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Car Culture

Pilotar um Camaro 1969 de corrida é a melhor forma de se recuperar de um grave acidente

Este título talvez não faça o menor sentido para quem não torce o pescoço para procurar o dono daquele ronco esticando na avenida – e que consegue identificar a quantidade de cilindros só pelo timbre mecânico. Para quem não abre a janela do carro enquanto ele é reabastecido. Para quem não se contorce de agonia ao raspar o assoalho em uma lombada ou não cai na gargalhada ao sentir os pneus traseiros deslizando em uma saída de curva – apenas o suficiente para dar aquele sutil contraesterço, coisa de um oitavo de volta no volante.

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Jessi Lang, como eu, você e a maioria dos leitores do FlatOut, é uma destas pessoas. Dona de um Subaru WRX STI, entusiasta, petrolhead, gearhead, graxeira, use o termo ou a língua de sua preferência. Lang é aquela jornalista que sofreu um dos mais graves acidentes que já vimos no setor – uma porrada quase fatal a bordo de um Audi R8 GTR ABT, de 600 cv, que lhe causou uma hemorragia interna, uma lesão quase mortal na artéria carótida (a principal responsável pela oxigenação do cérebro), uma fratura exposta na tíbia e outra interna no perônio. Todo o relato do acidente e do doloroso processo de recuperação, vocês leram neste post.

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Para qualquer pessoa que não seja como a do primeiro parágrafo deste post, acelerar um Camaro 1969 de corrida da categoria Historic Trans-Am, com um V8 302 de 500 cv a ensurdecedores 7.500 rpm (que tal 130 dB?), câmbio manual de quatro marchas e freios sem assistência – durante o processo de fisioterapia intensiva e às vésperas de uma terceira cirurgia na perna –, soaria como suicídio. Alguns outros podem interpretar como a “rebatida de zica”, como quem bebe para passar a ressaca ou vai na montanha-russa para enfrentar o medo de altura. Mas não é nada disso.

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Para quem tem essa estranha e inexplicável conexão com o automóvel e a velocidade, não existe escolha – estar em casa é estar a bordo. Jessi Lang não acelerou este Camaro acima para enfrentar seus medos ou rebater zica alguma: ela o fez porque é isso o que ela ama fazer e o que a faz mais se sentir viva. “Acho que nunca estive tão ansiosa para acelerar um carro (…) Eu sabia que ele seria cru e despojado de formas que eu acho encantadoras”, disse ela, instantes antes de abrir o portão do box no qual o Chevrolet de Steve Link o aguardava. Alguns minutos depois, Lang já estava acelerando um Infinity Q50S para reconhecer o traçado de Laguna Seca – e na sequência, estaria neste escritório aí embaixo:

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Jessi Lang decidiu dispensar os tampões de ouvido. Coisas de gearhead – aumente o volume, assista ao vídeo abaixo e você irá entender:

Como você poderia esperar, com apenas duas voltas de crédito (graças à emissão de ruído de 130 dB – coisas da Califórnia…)  e sérias limitações físicas devido ao processo de recuperação da tíbia, Lang não forçou ao limite o Camaro nas curvas e especialmente nas freadas – se você já dirigiu um muscle car sem servofreio, tem uma ideia da pressão necessária pra fazer o bicho frear. Por isso, caso você queira ver um Camaro da Historic Trans Am descendo a lenha, separamos este vídeo abaixo:

Aumente o volume ao talo. Nós garantimos os efeitos benéficos da Camaroterapia, ainda mais em uma sessão de 15 minutos como esta acima. É um trabalho generalizado de fluxo, com dutos de admissão e cabeçote refeitos e um novo escape dimensionado de inox. Seu fluxo sanguíneo vai melhorar em algumas dezenas de cfm.

Se você ficou curioso com a Historic Trans Am Series, prepare o paladar. Em breve teremos uma matéria contando um pouco mais sobre esta categoria fabulosa, que só aceita os carros originais (nada de réplicas ou recriações) que competiram em ao menos quatro provas na época. Carros lendários, como os Camaro Z/28 Penske-Sunoco e suas carrocerias aliviadas com banho ácido, valem mais de um milhão de dólares e correm como se não houvesse amanhã!

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