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Car Culture

Pequenos grandes roadsters: BMW Z8

O BMW Z8 não é tão pequeno mas, neste caso em especial, vamos nos valer desta licença poética. Afinal, não há como não colocá-lo entre os grandes roadsters já feitos no mundo: visual simplesmente matador, mecânica do BMW M5 E39 e muita ambição.

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A primeira demonstração concreta do que viria a ser o Z8 foi o conceito Z07, em 1997, que homenageava o 507 em seu aniversário de 50 anos.O projeto foi coordenado por Chris Bangle, e o designer responsável foi Henrik Fisker — o criador do elétrico Fisker Karma.

Embora fosse inspirado pelo 507, o Z07 não podia ser considerado um carro retrô — havia influência na personalidade do carro; o formato da grade, a disposição dos elementos na dianteira, a silhueta e as proporções gerais deixavam isto claro. Mas, como um todo, o visual do conceito era totalmente contemporâneo à década de 2000 que se aproximava.

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Se o Z1, sobre o qual falamos ontem, não fora projetado pela BMW com o intuito de criar um novo modelo para as ruas, com o Z07 a situação era inversa: sua transição para as ruas era planejada desde o início e, por isso, ele foi feito de modo a precisar de poucas modificações ao passar de conceito a carro de produção.

A BMW só esperava uma recepção calorosa nos salões internacionais e, quando ela veio — no Salão de Tóquio de 1997 e, meses depois, no Salão de Detroit de 1998 —, ficou selado: o Z07 iria para as ruas em uma edição limitada. Basicamente, a BMW mudou algumas coisas no conceito e o chamou de Z8, do qual 5.000 unidades estavam previstas, como acontecera com o Z1 dez anos antes.

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Mas o que este carro tinha de tão especial?

Primeiro, o design — tanto o conceito quanto o carro de produção eram estonteantes e os detalhes que foram modificados serviam apenas para tornar a produção um pouco mais viável e o carro mais eficiente em uso regular. As entradas de ar no Z8 era maiores, e o para-brisa era mais alto para reduzir a turbulência no habitáculo e melhorar a estabilidade aerodinâmica.

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A elevação na carroceria, atrás da cabeça do motorista, foi eliminado e deu lugar a dois santantônios, um para cada ocupante. O volante, que originalmente tinha quatro raios metálicos, ficou com três, mas manteve o desenho quase idêntico.

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De resto, tudo foi mantido — elementos estéticos como o painel pintado na cor do carro, com instrumentos centralizados (para manter a limpeza visual do interior); os repetidores dos piscas na lateral que, embutidos nas falsas entradas de ar (reminiscentes do 507), eram invisíveis até acenderem; os tubos de neon nas lanternas traseiras e até mesmo as rodas conservaram o mesmo desenho — exceto pelo cubo rápido com um único parafuso, que deu lugar a um cubo tradicional de cinco parafusos.

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Mantido também foi o motor — o V8 de 4,9 litros do BMW M5 E39, chamado S62. No conceito o motor foi preparado para render 440 cv — que a BMW dizia serem capazes de levar o Z07 de 0 a 100 km/h em 4,2 segundos, com máxima limitada a 250 km/h. Para o Z8, as especificações do M5 foram mantidas: 400 cv a 6.600 rpm e 51 mkgf de torque a 3.800 rpm, acoplado a uma caixa manual de seis velocidades, sem opção de câmbio automático — mais um aceno à velha escola.

Com este conjunto, a BMW dizia que o Z8 era capaz de chegar aos 96 km/h (60 mph) em 4,7 segundos, 0,1 segundo mais rápido que o M5. Contudo, testes na época revelaram um carro ainda mais rápido, capaz de chegar aos 100 km/h em 4,2 segundos. A velocidade máxima ainda era limitada a 250 km/h mas, assim como o M5, a máxima de 300 km/h sem limitador é bastante aceita.

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O roadster de 1.585 kg era feito todo de alumínio — monobloco e carroceria, e tinha o motor posicionado atrás do eixo dianteiro para melhorar a distribuição de peso. Somado à suspensão independente derivada do Série 5 E39, isto significava uma ótima estabilidade — a revista Car and Driver americana disse até que o Z8 era superior à Ferrari 360 Modena em aceleração, dinâmica e frenagem.

A BMW tinha certeza de que o Z8 se tornaria um clássico instantâneo e, para reforçar esta afirmação e promover o Z8 entre os colecionadores, declarou que forneceria um estoque de peças suficiente para 50 anos de manutenção — algo especialmente importante em um carro cuja estrutura era fabricada na planta da BMW na Baviera, porém tinha todo o resto de forma artesanal, em Munique.

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Dos 5.000 exemplares fabricados entre 2000 e 2002, apenas 400 deles foram destinados aos EUA — mais um fator que estimulou o status de clássico instantâneo do Z8 — que também apareceu no filme “007: O Mundo não é o Bastante” (The World is Not Enough, 1999).

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Em 2003, a Alpina, tradicional preparadora de BMW, assumiu para si a produção do Z8, transformando-o em Alpina V8 Roadster. A ideia era dar ao carro uma sobrevida ao mesmo tempo em que dava a ele um apelo mais estradeiro — ou grand tourer. O motor agora deslocava 4,8 litros e entregava 380 cv e 52,9 mkgf de torque, disponíveis a rotações mais baixas, e o câmbio manual foi trocado por um automático de cinco velocidades. Foram feitas 555 unidades, 450 delas destinadas ao mercado americano.

O BMW Z8 pode ser encarado como um devaneio da BMW — um roadster de luxo com motor potência de supercarro com produção limitada não é exatamente um conceito racional. Mas nem todo grande carro é um carro racional, e por isto o BMW Z8 é um dos pequenos grandes roadsters do FlatOut com muito louvor.

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