Neste Dia dos Pais, havia muitas formas de homenagear os caras que nos ensinaram a gostar de carros, mas a melhor que encontramos foi falar das dinastias de pilotos. Ainda que pais e filhos corredores quase nunca tenham dividido as pistas, pelo menos na mesma categoria, o amor pelo automobilismo mostra ser contagioso. Como é o gosto pelos automóveis.
Conheça abaixo as melhores histórias de pais e filhos com talento para as corridas:
Nelson Piquet, Geraldo, Nelsinho e Pedro
Dizem que, quando nasceu seu primeiro filho, Piquet, o piloto mais “zuêro” da história, não pensou duas vezes:teria dado ao menino, nascido em 1977, o nome Geraldo (o mesmo nome de seu irmão mais velho) só para poder chamá-lo de GP. Iniciado no automobilismo aos 11 anos, o primogênito hoje compete na Fórmula Truck. Mas é seu irmão mais novo, Nelsinho Piquet, que esteve mais próximo de seguir os passos do pai.
Assim como Piquet pai, Piquet filho conseguiu entrar na F1. Foi para a Renault, ao lado de Fernando Alonso, em 2008. Em 2009, sem vencer, foi demitido e substituído por Romain Grosjean, mas não saiu sem fazer barulho. Denunciou o chefe da equipe, Flavio Briatore, e o diretor de engenharia, Pat Symonds, de terem exigido que ele simulasse um acidente para beneficiar Fernando Alonso no GP de Cingapura de 2008. O caso baniu Briatore da F1 e suspendeu Symonds por cinco anos.
Pedro, Laszlo, Geraldo e Nelsinho
Fora da F1, Nelsinho se sagrou o primeiro campeão de Fórmula E, com modelos elétricos. Também foi o primeiro brasileiro a vencer uma prova de Nascar. Depois de Nelsinho vem Laszlo, de 28 anos, que não fez questão das quatro rodas e disputa campeonatos de motovelocidade na Europa.
O caçula de Nelsão, Pedro, também herdou do pai o talento ao volante. Atualmente com 17 anos, Pedro Piquet disputa a F3 Brasil, sendo o atual campeão da categoria.
Mario e Michael Andretti – Michael e Marco Andretti
Se alguma família merece ser chamada de dinastia das pistas, essa é a Andretti. Na terceira geração de pilotos competitivos, ela se iniciou com Mario Andretti. E o cara é de tirar o chapéu. Italiano naturalizado nos EUA, ele venceu o campeonato de F1 em 1978, pela Lotus, e quatro campeonatos de Fórmula Indy (um deles quando ela se chamava CART). É o único piloto, ao lado de Dan Gurney, a vencer corridas de F1, Indy, Nascar e WSC. Também é o único a ser escolhido piloto do ano nos EUA em três décadas diferentes, a vencer provas da Indy em quatro décadas diferentes e a vencer corridas de qualquer tipo em cinco décadas distintas.
Seu filho, Michael, venceu apenas um campeonato da CART, em 1991, mas venceu 42 corridas na competição, o que o torna o terceiro piloto mais bem sucedido (ou um dos que mais tempo tentaram um campeonato). Em suma, a sombra do pai foi grande demais.
O neto de Mario e filho de Michael, Marco, está na Indy desde 2006, depois de uma rápida passagem pela Indy Lights em 2005. Desde então, ele conseguiu apenas duas vitórias e outros 18 pódios, e teve como melhor classificação um quinto lugar no campeonato de 2013.
Al Unser e Al Unser Jr.
Al Unser correu de 1957 a 1994, o que permite que muita gente tenha visto o velhinho em ação. E ele era do peru: é o segundo de apenas três caras a terem vencido as 500 Milhas de Indianápolis por quatro vezes; o quarto dos únicos cinco que conseguiram vencer a prova em anos consecutivos e o único a ter um irmão (Bobby Unser) e um filho a vencer as 500 Milhas de Indianápolis. Foi campeão da Indy por duas vezes.
Al Unser Jr. e seu pai conversam com Mario Andretti e o filho Michael
Seu filho, Al Unser Jr., também venceu o campeonato duas vezes, mas ficou só com a metade das vitórias nas 500 Milhas de Indianápolis: “só” duas, em 1992 e em 1994. Também correu na Nascar, mas entrou no Hall da Fama do Automobilismo, em 2009, por conta de tudo que fez na Indy, mesmo.
Alain e Nicolas Prost
O tetracampeão francês também encaminhou seu primogênito para as competições. Nascido em 1981, Nicolas Prost compete na Formula E e é piloto reserva da Lotus. Ainda que não tenha chegado perto do que seu pai conseguiu realizar, Nicolas se defende por aí. Na Formula E, foi sexto colocado.
Gilles e Jacques Villeneuve
Se não tivesse morrido em um acidente em 1982, no GP da Bélgica, é possível que Gilles Villeneuve tivesse conseguido mais do que o vice-campeonato de 1979. Mas ele deixou mais do que a lembrança de ter sido o piloto mais gente boa do circo a ser incrivelmente rápido (e agressivo atrás do volante). Seu filho, Jacques, venceu o campeonato mundial de F1 em 1997. Dá pra imaginar a quem ele dedicou o feito.
