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Prefeitura de SP estuda expandir a área de restrição do rodízio

O rodízio de veículos em São Paulo surgiu há 16 anos como uma medida temporária para reduzir os índices de poluição no centro da cidade. Mas mesmo após as novas normas de emissões de poluentes estabelecidas em 1998, ele acabou tornando-se permanente por supostamente ajudar a reduzir os congestionamentos na cidade.

Agora, com congestionamentos a praticamente qualquer hora do dia, a Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo apresentou um estudo que aponta a necessidade de ampliação do rodízio para além dos 150 km2 do chamado “centro expandido”.

Com a medida, a Prefeitura espera reduzir em até 20% os índices de lentidão na cidade de São Paulo nos horários de pico — das 7h às 10h e das 17h às 20. Para isso, planeja incluir mais 400 ruas e grandes avenidas de fora do centro expandido, dentre as quais alguns dos principais corredores de acesso à capital, como as avenidas Francisco Morato, Jacu Pêssego, Escola Politécnica e Salim Farah Maluf.

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Proposta de sinalização do rodízio: como saber se o seu carro está impedido de circular?

Por enquanto, a ampliação do rodízio de veículos é apenas uma proposta, que será discutida pelo Conselho Municipal de Trânsito e Transporte no dia 15 de janeiro, e ainda precisaria ser regulamentada por meio de um decreto municipal. Apesar disso, o secretário de transportes e presidente da CET, Jilmar Tatto, prevê que as mudanças sejam implementadas entre março e abril deste ano.

Segundo Tatto, essas medidas são paliativas, e o foco da prefeitura são os investimentos em transporte coletivo. Com as mudanças, a CET espera que a velocidade média no horário de pico da manhã passaria dos atuais 18,9 km/h para 20,5 km/h.

Por outro lado, é difícil dizer se a expansão do rodízio seria de fato uma medida eficaz, uma vez que tornou-se uma prática comum entre os motoristas ter um segundo carro ou motor, geralmente mais barato e mais antigo, para o dia em que seu veículo principal está proibido de circular na região.

Da mesma forma, enquanto houve pouco incentivo ao uso do transporte coletivo nas gestões municipais anteriores e pouco investimento quantitativo e qualitativo na frota de coletivos, as medidas de estímulo à economia tomadas pelo governo federal nos últimos anos alavancou a frota de carros e motos, contribuindo ainda mais para o caos no trânsito paulistano.

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Região abrangida pelo rodízio municipal de veículos

Mais além, a ampliação do rodízio afetaria até mesmo motoristas de outros estados, uma vez que o Rodoanel Mario Covas, apesar do nome, ainda não forma um anel viário em torno da capital, o que obriga os motoristas vindos da Rodovia Ayrton Senna e Via Dutra (Rio de Janeiro e Sul de Minas) a entrar na capital para seguir em direção aos Estados do sul do Brasil.

Como o rodízio é válido para os veículos licenciados em todo o país, com as mudanças, esses motoristas seriam impedidos de acessar o Rodoanel e prosseguir sua viagem caso chegassem à capital nos horários de restrição — das 7h às 10h pela manhã, e das 17h às 20h no fim do dia. Nesse caso, haveria duas opções: dar meia volta e esperar três horas até a liberação, ou seguir em frente, pagar os R$ 85 da multa  — ajudando a engordar os cofres públicos — e perder quatro pontos na CNH. Qual você optaria?

Ainda sobre a eficácia do rodízio, o presidente do conselho deliberativo do Instituto Brasileiro de Ciências do Trânsito, José de Almeida Sobrinho, afirmou em entrevista à Folha de S. Paulo que “toda medida que envolve rodízio é paliativa, e deve ser adotada enquanto não se toma outra medida definitiva“, e completou dizendo que “o motorista acaba comprando o segundo carro, não atendendo assim à expectativa da prefeitura de reduzir a circulação. Levando o problema de volta à origem“.

Segundo o especialista, o que deve ser feito é um investimento maciço no transporte coletivo para estimular a migração espontânea dos motoristas para o ônibus e o metrô, melhorando não apenas corredores e faixas exclusivas, mas também a qualidade dos veículos e o treinamento dos motoristas e cobradores.

Como vocês sabem, nossa caixa de comentários é um espaço aberto para todos os nossos leitores manifestarem sua opinião, por isso, queremos saber sua opinião sobre as mudanças propostas. Será que vai melhorar mesmo, ou será mais uma medida anti-carro dos tempos modernos?