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Presentes que as crianças não ganham mais: o autorama

Se você tem vinte e poucos anos ou mais, é possível que tenha feito parte da última geração de crianças que sonharam em ganhar um autorama. É uma pena, porque eles estão entre os brinquedos mais legais para um entusiasta  em formação.

Claro, os celulares de hoje em dia têm mais capacidade gráfica e de processamento do que os computadores de mesa daquela época e, assim, é possível disputar uma corrida virtual relativamente realista em qualquer lugar. Só que a experiência dos autoramas é totalmente diferente.

Os primeiros modelos comerciais apareceram nos catálogos da Lionel, uma fabricante de modelos dos EUA, em 1912. Surpreendentemente, eles eram bem parecidos com os autoramas de hoje, mas não duraram muito tempo: deixaram de ser fabricados logo em 1915.

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Obviamente outras fabricantes de brinquedos lançaram suas próprias versões, cujo sucesso foi só aumentando ao longo de 40 anos. Normalmente eram brinquedos elétricos, mas em 1930 começaram a surgir autoramas fabricados artesanalmente com carrinhos movidos a motores de combustão interna.

Eram os chamados “gas cars” e serviam mais como entretenimento para mecânicos do que como brinquedos propriamente ditos — pois não tinham controles de direção ou velocidade. A indústria de brinquedos continuou a desenvolver os carrinhos elétricos até que em 1938 foi patenteado o primeiro slot car da forma como os conhecemos hoje.

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Um comercial de autorama dos anos 1960

Embora pareça fácil de pilotar, a fenda na pista só serve para guiar o carro — você deve controlar a velocidade para que, em uma curva, o carrinho não se solte. O barato está em pegar a manha de não reduzir demais para não perder a corrida. Achar aquela  E eles são muito rápidos: um carrinho de autorama profissional pode chegar aos 100 km/h em menos de meio segundo!

Um exemplo extremo de velocidade em autorama — só para você ter uma ideia do potencial dos carrinhos

No Brasil os primeiros autoramas começaram a serem importados em 1963 por uma empresa paulista especializada em aeromodelos chamada Mobral Modelismo. No ano seguinte, com o sucesso do brinquedo, a Estrela passou a fabricá-los por aqui sob licença da Gilbert, dos EUA.

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A Estrela lançou alguns modelos famosos, como os de Emerson Fittipaldi, dos anos 1970, que usavam miniaturas fiéis de carros como o Copersucar FD04, a Ferrari 312T e Tyrrell-Ford, e o clássico Duelo de Campeões, da década de 1980, que trazia miniaturas do McLaren de Ayrton Senna e do Lotus de Nelson Piquet.

Este último é um verdadeiro item  de colecionador e, se quiser comprar um exemplar usado, prepare-se para gastar pelo menos R$ 300, sendo que os mais conservados arranham os R$ 1.000. Nostalgia custa caro.

Outra versão, com Senna na Lotus e Piquet na Williams

No mundo todo, uma das marcas mais conhecidas de modelos de autorama para entusiastas amadores e profissionais é a Scalextric, fundada em 1953 em Hampshire, no Reino Unido, por Fred B. F. Francis. Desde o início, os autoramas da Scalextric ficaram famosos por seu realismo.

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O primeiro modelo lançado era uma réplica perfeita do Jaguar XK120, e tinha um motor a corda que funcionava de maneira parecida com os carrinhos de fricção que temos hoje: uma quinta roda, quando girada para trás, acumulava energia e, ao ser liberada, empurrava o carrinho para a frente a toda velocidade. Com o passar dos anos, a Scalextric ficou conhecida pela qualidade das miniaturas, e por licenciar versões de autorama de carros de corrida da Fórmila 1, dos ralis e das 24 Horas de LeMans.

Existem, claro, competições profissionais, a chamada slot car racing. No Brasil, o nome oficial do esporte é “automodelismo de fenda”. Existem ligas fechadas, que usam pistas enormes com até 100 metros de extensão.

Hoje em dia é possível, com os sistemas de controle digital, permitir que mais de um carro compartilhe a mesma fenda, e até trocas de fendas em certos pontos da pista.

Apesar dos avanços tecnológicos, a prática do autorama sempre será carregada de nostalgia — como qualquer forma de automobilismo, diga-se. Com os carrinhos nas fendas é possível voltar à infância, e recriar duelos entre heróis das pistas e seus carros clássicos. Quer algo mais petrolhead do que isso?

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Há, ainda, quem transforme autoramas em dioramas que são verdadeiras obras de arte

Hoje em dia existe uma boa variedade de modelos, de vários preços diferentes, desde os mais básicos, de plástico, até os mais realistas, vendidos em peças separadas, com miniaturas realistas de carros de corrida famosos. A própria Scalextric é uma prova de que ainda há quem queira brincar de autorama: eles ainda vendem milhares de kits, que normalmente incluem peças para montar um circuito, dois carrinhos e toda a parafernália necessária.

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Aliás, já que mencionamos os videogames ali em cima, recentemente a Scalextric licenciou autoramas com a marca Need Ford Speed. Quem disse que diversão clássica e moderna não podem andar juntas?

Eles não são mais os brinquedos populares de antigamente, mas com certeza podem render boas horas de diversão — especialmente para curtir este dia das crianças mostrando ao seu filho como é que se disputava corridas com seus amigos antigamente… até porque, como diz a velha frase: a diferença entre crianças e adultos é o tamanho dos brinquedos!