e possivel que voce ja tenha testemunhado essa cena na pista das arquibancadas da mureta dos boxes ou quem sabe de dentro do cockpit a chuva cai e aquele monstro equilibrado de motor dianteiro e traçao traseira que humilhava os oponentes com pista seca repentinamente se ve ameaçado por hatches compactos franzinos e bem menos potentes no lugar da graciosidade com velocidade brigas com destracionadas e contra esterços pouco produtivos nas saidas de curva a todo instante quanto pior o torque quanto mais lenta a saida de curva pior o cenario e verdade que as deslizadas resultam em belas e divertidas derrapagens controladas o pretexto favorito para qualquer carro rwd sair para passeios solitarios em madrugadas chuvosas mas sob a otica da eficacia fica evidente que o carro tem dificuldades para desenvolver velocidade nas saidas de curva muitos acham que e diferença de braço afinal a pista molhou pra todo mundo e com condiçoes mais dificeis o talento ganha peso em relaçao ao equipamento nao e mas o que nem todos sabem e o asfalto molhado muda as regras fisicas do jogo cria uma condiçao absolutamente favoravel para os carros de traçao dianteira e integral e compromete seriamente a performance dos de traçao traseira em particular os de motor dianteiro como isso acontece bem para isso vamos precisar falar sobre pneus e transferencia dinamica de carga que podemos convencionar por peso com aspas no seco area de contato dos pneus e transferencia de carga independentemente do tipo de veiculo traçao ou complexidade do projeto de suspensao todas as suas interaçoes com o asfalto ocorrem por apenas quatro pequenos spots dos pneus a area de contato ou contact patch tecnicamente ela e definida por uma razao entre a carga vertical exercida sobre o pneu e sua pressao interna ou seja em teoria um pneu mais largo altera a sua proporçao area de contato mais larga que comprida mas nao a sua area curioso nao as vantagens dinamicas de se usar um pneu mais largo estao em outros fatores como a forma que esta area e usada nas curvas a relaçao entre capacidade de aceleraçao lateral e angulo de deriva falaremos sobre isso em breve a melhor dissipaçao de calor e a maior capacidade de fricçao pela tendencia de se empregar compostos mais macios e blocos da area de rodagem mais rasos resultando em menos torçao e por isso que um pneu com o dobro de largura nao te fornece o dobro de capacidade de aderencia a diferença e bem menor do que o impacto visual agora voce entende como as canelinhas deste astra fazem tanto estrago o mais importante e entender que a area de contato nao e constante pelo contrario esta sempre variando de acordo com a carga vertical exercida sobre os pneus aceleraçoes causam transferencia de carga para tras frenagens para a frente o contorno de curvas em estado constante transfere carga para as rodas de apoio lado de fora e claro a combinaçao destas açoes como reacelerar na saida de curva ou entrar com leve pressao no freio a famosa tecnica conhecida como trail braking resultam em transiçoes diagonais multiplas e dinamicas a aerodinamica tambem e fator fundamental caso haja mais sustentaçao positiva que downforce a area de contato dos pneus ira diminuir com o ganho de velocidade voce que ja deu 200 km/h a bordo de um dodge antigo sabe bem a sensaçao tambem nao se esqueça da topografia uma rampa como a da eau rouge spa francorchamps força os pneus contra o solo uma quebra de relevo pra baixo como a cork screw laguna seca deixa o veiculo quase suspenso no ar alias a propria raidillon aquela perna para a esquerda que faz a sequencia da eau rouge causa uma queda de carga vertical nos pneus pela quebra de relevo mais do que estas açoes e circunstancias as proprias dimensoes basicas do carro sao elementos chave para definir como as areas de contato dos pneus irao variar dinamicamente comprimento do entre eixos e largura das bitolas eixos medida pelas linhas de centro dos pneus respectivamente irao definir a transferencia de peso longitudinal e lateral em conjunto com outros fatores como a massa do veiculo altura do centro de gravidade e a decorrente capacidade de aceleraçao lateral e/ou longitudinal e em consequencia influenciarao diretamente as transformaçoes nas areas de contato conforme as açoes do piloto confuso falando de forma simples um carro estreito joga mais peso carga para o lado de fora da curva resultando em maior diferença