Não adianta: a Porsche não vai trazer de volta o 911 GT3 com câmbio manual e virtualmente todo novo nine-eleven tem motor turbinado. É o sinal dos tempos, cara — as atuais caixas de dupla embreagem estão cada vez mais rápidas e confiáveis, e não vai demorar muito para que elas se tornem a norma.
No entanto, nem tudo está perdido: os alemães de Stuttgart acabaram de apresentar em Genebra uma versão do 911 que é um verdadeiro sonho para a galera old school: o 911 R, que faz tudo como antigamente — a tração é traseira, o câmbio, apenas manual, e o motor não tem qualquer tipo de indução forçada. Onde a gente assina?
Parece que a Porsche realmente andou prestando atenção nas discussões em fóruns, no Facebook e nos comentários do FlatOut, porque o 911R parece nada menos que a variação perfeita do tradicional esportivo. Começando pelo motor, que vem direto do mais nervoso da linha: o 911 GT3 RS, dotado de um flat-six girador, de quatro litros, 500 cv a 8.250 rpm e 46,9 mkgf de torque a 6.250.
No entanto, em vez da impressionante transmissão PDK de sete marchas, com trocas que duram apenas 95 milissegundos, o que temos é uma boa e velha caixa manual de seis marchas — a única disponível. Claro, em vez de chegar aos 100 km/h em 3,3 segundos como o GT3 RS, o Porsche 911R leva 3,7 segundos. A grande pergunta é: e daí?
Sim, porque um Porsche 911 com motor aspirado de 500 cv e câmbio manual sendo lançado em 2016 já é algo matador por si só. Aí você descobre que ele consegue ser ainda mais leve que o GT3 RS! Enquanto aquele pesa 1.420 kg, o 911R pesa 1.370 kg — algo possível graças ao uso de fibra de carbono nos para-lamas e capô, enquanto o teto é feito de magnésio.
Também não há banco traseiro, sistema de som ou ar-condicionado mas, veja só, se quiser sacrificar alguns quilos a menos para andar refrescado enquanto curte as suas jams, você pode adquiri-los como opcional sem custo.
De qualquer forma, com ou sem rádio e ar-condicionado, o interior do 911R é uma beleza: volante de menor diâmetro, bancos concha de excelente apoio, um belo desenho e padronagem clássica. O carro ainda tem rodas de 20 polegadas, com pneus 245 na dianteira e enormes 305 na traseira. Os freios têm enormes discos de carbono-cerâmica — são 16,1” de diâmetro na dianteira e 15,4” na traseira.
Por fora, o 911R tem os para-choques, faróis e lanternas do GT3 RS, enquanto a asa traseira retrátil é herança direta do Carrera. Já o difusor traseiro é exclusivo do 911 R, bem como a pintura branca com faixas vermelhas. Esta é um aceno a um dos esquemas de cores usados pelo Porsche 911R de 1967, especial de homologação do qual foram produzidas apenas 23 unidades (eram necessárias 500).
Apenas 991 exemplares do 911 R serão fabricados e, de acordo com algumas fontes, a produção toda já estaria esgotada. O preço é de US$ 184,9 mil, ou R$ 730 mil em conversão direta, e a variante especial chega às concessionárias no fim do semestre.
A gente não ouviu nada a respeito da chegada de algum destes exemplares ao Brasil mas, por mais que a gente não seja terminantemente contra inovações tecnológicas, seria animal acelerar um Porsche 911 moderno feito com a filosofia de antigamente.