Graham e Damon Hill
Essa é a única dupla em que pai e filho conseguiram se sagrar campeões de F1. Hill pai, em 1962 e em 1968. Hill filho, em 1996. Graham foi o único cara a vencer a tríplice coroa do automobilismo: as 500 Milhas de Indianápolis, o GP de Mônaco e as 24 Horas de Le Mans. Se um acidente aéreo não tivesse tirado sua vida em 29 de novembro de 1975, ele provavelmente teria feito muito mais, ainda que tenha morrido aos 46 anos, idade em que muitos pilotos já guardaram o capacete.
O filho de Damon, Josh, quase continuou a dinastia, mas bodeou aos 22 anos e anunciou a aposentaria em 2013, depois de competir na Fórmula 3.
Toninho e Cristiano da Matta
Toninho da Matta mandou brasa nos campeonatos de kart e turismo no Brasil. Chamado de “Terror da Pampulha”, ele venceu 14 títulos. Seu filho, Cristiano, venceu em 2002 o campeonato CART, desmembrado desde 1994 pela criação da IRL (Indy Racing League). Em 2003, ele foi escalado pela Toyota para a F1, mas, como o carro não era competitivo, acabou voltando para a CART em 2005. Em 2006, ele sofreu um acidente gravíssimo, atropelando um cervo durante testes no circuito Road America. Recuperado, ele voltou a competir em 2008. Nem precisava. Toninho já deve ter se dado por satisfeito de ver seu filho bem.
Keke e Nico Rosberg
Se tem uma dupla capaz de realizar o mesmo feito de Graham e Damon Hill, ela é composta por pai e filho da família Rosberg. Keke venceu o campeonato de 1982 de F1. Nico quase levou no ano passado, ficando com o vice-campeonato, e está em segundo lugar neste ano.
Com muitos anos pela frente para tentar chegar lá, Keke deve estar numa torcida danada. Ainda que não vença o título, Nico e o pai são a única dupla a ter vencido em Mônaco: Keke em 1983 e Nico exatamente 30 anos depois, em 2013.
John e Jenson Button
O piloto de rallycross John Button teve uma carreira relativamente boa, mas sem grandes feitos. Foi seu quarto filho, Jenson, que o encheu de orgulho até sua morte, em janeiro de 2014, vitimado por um ataque cardíaco. Até lá, John esteve em todas as corridas de seu filho a não ser no GP do Brasil de 2001, quando esteve doente. Jenson soube aproveitar o apoio familiar e deu a seu pai o gosto de vê-lo campeão pelo menos uma vez, em 2009.
Wilson e Christian Fittipaldi
Correr na F1 foi um sonho que Wilson e Christian Fittipaldi conseguiram realizar. Wilson entrou na competição em 1972, pela Brabham, e saiu em 1975, pela Copersucar-Fittipaldi. Christian, exatos 20 anos depois, em 1992, pela Minardi, saindo no final de 1994, na Footwork. Christian também correu na Nascar e em corridas de endurance, como as 24 Horas de Daytona, que ele venceu duas vezes, em 2004 e 2014.
Jacky e Vanina Ickx
Eis um exemplo raro de pai e filha em competições. Jacky competiu na F1 e teve apenas dois vice-campeonatos por lá, em 1969 e 1970, mas fez barba, bigode e cabelo nas 24 Horas de Le Mans, vencendo seis vezes (1969, 1975, 1976, 1977, 1981 e 1982) e ficando três vezes em segundo lugar.
Vanina disputou duas temporadas da DTM, em 2006 e 2007, e mais uma do Mundial de GT1 (em 2011), mas sem resultados expressivos. Como seu pai, ela também disputou as 24 Horas em Mans — foram sete vezes entre 2001 e 2011 — e seu melhor resultado foi um sétimo lugar geral na edição de 2011.
Hans e Hans-Joachin Stuck
Eis mais um exemplo em que o filho supera as conquistas do pai. Hans Stuck começou a correr em 1922. Era chapa de Hitler e se casou três vezes, a última delas com a ex-noiva de seu cunhado, Christa Thielmann, com quem teve seu único filho, Hans-Joachim. Era conhecido como Bergkönig, ou rei das montanhas, por sua perícia em provas de subida. Participou da F1 de 1951 a 1953, mas não ganhou nenhuma corrida por lá.
Já seu filho mandou bem nas 24 Horas de Le Mans duas vezes na categoria C1 e uma na GT1. Também venceu três vezes as 24 Horas de Nürburgring e competiu na F1, de 1974 a 1979, mas sempre por equipes pequenas. Seus melhores resultados foram dois terceiros lugares em 1977.
Dale Earnhardt e Dale Earnhardt Jr.
