Sempre que se fala da Rússia, especialmente quando se trata de carros, o que vem à mente é um monte de malucos fazendo barbaridades, brigando e por aí vai. Mas é de lá que também vem um bom exemplo: um bando de caras comuns que decidiram dar uma força às leis de trânsito. Como? Com a política do constrangimento, ou seja, de deixar quem faz coisas erradas se sentindo envergonhado por sua atitude. É o movimento “Stop a Douchebag”, cuja tradução mais publicável é “Pare um idiota”, mas que tem outras mais saborosas. Veja os caras em ação abaixo:
O modo de agir é sempre o mesmo: eles ficam em calçadas que os motoristas russos costumam invadir para cortar o trânsito. Educadamente, eles se apresentam, mostrando o adesivo do movimento, e pedem que estes motoristas voltem de onde vieram, sem tirar vantagem do atalho proibido. Sempre na bola, nunca na canela. A edição dos vídeos é bem humorada à beça. Mesmo que o motorista apele pesado, como a senhora deste vídeo:
Ou o dublê de Meu Malvado Favorito, querendo mostrar para sua Lucy morena que era macho pacas. Apesar dos xingamentos, os caras do Stop a Douchebag continuaram impassíveis, colando adesivos da campanha no para-brisa do cara.
Dos vídeos deste movimento, esse é um dos mais assistidos, com mais de 2 milhões de visualizações. Logo no começo, é notável que outros pedestres agradecem ao movimento pelo serviço de justiceiros das calçadas. E há duas mulheres paradas, entre os vários motoristas impedidos de seguir. Incrivelmente, a reação feminina parece ser uma das piores possíveis. Dos vídeos que assistimos: boa parte dos atropelamentos sofridos pelo grupo foi cometido por mulheres.
Com motoristas masculinos, algumas vezes aparece o risco é de agressões físicas, como a deste metido a malvado. Só que ele não contava com a astúcia da rapaziada do Stop a Douchebag:
Se a pena é mais forte que a espada, o spray de pimenta é mais forte que o taco de baseball. Mas não mais do que um AK-47. E adivinha do lado de quem o fuzil aparece?
Legal é ver que, quando chega a polícia, todo valentão afina. De todo modo, esses caras do Stop a Douchebag têm de ter muito sangue frio para lidar com esse tipo de coisa. A chance de dar algo errado é gigantesca. Por isso, fica a recomendação: não façam isso em casa — isso é para profissionais treinados. E o pessoal do Stop a Douchebag tem treinamento intensivo. À moda Zangief (pule para 4:30 se quiser ir direto ao assunto):
Ainda que as violações de trânsito sejam em sua maioria de gente andando pela calçada, também existem outros tipos de infrações. E os caras do Stop a Douchebag também as enfrentam, como quem para em fila dupla.
“Ah, mas e se eles trombarem com bandidos? Eles podem ser mortos fazendo isso!” Podem. Tomara que nenhum deles tenha se dado mal, especialmente depois de topar com a máfia chechena.
E não dá para saber o que foi que aconteceu depois dessa. Infelizmente, a polícia não apareceu.
A parte boa é que muita gente percebe que pisou na bola, pede desculpas e sai da calçada. Talvez fosse mais jogo deixar que os maus motoristas simplesmente saíssem do caminho, já que voltar de ré pode pegar pedestres pela calçada, mas seria como premiar quem pega o atalho. De alguma forma, compensaria. Por isso que o adesivo é vagabundo e ruim de tirar. Ele diz “Eu não ligo para mais ninguém. Eu dirijo onde eu quero”. Se for colado, já era.
No canal do YouTube dos caras existem 31 vídeos. Vale dar uma espiada, com tempo, e assistir a todos. Além de torcer para que o movimento deles renda mais do que alguns likes, sopapos e visualizações.
[Post sugerido por Thiago Torres]