. O joystick desenvolvido pela Namco tinha uma espécie de “volante” para o polegar, que ocupava a área destinada às alavancas analógicas em um controle de PlayStation comum, e foi o primeiro sistema com force feedback disponível para o console.
Cruis’n USA, 1998
Sugerido por: Guzz White
O barato de jogar ports de arcade para consoles era não precisar de fichas para prosseguir. Com isto, era possível curtir a viagem com Cruis’n USA, que acontecia em circuitos inspirados nas principais estradas americanas. Não havia muita novidade: o objetivo principal, como na maioria dos arcades da época, não era simplesmente vencer a corrida: era preciso dirigir rápido o bastante para atravessar os checkpoints antes que o tempo acabasse.
Eram 15 pistas diferentes, e sete carros para escolher. Eles não eram licenciados e nem tinham seus nomes verdadeiros, mas eram a Ferrari Testarossa, o Eagle Talon, o Chevrolet Corvette C2, o Ford V-8 Deluxe, o Jeep Wrangler e um ônibus escolar GMC. E era possível trocar a música de fundo durante a corrida.
San Francisco Rush: Extreme Racing, 1996
Sugerido por: Thiago Marques
A série San Francisco Rush é outro exemplo de “menos é mais”: você disputava corridas ilegais em pistas na cidade e na estrada, com o diferencial de que os trajetos traziam obstáculos e rampas que te deixavam saltar por cima de prédios. Os gráficos no port para Nintendo 64 eram melhores que na versão para PlayStation (que sofria com muitas telas de loading extremamente demoradas, algo que me causou bastante irritação quando era moleque), mas a jogabilidade de ambas as versões era bastante fiel aos arcades.
A versão para o N64 ainda incluía um modo de treinamento e um modo chamado Death Race, no qual a corrida acabava repentinamente caso você batesse o carro. E era muito fácil bater o carro em Rush, pois os carros praticamente não tinham aderência. Isto não é uma crítica: a maneira como os carros se comportavam combinava com a proposta radical do jogo.
Colin McRae Rally 2.0, 2000
Sugerido por: Renato Abreu
O clássico dos ralis dispensa apresentações de nossa parte, certo? Colin McRae, que cedeu os direitos de uso sobre seu nome para a Codemasters, é parte da razão para que o FlatOut tenha este nome. E o jogo é dos melhores, também. Com uma boa seleção de carros licenciados – Mini Cooper, Ford Focus, Impreza WRX STI, Lancer Evolution, Peugeot 205 T16 e outras lendas do rali –, gráficos excelentes (os PlayStation já tinha sua capacidade gráfica e de processamento bem conhecida por parte das desenvolvedoras) e uma jogabilidade bastante precisa e divertida, não havia como ser diferente.
Os circuitos eram baseados em etapas reais do Campeonato Mundial de Rali, e cada um deles exigia uma estratégia diferente de pilotagem. E cada carro se comportava de maneira totalmente diferente, fazendo com que você acabasse desenvolvendo diferentes técnicas para dominar as manhas de cada um deles. Complete o pacote com uma AI muito bem desenvolvida (os adversários eram bons pilotos, mas nunca invencíveis ou idiotas demais), menus agradáveis e alto fator replay, e o que você tem é a receita para um clássico.