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Project Cars Project Cars #11

Outlaw: a história do Celta de arrancada de Gustavo Herdt

Tenho paixão por motores e por máquinas que vão aos limites desde as minhas lembranças mais distantes.  A necessidade de conhecer o limite – e de sempre buscar ultrapassá-lo – me levou a participar de provas de arrancada na minha região, o sul de Santa Catarina, e até mais longe, no Rio Grande do Sul. No início, qualquer lugar era bom, podia ser areia de praia, terra… o importante era chegar na frente do adversário e curtir a vitória! Sou Gustavo Herdt, 27 anos, de Criciúma (SC).

Nessa época, meu carro de uso diário era um Peugeot 206 1.6 16v. Viajava com frequência a trabalho para Porto Alegre, e por lá acabei participando do Open do Velopark e do Racha Tarumã. Estas viagens abriram uma nova perspectiva – daí pra frente, o 206 começou a abandonar sua personalidade pacata. Injeção programável Fueltech, novos comandos importados da França, coletor de escape dimensionado, pneus Toyo R888 e a alegria engarrafada – nitro.

Tive muitas alegrias com este carro. Ganhei muitas puxadas, perdi outras tantas e o divertido era fazer adversários que se julgavam mais fortes conhecer a traseira do 206. Foi com ele que comecei, de fato, a me familiarizar com o que é vencer, independentemente do adversário que estivesse ao lado. E isto se encaixa em todas as situações profissionais ou pessoais. Procurar soluções viáveis para evoluir. E para darmos um passo maior à frente, às vezes é necessário primeiro dar um para trás. Vendi o Peugeot e tive de congelar minhas aspirações por um tempo, ficando sem carro para acelerar.

Neste momento, as circunstâncias começaram a mudar: recebi a notícia que iria ser construída uma pista de arrancada de 201 m (1/8 de milha), de concreto, a poucos quilômetros de casa…um sonho! Sou administrador de profissão e senti que deveria dar uma contribuição para que a pista fosse um sucesso e tivesse a viabilidade econômica para prosperar em direção ao futuro.

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Com o conhecimento que adquiri trabalhando para fazer provas de arrancada e também observando um outro tipo de prova realizada no RS, que vinha se destacando por ser extremamente competitiva e ter público realmente aficionado, juntei tudo: a vontade de correr, a possibilidade de empreender na construção de um carro e uma equipe. E assim surgiu o novo projeto: o Celta Outlaw.

Por que Outlaw? É simples: o movimento Outlaw no RS tem provas livres em termos de restrições de preparação para os carros. Praticamente qualquer um pode se inscrever e correr com o que levar para a pista. Não há limitações para carros no estilo “door slamer” (com portas funcionais) e cada um pode levar sua criatividade ao máximo para tentar vencer. Na Outlaw 250, são abertas 150 vagas – na última edição se esgotaram em 24h – e apenas 30 se classificam para as finais.

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O Celta é um carro popular brasileiro. Eu queria um carro deste tipo – além de já ter um na garagem, poderia colocar o motor GM Família 2 16v (o popular Ecotec) com um câmbio Getrag F23 (do Vectra e Astra). Um conjunto robusto, de onde pode-se extrair potências acima de 1.000 cv com custo aceitável. É só fazer as contas e seguir ao pé da letra o mantra das corridas desde os primórdios nos grandes lagos secos – “o peso é o inimigo”. Um Celta, que é leve, com um motor bem grande. Alegria garantida.

Contudo, um projeto como este, com os objetivos que queremos, consome muito tempo. Como administrador, sei da necessidade de manter o foco quando se inicia um projeto. Ficou difícil de conciliar o trabalho, projeto Celta e ainda ajudar na administração da pista. Fiquei com a possibilidade de competir e mantive o foco no Celta e no trabalho.

Aprender a fazer essa engrenagem andar, fazer a transição de um carro de rua para um carro de corrida com todas as mudanças que ele necessita, não tem sido um processo simples. Às vezes dá uma euforia contagiante. Em outras vezes, muita frustração. Já avançamos um bom pedaço e o carro promete bastante. O motor X22XEV 16v já esta no Chevrolet, a transmissão também e agora estamos providenciando um reforço para os semieixos, trocando as barras maciças por tubos de aço (mais leves e mais fortes) e cuidando de outros detalhes que contaremos nos próximos posts.

A meta para 2014 é estar com ele pronto e com acerto básico para algo em torno de 400 a 500 cv dois meses antes da Outlaw 250, que será em novembro. Para mim, será uma grande experiência acelerar um carro com esta potência e peso reduzido – e eu e minha equipe transmitiremos toda esta experiência aos leitores do FlatOut, que também poderão nos acompanhar pela página do projeto.

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Por Gustavo Herdt, Project Cars #11

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