nas areas de contato entre os lados esquerdo e direito numa curva e um com entre eixos mais curto transfere mais carga para frente frenagens e para tras aceleraçoes alterando as areas de contato dos pneus com maior dramaticidade e por isso que este tipo de veiculo curto e largo tende a ser mais arisco alguem falou em grupo b de rali veiculo estatico mais massa concentrada sobre o eixo dianteiro = maior carga sobre os pneus frontais claro considerando aqui um veiculo com motor dianteiro frenagem num cenario dinamico as cargas mudam a todo instante e em consequencia o tamanho das areas de contato dos pneus ao frear ha uma transferencia de carga para a dianteira que aumenta a area de contato dos pneus dianteiros entrada de curva a direita aqui temos um fragmento de uma transiçao diagonal transferencia de carga para os pneus do lado externo com maior enfase para o dianteiro na saida de curva havera uma migraçao de parte desta carga para os pneus traseiros em especial para o traseiro esquerdo certo entao as areas de contato estao sempre variando imagine que o terceiro caso da imagem acima representa um momento congelado no meio da curva perto da saida dela conforme o piloto esmaga o pedal do acelerador a carga sera transferida cada vez mais para tras reduzindo a area de contato dos pneus dianteiros e aumentando a dos traseiros e claro os pneus do lado esquerdo continuarao com area de contato proporcionalmente maior do que os do lado direito e isso que da uma vantagem sensacional aos carros de traçao traseira nas saidas de curva e uma questao de fisica o torque aplicado pelo motor transfere carga para tras suas costas sao esmagadas contra o banco e isso engorda a area de contato dos pneus que estao tracionando os traseiros e quase um ciclo vicioso e por isso que os carros de traçao traseira possuem enorme vantagem nas provas de arrancada quanto maior a transferencia maior a carga e a aderencia disponivel mais torque podemos aplicar ja um veiculo de traçao dianteira sofre pelo quadro oposto ele tende a perder apoio no eixo motriz nas saidas de curva na hora que voce esmaga o acelerador e os pneus ainda ficam sobrecarregados com a necessidade de esterçar o veiculo e por isso que os carros de traçao dianteira tendem a escapar de frente sub esterço nas saidas de curva exigindo uma serie de ajustes na suspensao carga e geometria assunto para outro post para compensar esta tendencia natural importante isso que nao quer dizer que carros de traçao traseira sejam naturalmente sobre esterçantes so que a chuva e um elemento que acaba com essa vantagem dos carros de traçao traseira como isso acontece chuva quando a traçao traseira vira diversao sem eficacia a vantagem dos carros de traçao traseira no piso seco se transforma em desvantagem na chuva por uma simples razao a falta de aderencia do piso limita a transferencia de peso para os lados para a frente e o que mais nos interessa para tras bingo quebra se a espinha dorsal daquele ciclo vicioso que falamos tres paragrafos acima com esta limitaçao no molhado a area de contato dos pneus do eixo traseiro nao cresce como seria no seco durante as aceleraçoes sem ganho de carga vertical e assim com apoio reduzido os carros de motor dianteiro e traçao traseira destracionam muito mais esta configuraçao de veiculo depende da transferencia dinamica de carga para tras para funcionar com eficacia afinal o peso do motor fica la na frente a distribuiçao tipica de massas entre o eixo dianteiro e traseiro de um carro destes fica na casa de 60 40 a 50 50 como voce pode supor carros de traçao traseira mas com motor traseiro ou central traseiro do fusca aos lamborghini irao tracionar melhor que os de traçao traseira e motor dianteiro nestas condiçoes contudo terao mais dificuldades para apontar os pneus dianteiros pela falta de apoio o uso inteligente do pedal de freio com suavidade nas entradas de curva trail braking faz toda a diferença transferindo a pouca carga que pode ser transferida com a aderencia mais baixa da chuva mas por que raios a transferencia de peso carga e reduzida com piso molhado vale checar a descriçao por extenso da formula que descreve a transferencia lateral de carga fonte debussy bezerra de almeida e luis carlos dantas matias a transferencia de carga lateral e igual a força centripeta* multiplicada pela altura do cg do carro centro de gravidade dividido pela largura