Outra dinastia do esporte, ela não começou exatamente com Dale Earnhardt, mas com seu pai, Ralph Lee Earnhardt, corredor de stock car. Foi Dale, em todo caso, que se transformou em uma lenda. Enquanto Ralph morreu aos 45 anos, de ataque cardíaco, Dale morreu em 2001, correndo as 500 Milhas de Daytona, devido a um acidente que causou uma fratura na base de seu crânio.
Dale é considerado um dos maiores pilotos de Nascar de todos os tempos, com 76 vitórias de Winston Cup, incluindo as 500 Milhas de Daytona em 1998, e sete títulos da competição. Para que tem dúvidas sobre seu estilo de direção, ele era chamado de “O Intimidador”.
Dale Jr. pode não ter tido, até agora, a mesma produtividade de seu pai, mas é um cara popular. Venceu as 500 Milhas de Daytona duas vezes (em 2004 e 2014) e foi eleito o piloto mais popular da Nascar 12 vezes desde que começou a correr por lá, em 2000.
Jan Magnussen e Kevin Magnussen
Acredite você ou não, Jan Magnussen, com apenas 42 anos, já tem herdeiro competindo. Ele começou cedo também em ter filhos. Kevin Magnussen nasceu quando Jan tinha apenas 20 anos. O resultado é que os dois têm carreiras paralelas e poderiam muito bem estar até correndo lado a lado.
Jan competiu na F1 em 1995 e voltou para as temporadas de 1997 e 1998, mas foi nas 24 Horas de Le Mans que ele se deu melhor, vencendo quatro vezes nas categorias em que competiu, ainda que nunca como o vencedor geral. Sua melhor colocação foi em 2003 e em 2006, com o quarto lugar.
Kevin é hoje piloto da McLaren, onde começou a correr em 2014. Com apenas 22 anos, o menino ainda tem muita lenha pra queimar. Já foi campeão de Fórmula Ford na Dinamarca, em 2008, e de Fórmula Renault 3.5 em 2013.
Jimmy, Alister e Colin McRae
Essa é provavelmente a história mais triste de pais e filhos pilotos que temos para contar. Jimmy McRae foi vencedor do Campeonato Britânico de Rali por cinco vezes. Nunca venceu o campeonato mundial, algo que seu filho, Colin, conseguiu realizar em 1995, ficando em segundo lugar em 1996 e 1997, ajudando seu time a vencer o campeonato de construtores.
Mas Colin bobeou com seu helicóptero em 2007. Segundo as investigações, ele voou desnecessariamente baixo e sofreu um acidente que matou não apenas ele, mas também seu filho de cinco anos, Johnny. Uma daquelas inversões estúpidas da ordem natural das coisas. Pai nenhum deveria ter de sepultar seu filho. Além de Colin, Jimmy tem outro filho corredor, Alister, que continua firme e forte por aí, mas não tem nas pistas o mesmo brilho do irmão.
Richard e Kyle Petty
Outro caso de sapatos grandes demais para preencher. Richard Petty é considerado o Rei na Nascar. Ao lado de Dale Earnhardt, ele é o único piloto a ter vencido o campeonato por sete vezes. Mas ele não é fodástico só por isso. Ele venceu as 500 Milhas de Daytona sete vezes. Ganhou 27 corridas, 10 delas consecutivamente, na temporada de 1967. No total, venceu 200 corridas ao longo de sua carreira. Estatisticamente, nenhum piloto se deu melhor do que ele, o que o torna o Michael Jordan do volante. De suas 1.184 largadas, ele terminou entre os 10 primeiros mais de 700 vezes. E ele sempre correu de 1971 a 1989, sem ficar de fora do grid nem uma única vez neste período.
Lee, Richard e Kyle: três gerações na Nascar
O pai de Richard, Lee, também foi corredor e vencedor da primeira edição das 500 Milhas de Daytona, em 1959. Também venceu a Nascar por três vezes. Seu filho, Kyle, também tentou a sorte nas pistas, mas conseguiu apenas oito vitórias. Nem sempre os genes do automobilismo se perpetuam…
Jos e Max Verstappen
O piloto holandês com a melhor carreira na F1 é Jos Verstappen. Isso não quer dizer que ele tenha vencido alguma corrida, só que, entre seus conterrâneos, ele foi o cara que foi mais longe na principal categoria do automobilismo mundial, competindo de 1994 a 2003. A melhor equipe em que ele atuou foi a Benetton, que também lhe rendeu a melhor colocação no campeonato: um décimo lugar.
Se há algo de que Jos possa se orgulhar é de sua vitória nas 24 Horas de Le Mans, em 2008, na LMP2, e de Max, piloto mais jovem a ser admitido na F1, com 17 anos e 166 dias. Na temporada de 2015, ele está em 11º lugar.
Como foi bem lembrado por leitores, faltou falarmos de Carlos Sainz e Carlos Sainz Jr. e também de Camillo Christófaro e Camillo Christófaro Jr., mas a gente complementa assim que houver tempo. Feliz Dia dos Pais a todos!