Na última semana a Mercedes-Benz apresentou o novo pace car (ou safety car) que será usado na Fórmula 1 a partir de 2015: o Mercedes-AMG GT que, além de substituir o SLS AMG nas ruas como o novo supercarro da Mercedes, também o substituirá nas pistas, liderando o pelotão de monopostos sempre que as condições da corrida exigirem.
O Mercedes-AMG GT é um belo carro, equipado com um V8 biturbo de quatro litros que, com 510 cv no modelo AMG GT S (e acoplado a uma caixa de dupla embreagem e sete marchas), é capaz de levá-lo aos 100 km/h em apenas 3,8 segundos, com máxima de 310 km/h. Assim, ficamos inspirados e decidimos selecionar alguns dos pace cars mais legais já empregados no automobilismo nesta lista, que você confere a partir de agora!
Chevrolet XT-2
Nem todo carro conceito está destinado a passar a vida trancafiado em um depósito ou ser destruído (algo que é assustadoramente comum): alguns têm a sorte de serem totalmente funcionais e até serem guiados bem rápido. É o caso do Chevrolet XT-2, uma espécie de “El Camino do futuro” apresentada em 1989 para ajudar a Chevrolet a mostrar que os motores estrangulados que eram a norma do mercado americano desde os anos 70 eram parte do passado.
O XT-2, com linhas suaves e arredondadas e perfil em forma de gota, era movido por um V6 de 4,5 litros que, equipado com um sistema de injeção eletrônica, entregava respeitáveis 365 cv. Acoplado a uma caixa manual de seis marchas, o motor era capaz de levar o carro aos 100 km/h em seis segundos. Contudo, apesar de ter sido o pace car oficial da Indy em 1989, o XT-2 jamais serviu como base para um modelo de produção.
Tumbler
Em 2005 o diretor Christopher Nolan lançou o primeiro filme de sua trilogia do Homem Morcego, Batman Begins, estrelando Christian Bale. Foi um reboot muito bem vindo para o Cavaleiro das Trevas, cuja última vez no cinema — com a terrível, porém clássica trilogia de Tim Burton nos anos 90 — não lembrada com muito carinho pelos fãs.
Mas foi também a primeira vez que uma corrida da Nascar foi patrocinada por um filme de Hollywood — a “Batman Begins 400”, que foi disputada no autódromo do Michigan em junho de 2005. Quem venceu foi Greg Biffle, ao volante de um Ford Taurus da Roush Racing, mas isto não importa: o que importa é que o pace car honorário da corrida foi o Tumbler, o Batmóvel mais insano já usado pelo herói. Depois de uma volta de apresentação, o Tumbler deu lugar ao pace car oficial: uma bem mais sem graça Chevrolet SSR.
Dodge Viper
Que melhor maneira de apresentar ao mundo seu mais novo supercarro do que colocá-lo para liderar um pelotão de monopostos de corrida? Foi exatamente isto o que a Dodge fez para revelar o Viper, levando duas unidades de pré-produção para desempenharem o papel de pace cars na Indy 500 em 1991. A produção em série do Viper, cujos primeiros protótipos datam de 1999, começou em 1992.
Como se não bastasse o fator cool de estrear um carro com motor V10 de oito litros e 408 cv, câmbio manual, tração traseira e nenhuma assistência numa das corridas mais importantes dos EUA, um dos carros foi pilotado por ninguém menos que Carroll Shelby, cuja filosofia de “carro pequeno, motor grande” usada no clássico Shelby Cobra inspirou a Dodge a criar o Viper, que se tornou um dos maiores símbolos do jeito americano de fazer supercarros.
Lamborghini Countach
Atravessando o Atlântico e voltando um pouco no tempo, chegamos ao GP de Mônaco no início dos anos 80. Mais precisamente, em 1981, 1982 e 1983, quando a Lamborghini colocou o Countach para ser o pace car. À época, o touro estava em seu auge — apesar de ter sido lançado em 1974, o Countach era, ao lado da Testarossa, a cara dos anos 80 com sua formas retilíneas e exageradas e seu potente e sonoro V12 aspirado.
Assim, aparecer na Fórmula 1 com não um, mas pelo menos quatro carros — um branco, um amarelo e dois vermelhos — era uma bela forma de conseguir publicidade. Não temos absolutamente nada contra isto.
