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Zero a 300

Primeiro AMG One entregue | A volta da Vanwall | O fim do Grand Tour e mais!

Bom dia, caros leitores! Bem-vindos ao Zero a 300, a nossa rica mistura das principais notícias automotivas do Brasil e de todo o mundo. Assim, você não fica destracionando por aí atrás do que é importante. Gire a chave, aperte o cinto e acelere conosco.

 

O primeiro AMG One é entregue ao dono

Parece difícil de acreditar, mas ele vai mesmo para as ruas. Aproximadamente cinco anos e meio depois que a Mercedes-AMG o mostrou no Salão Automóvel de Frankfurt, o carro com motor de F1 moderna começa a chegar nas ruas. Um trio de imagens representando o primeiro carro do cliente apareceu nas redes sociais.

As placas alemãs “ON1” dizem tudo: é o primeiro carro de cliente entregue. É principalmente preto, mas com detalhes em verde Petronas e várias estrelas brancas de três pontas na traseira. Na abertura do teto se vê acabamento em vermelho e há letras brancas “AMG” proeminentes na grade frontal. Verdadeiramente um carro de corrida para a estrada, o veículo de produção legal de rua mais rápido em Nürburgring, Hockenheim e Red Bull Ring é limitado a apenas 275 cópias.

Não se sabe quem é o dono deste carro em particular, mas os pilotos de F1 Lewis Hamilton, Nico Rosberg e David Coulthard estão entre os compradores. Parece que Hamilton vai comprar dois deles, e um seria presente para seu pai.  O ator Mark Wahlberg e a estrela do tênis Ion Țiriac também estão entre os 275 clientes.

Lembrando: o AMG One vem com um complexo trem de força híbrido com um V6 turbo de apenas 1,6 litros e quatro motores elétricos. Fazer o motor de 566 cv atender aos regulamentos Euro 6 foi um dos maiores obstáculos encontrados pelos engenheiros. O V6 gira até 11.000 rpm e precisa ser refeito uma vez a cada 50.000 quilômetros. O que, para um motor de F1, é bastante.

Cada um dos 275 carros deixará seu dono mais pobre em algo ao redor de 2,75 milhões de dólares americanos, ou R$ 14.135.000, na Europa. Ouch! (MAO)

 

O lendário Dodge Challenger “Black Ghost” vai ser leiloado

No verão de 1970, a guerra dos Muscle-cars americanos de fábrica estava chegando ao auge e a cena das corridas de rua de Detroit era o centro de tudo. Ruas como Woodward e Telegraph serviram como alguns dos locais mais populares para corridas ilegais naquela época. Mustangs, Camaros, Corvettes, Chevelles, Firebirds, GTOs e outros faziam o possível para competir com os monstros da Mopar, incluindo o Dodge Charger, Challenger, Dart e Super Bee, bem como o Plymouth ‘Cuda, Road Runner e muitos outros.

Nesta época, um Challenger preto com motor HEMI aparecia em vários pontos de corrida ao redor da cidade.  O carro passava o rodo: derrotava qualquer um que estivesse disposto a alinhar com ele. Depois disso, o Dodge preto desaparecia na noite por semanas ou até meses. Ninguém na cena das corridas sabia quem estava dirigindo este Dodge Challenger. Nascia a lenda do “Black Ghost”.

Hoje se sabe que o carro era dirigido por seu dono, Godfrey Qualls, que o comprou em 5 de dezembro de 1969, zero km. Era um Dodge Challenger R/T Special Edition 1970, que foi um dos apenas 23 modelos R/T SE construídos com o motor 426 HEMI e a transmissão manual de 4 velocidades para aquele ano/modelo.

Godfrey Qualls

Vinha de fábrica com o Super Track Pack que incluía um diferencial traseiro Dana 60 com relação 4.10 e blocante Sure-Grip, câmbio Hurst Pistol Grip, interior pied-de-poule, pinos-trava externos no capô, e capota em vinil preto. O carro foi erroneamente construído com o padrão de couro de jacaré em vez do vinil preto liso, que Qualls não gostava muito na época, mas se tornou uma das principais características reconhecíveis do street-racer.

