Fala, pessoal do Flat Out! Obrigado mais uma vez a todos que estão acompanhando o projeto, e pelo retorno positivo dos outros posts! Bora pro texto que tá recheado de surpresas legais, outras nem tanto.
Como foi dito na terceira parte desse #PB, eu havia estabelecido uma meta de tempo pra que a moto ficasse pronta, afinal já eram praticamente 7 meses que estávamos lutando com esse projeto, e a ansiedade era grande. A idéia era ter ela pronta até o dia 15 de maio de 2016.
A funilaria já estava pronta, motor e quadro pintados e banco pronto e alinhado. Faltavam só detalhes de acabamento como manoplas, espelhos retrovisores, manetes de freio/embreagem… Enfim, bijuterias pra dar aquele toque final, e essas peças mereciam atenção e planejamento na hora da compra, pra que ornassem com o projeto em si.
Mais uma vez recorri à internet, e pesquisando mais inspirações, acabei por encontrar no Mercado Livre o que eu precisava. Para as manoplas, optei por um modelo que remetia o estilo old school.
Manoplas Wimbledon. Estilo e conforto no mesmo produto
A cor, quando comprei havia encomendado preto, mas ao receber, vi que o vendedor se enganou e mandou esse mesmo tom de vermelho terracota da imagem. E não é que ficou até melhor?! Como a moto já tem vários pontos pretos e apagados pra dar destaque à pintura, as manoplas ajudaram a dar um pouco mais de destaque e quebrar um pouco a cor escura da estrutura toda.
Os retrovisores são modelos ponta de guidão, que também vão de encontro com o estilo perfeitamente. Esteticamente são lindos, porém precisam estar bem ajustados pra que se consiga ter uma visão legal. Por ser um item de segurança (e obrigatório) todo cuidado é válido!
O preço desses retrovisores no Brasil gira em torno de 150 reais. Um valor meio salgado pra um espelho. Todo motoqueiro sabe que retrovisores são itens quase que descartáveis. Qualquer esbarrão ou queda é primeira coisa que vai embora, então, fica a dica!
Existem opções mais baratas, como importar os espelhos da China ou partir pro DIY, mas no meu caso, como o tempo era curto, a melhor opção era comprar por aqui mesmo, visto que nas lojas de peças da cidade eu não tinha encontrado nem por encomenda.
Era vez dos manetes.
Nessa parte não tinha muito que escolher, já que esse tipo de peça segue um padrão, e não tem muitos detalhes. Acabei optando por um modelo com regulagem, mesmo usado em motos esportivas. Oras por que não?! Rs
Essa chavinha permite regular a abertura do manete, permitindo o piloto escolher a melhor posição para acionamento do freio e embreagem
Um dos detalhes da moto era que a chave de ignição fica debaixo do tanque, bem perto do cano de escape que sai direto do motor. Pra me proteger de qualquer distração ao desligar a moto, e meter a mão no escape quente e acabar me queimando, optei por revestir o cano com termotape preta até a metade do escapamento, onde não haveria mais risco. O restante da ponteira foi pintado de preto também. O resultado foi um ar ainda mais Racing pra motoca.
Um detalhe à parte, não exclusivo da moto, mas sim do motociclista, é o capacete. Quando comprei a moto, a idéia já era customizar, e um capacete tem que fazer jus ao estilo da moto e principalmente à personalidade de quem pilota.
O capacete que eu uso é um Lucca Custom, uma marca que produz capacetes estilizados que remetem à Custom Culture, sem abrir mão da segurança. O legal dessa marca é que eles já vendem o casco, com a viseira tipo bubble (fixada por botões de pressão, e não escamoteável) e um óculos tipo aviador, opção de uso além da viseira.
Porém como todo gearhead que adora mudar o estado original das coisas, resolvi dar uma customizada no capacete. Também nos grupos do Facebook, acompanhava o trabalho de um cara de Curitiba, capital da Rússia brasileira, que trabalhava com reforma e personalização de capacetes, além de uma linha própria de modelos. Felippe Tormentta é o nome da figura.