das bitolas eixos *força centripeta = aceleraçao lateral** do carro força g multiplicado pelo peso total do carro **aceleraçao lateral = velocidade do carro ao quadrado dividido pelo raio da curva nota para transferencia longitudinal substitui se a largura das bitolas pelo entre eixos e a força de aceleraçao lateral pela longitudinal com esse calculo se pararmos para pensar duas coisas ficam claras primeiro se o entre eixos ou as bitolas forem infinitos a transferencia de carga no seu respectivo eixo seria zero se o extremo e pura abstraçao rodas projetadas mais para fora nao o sao e efetivamente reduzem a transferencia lateral de carga a segunda coisa e a que mais nos interessa se a capacidade de gerar força g for reduzida como por exemplo em um piso de baixa aderencia a transferencia de peso e comprometida diretamente saindo da teoria para a pratica voce ja percebeu como que na chuva os carros quase nao inclinam nas curvas nao empinam nas retomadas e mergulham muito pouco nas frenagens e justamente porque a transferencia de carga foi reduzida pela menor aderencia por isso o ajuste para pista molhada altera uma serie de parametros freios com pressao hidraulica nas pinças dianteiras reduzida a area de contato dos pneus dianteiros cresce menos nas freadas suspensao mais macia para deixar as transiçoes mais suaves e complacentes e menos ariscas menos bloqueio no diferencial afinal menos carga e transferida para fora = mais apoio proporcionalmente estara presente nas rodas de dentro da curva e menos cambagem ja que a carroceria rola menos resultando em menor variaçao de geometria de suspensao entao e assim que os carros de traçao dianteira ficam com uma vantagem monstruosa no molhado como a carga nao e transferida para tras com a mesma intensidade que no seco o eixo dianteiro continua com boa carga vertical nas saidas de curva aquele problema de a carga ir muito para o eixo traseiro e deixar o eixo motriz sem apoio no molhado fica infinitamente menor os carros de traçao integral especialmente aqueles com grande amplitude de distribuiçao de torque entre os eixos dianteiro e traseiro levam isso um passo adiante pois ha bom apoio na dianteira motor e na traseira massa do diferencial ou ate do transeixo resultando num tracionamento adaptavel ainda mais eficaz em todas as etapas da curva ja os de traçao traseira ficam esperando uma transferencia tal de carga para o eixo posterior que nunca vai ocorrer num piso de baixa aderencia https //www youtube com/watch v=_k4b6bhzqoo&t=185s a chuva permitiu que este antigo mini cooper nao so acompanhasse monopostos de formula vee como tracionasse com muito mais eficacia nas saidas de curva https //www youtube com/watch v=he kfecoufq&t=1m20s rain dance em um opala da old stock embora renan guerra da equipe franzoni demonstre habilidade e por que nao diversao ao controlar a traseira de seu chevrolet o fato e que a traçao traseira na chuva o impede de deslanchar com velocidade nas saidas de curva e por tudo isso que a chuva e prato cheio para os underdogs carros de traçao dianteira mais originais vao se aproximar ou ate superar carros de traçao traseira mais potentes e de suspensao preparada para piso seco ainda que em menor grau tal vantagem tende a se mostrar presente mesmo com carros de motor central dianteiro e transeixo como o aston martin vantage v8 com distribuiçao estatica de peso ate um pouco mais traseira que dianteira carros com apendices aerodinamicos de alta eficacia como difusores e aerofolios de competiçao apresentam uma carga exponencialmente maior nos pneus afinal e justamente essa a funçao destes elementos atribuir downforce so que ha um problema os trechos do circuito nos quais mais se precisa de carga vertical sob chuva sao as saidas de curvas lentas e de media baixa e nestas o downforce frequentemente e insuficiente por conta da baixa velocidade relativa do ar em suma nao ha muito o que fazer sob chuva torrencial os hot hatches se sentirao descendentes de senna os monstros de traçao traseira terao dificuldades e procurarao justificativas faz parte do jogo e e o tipo de coisa que deixa o automobilismo fascinante [ creditos das fotos abertura jan hilversum bmw m3 por antarc porsches na chuva por motorsport media pontiac firebird por full size pontiacs astra por jonas shaffer subaru wrx por reinis babrovskis ]
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