O Challenger 426 HEMI original já era capaz de vencer quase todos; mas ele ainda assim fez algumas modificações básicas. Removeu os silenciadores, instalou uma bobina de ignição de HEI e substituiu os pneus de rua traseiros por um conjunto de slicks. Um ajuste minucioso da ignição e carburação, sempre importante nos HEMI 426, era o toque final.

Mas qual o motivo do mistério sobre o motorista? Simples: Qualls era um policial, e então não podia se dar ao luxo de ser pego correndo nas ruas. E embora isso não o impedisse de participar do cenário automobilístico local, significava que ele mantinha um ar de mistério na coisa toda. Assim se formou a lenda.

Qualls eventualmente parou de correr, mas manteve o carro, e o mistério, até sua morte, em 2014. Os herdeiros agora colocaram o carro a venda.

A lenda do carro é tanta que agora foi homenageado pela própria empresa Dodge com uma edição especial “Last Call” do Challenger 2023 realizada em sua homenagem. Mas agora os colecionadores estão tendo a oportunidade de possuir o carro real que criou a lenda. Será vendido no leilão da Mecum’s em Indianapolis, que vai de 12 a 20 de maio. (MAO)

 

Este é o novo Vanwall Vandervell

Você pode nunca ter ouvido falar da Vanwall, mas é importantíssima. Fundada por Tony Vandervell, o nome Vanwall foi derivado da combinação do nome do proprietário da equipe com o de seus rolamentos Thinwall. Foi a primeira equipe de F1 inglesa de sucesso, e abriu portas para Cooper, Lotus, Brabham, McLaren, e todas as outras.

O Vanwall campeão de F1 em 1958: pioneiro

Originalmente usava Ferraris modificadas, mas em 1954, criou seu próprio carro. A equipe conquistou sua primeira vitória no Grande Prêmio da Inglaterra de 1957, com Stirling Moss e Tony Brooks, o primeiro carro de fabricação britânica a vencer uma corrida do Campeonato Mundial. Foram campeões em 1958, mas já em 1961, tinha desaparecido.

Agora a Vanwall está sendo revivida com uma divisão de competição trabalhando em um carro para corridas de longa duração (como Le Mans), o FIA WEC.  Mas não é só isso: existe um carro de produção para as ruas também. Conheça o novo Vanwall Vandervell.

É um hatchback do tamanho aproximado do Golf, e é elétrico. O design é de inspiração retrô, meio no idioma do Hyundai Ioniq 5 N.  Detalhes como o splitter dianteiro de fibra de carbono, saias laterais e difusor traseiro fazem com que pareça especialmente agressivo. O carro anda com rodas de 22 polegadas com pneus de perfil baixo.

Ainda não existe um carro de verdade: as fotos são renderizações de computador. Não há fotos do interior, embora o fabricante afirme que usa materiais como couro fino e fibra de carbono exposta. Os primeiros números de desempenho disponíveis, no entanto, são bastante impressionantes.

O motor oferece 320 cv, o que permite 0-100 km/h em 4,9 segundos. Pode rodar até 450 km com uma carga, mas é só o que a empresa informa: não há detalhes sobre a bateria. O modelo topo de linha S Plus roda até 420 km, tem 580 cv, e faz o 0-100 km/h em 3,4 segundos. Ambas as versões têm tração nas quatro rodas.

A Vanwall diz que é uma série limitada de 500 carros, com entregas previstas para o terceiro trimestre deste ano para quem estiver disposto a pagar a partir de € 128.000 (R$ 714.240) para o que é, efetivamente, um Hot-Hatch elétrico. (MAO)

 

Amazon deve cancelar o Grand Tour

Há muito tempo atrás, numa galáxia muito distante, a gente não conhecia os astros de TV, cinema, ou mesmo quem escrevia em revistas que a gente gostava. A gente gostava do que certas pessoas faziam, e no caso dos escritores, alguns, como Peter Egan na R&T, e John Grogan (de “Marley e eu”), tinham como estilo contar histórias autodepreciativas sobre sua própria vida, e então sabíamos alguma coisa dela.

