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Touro manso: será que o Lamborghini Huracán não é um supercarro feito para as pistas?

O Lamborghini Huracán nasceu com uma enorme responsabilidade: ser o sucessor do Gallardo, o Lamborghini mais vendido de todos os tempos. Para isso, a Lamborghini decidiu fazer um carro mais potente e mais tecnologicamente avançado, claro. Só que a marca do touro também optou por deixá-lo mais seguro e mais acessível para quem não tem tanta experiência ao volante. Será que isso o tornou um touro amansado?

É esta a questão levantada pelo experiente Steve Sutcliffe, da Autocar, nesta que deve ser a vídeo-análise mais honesta que já vimos sobre o Huracán. Se você acompanha os lançamentos internacionais, já deve saber: Sutcliffe é um daqueles caras que já estiveram ao volante dos carros mais desejados do mundo e a revista Autocar é a mais antiga do mundo. Sendo assim, quando ela diz que o Huracán tem um problema, é melhor parar e escutar.

Acontece que, logo de cara, Sutcliffe só fala o quanto o Huracán é um carro incrível — tudo nele está um nível acima do Gallardo: visual, acabamento, o ronco do V10 de 5,2 litros e 610 cv… tudo nele parece mais caprichado e mais caro. Na verdade, ele diz até que o Huracán está entre os Lamborghini mais bonitos de todos os tempos, logo ao lado do Miura e do Countach — opinião com a qual pelo menos 33,3% da equipe do FlatOut concorda.

O Huracán também traz o câmbio com dupla embreagem de sete marchas — algo que nem o Aventador possui — emprestado do Audi R8, porém com outra programação; amortecedores ajustáveis em três níveis e um sistema de tração integral eletrônico que distribui o torque entre as rodas dianteiras e traseiras na proporção de 43:57 (podendo variar entre 50:50 e até 0:100, se necessário). Complementando este último está sistema LPI (Lamborghini Piattaforma Inerziale), que usa uma série de acelerômetros e giroscópios no centro de gravidade do carro para comunicar-se com vários outros sistemas — direção, câmbio, controle de tração e estabilidade — e ajustá-los em tempo real.

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Ou seja: para ter total controle sobre o que o carro faz (e ter que lidar com a responsabilidade), basta desligar o ESC, correto? Nem tanto. Olha só o que Sutcliffe diz:

Quando você aperta este botão e a luz que diz “ESC OFF” aparece no painel, normalmente quer dizer que você desligou tudo e está, de fato, sozinho ao volante. Mas não está (…) O carro sai de frente o tempo todo, espalha demais. Ou ele subesterça um pouco ou ele subesterça demais.”

O Huracán — que usa um monobloco composto de alumínio e fibra de carbono que é 10% mais leve e 50% mais rígido que o do Gallardo (e que será também a base da próxima geração do Audi R8) — foi feito para isso. Tanto é, que nem mesmo a bitola dianteira mais larga citada por Sutcliffe — que, em tese, ajudaria a tornar o comportamento do carro mais neutro ao reduzir a transferência lateral de peso, consegue torná-lo menos subesterçante.  Claro que, em um autódromo, isto faz uma enorme diferença — ainda mais para quem já tem experiência. Steve compara o Huracán com o R8, que é bem mais complacente na hora de deixar o piloto assumir o comando na pista, e diz que deveria ser o contrário.

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Mas o Huracán é um carro com motor de 610 cv e 57,1 mkgf de torque, capaz de chegar aos 100 km/h em 3,2 segundos. Nos aspectos práticos ele está acima do Gallardo em tudo, e provavelmente vai receber versões mais voltadas ao desempenho em pista — possivelmente com tração traseira, a exemplo do Huracán Super Trofeo e de diversas edições especiais de seu antecessor. Até onde esta “docilidade” faz diferença no mundo real?

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