Mandei pra ele o capacete, e restava decidir que tipo de pintura faria nele. Uma coisa que o próprio Tormentta me aconselhou, foi justamente que geralmente um motoqueiro sempre fica mais tempo com um capacete do que com uma moto, então talvez não ficasse legal atrelar o estilo do capacete com a moto. A idéia do casco é transmitir uma mensagem sobre quem pilota seja um gosto, uma idéia, um fato marcante, etc. Como sou ex militar, e confesso que foi uma das épocas que mais me marcou na vida, me fez crescer em caráter e me trouxe uma baita experiência, nada melhor que algo que remetesse a essa época. Foi então que surgiu a idéia de uma pintura camuflada, em tons de cinza e preto fosco (lembrando camuflado urbano usado por algumas forças policiais), e com uma frase de efeito atrás.
A frase escolhida foi “O dia mais fácil foi ontem” lema dos soldados de elite da Marinha americana, também conhecidos por SEALS. Sei que o serviço militar obrigatório pelo qual eu passei não chega nem mesmo perto do que seriam as forças especiais, porém é um lema de muita moral, que serve pra qualquer pessoa, militar ou civil, que se preocupa em sempre dar o melhor de si, sem poupar o esforço.
Peças restantes em mãos e era hora da conferencia final. Pra isso, aproveitamos pra trocar todos os parafusos do bloco do motor que já estavam velhos e gastos, por parafusos Allen cromados, para dar o contraste com o preto do motor. A embreagem também estava um pouco gasta e aproveitamos pra trocar o conjunto de discos. Como dizem por aí, “The devil is in the details!”
Faltando 15 dias pra data limite, o avô do Mateus, vulgo Tio Chico, ficou doente e precisou ser internado, o que de maneira justificável, acabou por atrasar alguns dias o processo de finalização da moto. Mas, deu tudo certo e conseguimos terminar tudo dentro do limite. No dia 15 de maio, era o dia que iríamos fazer a festinha de um ano da minha filha, e eu achei que seria uma boa data também pra comemorar a conclusão do projeto.
O resultado você confere aí.
Daí então era só alegria. A moto mesmo tendo o guidão baixo e o banco com menos espuma que o comum, se manteve muito confortável ao pilotar, mesmo sem ter alterado a posição dos pedais. O escapamento com o som rouco e encorpado é bem marcante e deixa claro que vem de uma moto fora do padrão. Onde a moto para, seja velho ou criança, homem ou mulher, todos olham e perguntam o ano, modelo e cilindrada, afinal quem não conhece não diz que uma moto tão comum de se ver nas ruas como a CG se transformaria em algo assim, imaginando que seria uma moto bem mais velha ou de marca diferente do que uma simples Honda.
Todo dia eu andava com ela, pra trabalhar, ir pra academia, mercado… Tudo era motivo pra poder andar um pouco e espairecer a mente.
Andando na cidade a moto era muito boa e super econômica, porém ficava aquele comichão pra testar ela na pista e ver qual seria o comportamento.
Era final de julho e eu e mais alguns amigos combinamos de ir um dia até uma chácara. Outro hobby que tenho além da moto é o Airsoft, esporte que simula operações militares, usando réplicas de armas reais que disparam projéteis de plástico sólido de 6mm. Basicamente uma variação do Paintball, porém, pra homens. Rs
Nessa chácara seria onde iríamos promover um jogo e receberíamos equipes de várias cidades, e seriam necessárias manutenção e confecção de alguns obstáculos pra que o jogo ocorresse. Aproveitei a oportunidade e fui com a moto, já que a chácara fica a uns 5 km fora da cidade. Na ida o trajeto em sua maioria é de subidas, então a velocidade máxima atingida foram de incríveis 80km/h. Na volta, o tempo começava a virar pra chuva e se eu demorasse muito, me daria mal. Como agora seria tudo descida, todo santo ajuda. Enrolei o cabo até onde deu e a moto bateu 100km/h, porém a impressão que dava era que ela estava amarrada, e não desenvolvia como deveria.