Mas era algo distante, e muitas vezes misterioso. Lembro minha completa incompreensão sobre a aparência de meu autor favorito, LJK Setright, barbudo, de terno, bengala e chapéu. Como, por que motivo, de onde veio isso? Mistério.

Lembrando LJK Setright

 

Setright é um bom exemplo: não preciso conhecer ou gostar de seu modo de vida para gostar do que escrevia. Não preciso ter a fé judaica, não preciso conhecer sacrifícios rituais de animais (supostamente, era um especialista nisso), não preciso admirar tocadores de oboé. Tudo isso fiquei sabendo depois dele. Não precisava saber: o que ele escrevia me bastava.

Hoje, não é assim. É tudo junto e misturado, e todo mundo acredita que seus ídolos devem ser infalíveis e perfeitos como uma divindade. E as corporações agem de acordo. Suponho que com a queda da popularidade das religiões institucionalizadas no ocidente, precisamos de novas divindades e as procuramos aqui na Terra. Boa sorte com isso.

Um estado de coisas que é prato cheio para que gente como o notável boca-aberta Jeremy Clarkson se dê realmente mal. O criador principal dos incrivelmente populares Top Gear, Grand Tour e Clarkson’s Farm, Clarkson sempre foi incapaz de ficar quieto a respeito de suas opiniões e crenças individuais, por mais malucas que fossem. Sempre esteve no meio de controvérsias durante toda sua carreira. Mas esta última parece ser a mais maluca de todas.

Clarkson sempre foi exagerado: usa o exagero para provar um ponto qualquer, sempre algo engraçado e efetivo. Mas desta vez, ao externar seus sentimentos sobre Megan Markle, esposa do Príncipe Henry, depois do documentário da Netflix sobre os dois, passou dos limites. Forte.

O documentário em questão está sendo recebido com grande controvérsia, sim, mas isso não justifica a verborragia ofensiva de Clarkson. Reporta-se que até sua filha o admoestou publicamente, e o negócio todo ficou feio pacas. Clarkson se arrependeu e pediu desculpa. Harry não aceitou.

A discussão entre os dois deveria ser privada daí em diante, e reporta-se que existem comunicados oficiais via carta entre os dois, as desculpas e a não-aceitação delas. Mas parece que não vai ficar por isso mesmo.

Citando suas próprias fontes, a revista Variety afirma que o Amazon Prime Video está “provavelmente” planejando parar de trabalhar com Clarkson após episódios já encomendados de seus dois programas, Clarkson’s Farm e The Grand Tour, encerrados em 2024. De acordo com o plano esperado, Clarkson terminaria seus acordos existentes com a empresa antes que ambas as partes avancem . Então o Grand Tour deve terminar no final de 2024, após mais quatro episódios especiais, enquanto o Clarkson’s Farm deve terminar com a terceira temporada, que será lançada também em 2024.

Então é isso. Clarkson passou dos limites, e falou o que não devia. Depois pediu desculpas, mas a parte ofendida não aceitou. A corporação Amazon, claro, quer distância disso tudo: cancelou os programas dele.

Desta briga de milionários, ficamos assim: Jeremy Clarkson vai perder alguma renda como punição, mas é difícil que faça alguma diferença no seu estilo de vida. Harry saiu-se bem, como marido ofendido, moralmente superior. Quem vai se dar mal mesmo? Quem assistia o programa divertido e francamente sensacional, de despretensiosas viagens de carro de três amigos mundo afora. Quem perdeu algo de verdade foi eu e você, claro. Diga adeus ao Grand Tour. (MAO)