Lamborghini Marzal
O que é mais legal que um supercarro como pace car? O conceito de um supercarro como pace car. Antes do Countach, a Lamborghini levou para o GP de Monaco de 1971 o conceito Marzal. Projetado por Bertone, o Marzal era um excêntrico superesportivo de motor central-traseiro com portas asa-de-gaivota feitas de vidro e hexágonos espalhados por todos os cantos, além de um seis-em-linha de dois litros atrás dos bancos dianteiros.
A aparição em Monaco, com a princesa Grace Kelly e seu marido, o Príncipie Rainier III, ao volante, era uma forma de gerar publicidade para a marca. O Marzal foi apresentado em 1967 e estava cotado para ser o novo grand tourer da Lamborghini, o que acabou não acontecendo pois Ferruccio Lamborghini vetou projeto. Dizem que foi por preocupação com a privacidade dos ocupantes com uma área envidraçada tão grande, mas não se sabe se isto é verdade. O que se sabe é que o design do Marzal acabou inspirando o Lamborghini Espada, lançado em 1968, ainda que este tivesse um V12 de quatro litros na dianteira.
Renault 5 Turbo
O que um hatch europeu fazia como pace car na Indy? Aconteceu quando a AMC — companhia americana que, nos anos 60 e 70, concorreu com as grandes de Detroit — teve a oportunidade de fornecer o Pace Car da Fórmula Indy, em 1982. Dick Teague, principal designer da AMC e criador de modelos icônicos como o Pacer e o Gremlin, foi escolhido para desenhar o carro, e a única condição era que “ele se divertisse, porém sem acabar com a essência do Renault 5 Turbo, que foi escolhido pela AMC como ponto de partida.
Por que o Renault 5 Turbo? Porque a Renault era uma das principais investidoras da AMC, que até já havia vendido o Renault 5 sob licença nos anos 70, batizado como “Le Car”, para concorrer com compactos como o VW Golf e o Honda Civic. Para agradar os patrões, a AMC escolheu o R5 Turbo, que tinha muito mais apelo que qualquer outra versão.
Dick Teague não mudou muitas coisa: ele rebaixou teto, modificou o desenho das lanternas traseiras e instalou um par de portas asa-de-gaivota que, vejam só, usava componentes do DeLoran DMC12. Depois de se aposentar, o pace car foi vendido para um colecionador particular, que o restaurou completamente.
Chevrolet Corvette C3
Lançado em 1967, o Corvette de terceira geração já era um veterano quando foi escolhido o pace car oficial da Indy 500 em 1978. Ainda assim, causou uma bela impressão — seu desempenho o colocava entre os melhores esportivos americanos e suas linhas ainda eram bastante atraentes — ainda mais com a pintura bicolor preta e prata, inspirada pelo conceito Mako Shark II que, projetado 13 anos antes por Larry Shinoda, foi a base para o visual do Corvette C3.
Na verdade o Corvette pace car ficou tão popular que a Chevrolet decidiu criar uma série limitada de réplicas e distribuir uma unidade a cada uma de suas 6.502 concessionárias nos EUA, ou um total de 15% da produção naquele ano. Hoje, os carros são valiosos itens de colecionador.
Dodge M4S Turbo
Em 1981 a fabricante de tintas PPG Industries, que era fornecedora da maioria das fabricantes automotivas americanas e a maior patrocinadora da Indy Car, encomendou à Chrysler um conceito para se tornar o pace car da Indy 500. O carro, projetado por Bob Ackerman tinha visual futurista, com dianteira curta, traseira longa e perfil em gota; e um motor central-traseiro de quatro cilindros e 2,2 litros que, com cabeçote Cosworth e dois turbocompressores Garrett T25, entregava nada menos que 446 cv e chegava aos 100 km/h em 4,1 segundos.
Depois de se aposentar da Indy, o M4S foi modificado para aparecer em um filme de 1986 chamado The Wraith, que conta a história de um jovem piloto de arrancada que é assassinado e volta do mundo dos mortos ao volante de um carro misterioso (sim, o Dodge M4S) para vingar-se dos criminosos.
Quatro protótipos foram feitos, e o M4S foi usado como pace car na Fórmula Indy em 1982 e 1983. Um deles está na sede da PPG, o outro no Museu da Chrysler, outro em uma coleção particular e o último está desaparecido.
Agora, certamente você conhece outros pace cars incríveis usados ao longo da história. Como sempre, a caixa de comentários é toda sua!