Chegando ao trevo da minha cidade, comecei reduzir as marchas pra entrar na avenida com mais segurança, já que começava chover, e a moto começou dar sinais de que estava engasgando e querendo morrer. Numa parada obrigatória, ela apagou, o pedal de embreagem endureceu e não dava partida. Desliguei a chave, puxei o afogador e funcionou normal, como se nada tivesse acontecido. No trajeto até minha casa, percebi que o pedal da embreagem endurecia na primeira marcha, dificultando a passagem das marchas e a corrente, quando apertava o manete de embreagem, fazia barulho como se tivesse soltando da coroa.
Guardei na garagem, e já avisei o Mateus do ocorrido. Alguns dias depois levo na oficina dele, e problema constatado era que o pinhão da corrente já estava gasto, mas que ainda agüentava andar na cidade somente mais um tempo. Trajetos maiores, já eram arriscados. Uma limpeza no carburador, regulada no ponto, regulagem no cabo de embreagem e aperto de corrente e a moto estava nova de novo. Nesse meio tempo, estava programando de no mês de setembro, ir pro meu primeiro encontro de antigos numa cidade vizinha, e mais pra frente, até Machado-MG num encontro de Custom Culture que o Diego Lucas (que fez o banco da moto), da oficina Sindrome Kustom Works estava organizando.
Como o trajeto até a cidade do primeiro evento era de 13 km, nesse eu consegui ir tranqüilo. Saímos no domingo de manhã, e chegamos ao evento a tempo de pegar troféu de participante. A moto foi exposta e algumas fotos correram o Facebook afora.
Antes de voltar pra casa depois do primeiro encontro de antigos. Eu, Tio Chico e Sarah Connor
No caminho de volta, logo que peguei a estrada, a moto começou dar sinais de que iria falhar novamente e estava bem amarrada. Quase chegando à minha cidade, numa subida bem longa a velocidade foi caindo gradativamente ao ponto de eu ter que encostar. Ao parar, ela apaga novamente e nada de partida. Uso a mesma técnica da outra vez, desligando a chave e puxando o afogador e ela funciona e volta pra estrada normalmente, como se nada tivesse acontecido.
A minha idéia quando montei esse projeto era manter o motor original, visando manter o consumo baixo pra uso no dia a dia, então quando comprei a moto, e vi que o motor aparentemente estava em bom estado, sem fumar nem bater, optei por não mexer em nada nele internamente e por isso, algum problema deve ter passado despercebido, dando as caras só agora com o uso mais freqüente.
Foi quando comecei a considerar abrir o bloco pra ver o que precisava ser feito, e também dar um grau, pra que ela ficasse um pouco mais esperta pra rodar na estrada, sem perder a confiabilidade e durabilidade do motor. Troquei uma idéia com o Tio Chico e ele partiu pra pesquisa de kits de performance que dariam certo praquele motor. Nesse meio tempo, participei de mais um encontro na minha cidade mesmo, porém a idéia de ir até Machado teve que ser deixada de lado.
Sarah Connor, ao lado de uma CB450 Bratstyle de um amigo e uma Monark Jawa da década de 50, primeira moto que rodou pelas ruas da minha cidade
Cronologicamente falando, estamos na semana da publicação da terceira parte desse projeto no FlatOut, e é aqui que começa a parte não tão legal dessa história.
Na quarta feira (21/09) saio pra fazer o serviço de rua do escritório onde trabalho e retorno por volta de 16h. Tomo meu café da tarde e me lembro que me esqueci de pagar uma conta numa loja. Ao sair, olho pra moto estacionada e noto uma seta traseira torta e ralada, além de um retrovisor faltando. Achei aquilo estranho, pois sempre fui cuidadoso e nunca esbarrei a moto em lugar nenhum, e quando tinha estacionado a moto quando cheguei, ela estava inteira. Puxei as filmagens do sistema de monitoramento e vejo que um cidadão desatento (e ruim de volante), veio dando ré, manobrando um carro até derrubar a moto. Pelas imagens, o cara desce do carro, levanta moto, e vai embora sem nem mesmo se preocupar em saber quem era o dono ou se houve algum dano.
Comecei investigar e descobri o responsável por essa bela c@g@d@, e o mesmo deu mil desculpas e justificativas para o ato e além não assumir a culpa dignamente ainda não arcou com os custos do retrovisor quebrado.
Não sendo suficiente, na segunda feira 26 de setembro, volto do almoço encosto a moto em frente ao escritório, porem dessa vez do outro lado da rua já pra evitar outro problema. Próximo da moto, havia uma Toyota Hilux parada, e tomei o cuidado de parar longe o suficiente pra que o dono da caminhonete pudesse sair sem problemas. Entro pra minha sala, guardo minha carteira na gaveta e escuto o barulho de batida e metal arrastando. Olho pela janela e vejo a moto caída com o pára-choque da caminhonete preso nos pedais e a dona da caminhonete na calçada olhando o estrago. Tudo que pensei na hora foi “De novo não!”
Desenrosco o pára-choque e entrego pra dona, levanto a moto sem nem mesmo olhar pros estragos, cego de raiva! Ela olha e diz “Ah, acho que não estragou nada não né?!” Respiro um pouco e vou olhar o que aconteceu. Logo de cara, tanque amassado dos dois lados, pintura trincada tanto no tanque quanto na rabeta, pedal de apoio torto, guidão torto (e afundado no tanque), retrovisor (o que tinha sobrado) quebrado, setas raladas e tortas, punho de seta quebrado, manoplas raladas, suporte de farol torto, lente de farol ralada assim como o aro do farol amassado também. Sarah Connor estava fazendo jus ao apelido que recebeu. Por sorte o quadro se manteve intacto!
Quando fui puxar pela filmagem de novo pra entender o que aconteceu, vi que a moça nem mesmo esterçou a caminhonete ao sair, levando a moto com tudo e por pouco não “atropelou” a coitada. Na pancada o pára-choque prendeu nos pedais e a moto foi sendo arrastada por uns 15 metros na rua de paralelepípedo afora, parando quando o pessoal da rua começou gritar avisando da moto embaixo da caminhonete.
Nisso, a moça parou e deu ré, arrastando a moto de volta, e só desprendeu porque os suportes que prendem o pára-choque da caminhonete quebraram, deixando a peça presa na moto. Uma visão terrível de se ver! A justificativa era que a moto é muito baixa, e com a frente alta da Hilux, a moça não viu e passou por cima mesmo. Detalhe que a suspensão da moto é original, então a altura se manteve a mesma.
Anotei o numero de telefone da responsável para que arcasse com os danos do conserto, e mandei a moto de volta pra oficina, pra desmontar e consertar tudo o que foi estragado. A funilaria vai ter que ser refeita do zero, já que os danos maiores foram justamente na parte branca perolada. Pra quem não sabe, pinturas peroladas usam um tipo de tinta chamada Tri Coat (três camadas, em tradução livre), onde três camas de diferentes produtos são usados pra dar o efeito e acabamento característico desse tipo de cor. É bonito, mas dá trabalho! E por isso vou ter que enviar as peças novamente pro Ronnie refazer toda a pintura, porque se retocar as partes danificadas (não tirou tinta, mas trincou o verniz em vários pontos, inclusive sobre os emblemas da Marlboro), pode ser que fique com diferença de cor, e a moto não merece isso. Infelizmente nas fotos não aparecem esses detalhes.
Resumindo, além das peças que serão trocadas, como espelhos e punho de seta, toda a funilaria da moto terá que ser refeita, como citei acima, além da restauração das setas e farol dianteiro. Mas o bom disso é que vamos aproveitar pra melhorar algumas partes funcionais da moto, além de mais alguns itens de estética, e é claro, o motor. Acredito que esse processo todo demore por volta de um mês até ela poder voltar a rodar.
Isso vocês conferem na próxima parte desse projeto! Até lá!
Por Felipe Queiroz, Project Cars #379