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Project Cars

Project Cars #134: um trato no interior do meu Lada Samara e os planos para o motor 1.5

Fala, galera! Tudo certo? Nesse terceiro post vou contar mais sobre os reparos e modificações feitos no interior da Natasha. Vamos lá?

Logo que trouxe o carro, havia muito barulho interno, muitas peças soltas — uma verdadeira escola de samba —, e isso me irritava demais! Lendo em tópicos estrangeiros e testes de revistas de época, descobri que um dos problemas crônicos do carro é a tampa traseira que não dá alinhamento ou então se solta, fazendo muito barulho. Logo, a primeira coisa que fiz foi trocar a borracha da tampa e o amortecedor, pois o carro veio com um cabo de vassoura de brinde! Tentei procurar o amortecedor original pra tampa e claro que não achei, então fui pesquisar sobre ele.

Procurei as especificações técnicas do amortecedor, e com os dados em mãos, fui procurar por algo que chegue o mais próximo do original e que seja de fácil reposição, resultado: é o mesmo da Kombi!

As borrachas tanto da tampa quanto das portas são as mesmas da linha Gol 1980 a 1995 (quadrado). Elas têm o mesmo perfil. Depois da troca, o carro já ficou uns 60% menos barulhento! Uma coisa tão simples…

Depois arranquei todas as partes plásticas de forração da lataria e colei espuma com fita adesiva na parte de trás. Aproveitei também para trocar algumas partes que foram danificadas por outras que tinha em estoque dos carros que tenho de doador.

Como o Samara é um carro de baixo custo, os materiais usados não são muito bons. É preciso tomar cuidado, pois se dobrar um pouco eles quebram com facilidade, e achar essas peças boas é um problema.

Depois desse trabalho olhei pro painel e… bom, pelas fotos deu pra ver qual era o estrago:foto 1

Pesquisei, pedi informações a amigos, fóruns e Facebook… não deu. Odeio ter que contratar alguém fazer alguma coisa no carro, mas como eu não domino na arte da tapeçaria, tinha que mandar alguém fazer. Depois de algumas indicações foi a uma tapeçaria de Osasco/SP.

Tive que tirar toda a capa do painel, volante e barra de direção. É até simples, porém demorado — aliás, o carro todo é de concepção simples. Pode brincar de Lego à vontade! Levei a capa original, combinamos valores e prazo e depois de 15 dias fui buscá-la. Com algumas recomendações do dono da tapeçaria, fiz a instalação sozinho em casa.

Nesse tempo que a capa era feita pelo tapeceiro aproveitei para recuperar algumas partes quebradas do tablier (principalmente aonde vão os parafusos de fixação) trocar alguns detalhes, colocar fita com espuma em algumas áreas e aproveitei pra instalar a trava do capô (quebrou com o antigo dono e estava solta). Por sorte um dos carros doadores veio com o sistema íntegro e consegui trocar em 10 minutos.

Deu algum trabalho prender a capa no tablier, por causa do couro foi um pouco chato de colocar, mas com calma acabou ficando tudo certo.

O carro fica em garagem coberta, mas depois da instalação fiz uma viagem com ele para a Baixada Santista. Na volta o couro começou a descolar da capa. Comecei a ficar bravo, pois havia comentado com o dono da tapeçaria que dava muito trabalho e perguntei se havia o risco de descolar. Ele me garantiu que não. Dois dias depois da viagem a capa estava bem descolada, e tive todo aquele trabalhão de desmontar o painel inteiro e levar a bendita capa para a tapeçaria.

foto 2

Foi aí que começou a minha saga. Prazos não cumpridos, capa jogada em um canto da loja comendo poeira e ninguém tentando resolver. “Passa tal dia” e quando ia buscar a capa era um “não consegui terminar” pra cá, “volte amanhã” pra lá e, em resumo, depois de várias idas e vindas em vão, a capa se continuava descolando. Uma fiquei de saco cheio e disse a mim mesmo que não adiantaria ficar nesse vai e vem. Ninguém resolveria a capa. Fico tentando entender por que fui mal atendido. Por que era um Lada? Bom eu espero que não, pois se for…

Conclusão: eu tinha uma outra capa em melhor estado, porém ainda com algumas rachaduras e instalei mesmo assim. Decidi tentar trazer uma da Europa, pois na Rússia o Samara foi produzido até dezembro de 2013 !

Também aproveitei para trocar o painel de instrumentos, pois o que veio no carro estava com o acrílico trincado. Existem dois modelos do mesmo painel pro Samara. No meu carro o original tem o botão de zerar o hodômetro fora do painel, abaixo da coluna de direção. Este novo que instalei tem o botão incorporado no próprio painel. Também aproveitei pra pintar os ponteiros de vermelho.

foto 3

Agora o que fazer com os bancos? O do motorista estava quebrado, regulagem toda ferrada. Pensei, fui olhar os carros que tinha desmontados e lembrei que tenho um jogo de bancos de couro do Citroen ZX! Peguei a fita métrica e fui medir. Por incrível que pareça o Samara e o ZX têm praticamente a mesma largura e comprimento interno!

Foto 4

Arranquei todos os bancos e comecei pelos traseiros, que só precisei fazer seis furos para fixação e eles são iguais aos do Fox, com um trilho para correr pra frente e pra trás. Ficou uma folga de 1 cm pra cada lado, então os bancos não encostam nos forros laterais. Além disso, facilitou o uso dos cintos traseiros, que são retráteis no Samara.

foto 6 Foto 5

Agora os dianteiros: para adaptar tive que cortar duas orelhas que ficam nas laterais dos trilhos. A única dificuldade foi o assoalho: tive que fazer uma chapa pra prender certinho depois de apanhar muito pois o banco ficava ligeiramente torto pra um dos lados.

Durante todo esse tempo, a parte mecânica não deu problema? Claro que sim! Não exatamente um problema, até por que há algum tempo ataquei o que precisava ser reparado com mais urgência, que era a suspensão e a “cesta básica” — óleo, correias, velas, cabos e filtros. Assim mesmo havia dois vazamentos no carro: um no cárter, que pingava pouco, e outro que fazia uma pequena poça em cima da caixa de câmbio. Esse me incomodava mais e era do distribuidor! Comecei a desmontar, tudo com cuidado, e descobri que era um um maldito o-ring! Troquei o anel de borracha e o vazamento finalmente acabou. Também foi trocado o reservatório de água do radiador que trincou (por sorte foi quando estava manobrando o carro dentro da garagem).

Foto 7

Mas espera aí! Estamos no terceiro post e nada foi falado a respeito da preparação! Muita calma! O motor 1.500 que substituirá o 1.300S  já está sendo retirado do carro doador.

Tenho três opções:

– Monto o motor 1.5 + Weber 40 + comando + coletor 4×1;

– Subo a cilindrada para 1.6 (os Samaras injetados são 1.6) + Weber + comando + coletor 4×1

– Subo pra 1.6 + IE programável + comando + coletor

Tenho uma tara por carburadores, sei que são difíceis de regular, mas mesmo assim eu adoro. Por outro lado a facilidade de acerto com a injeção e consequentemente maior ganho de potência sem ficar com restrição por causa do distribuidor também me atrai. Está mais fácil escolher a primeira opção, pois eu tenho dois Weber 40 guardados, então seria um gasto a menos.

Uma das partes que acharia mais difícil, pois não se tem informações é sobre o comando de válvulas especial. Depois de muitas horas de internet encontrei um preparador de Ladas na Hungria que faz o comando na graduação que desejar! Havassy Motorsport, especialista em mecânica 2106/2107 (nosso Laika) desde carros de pista, como carros de arrancada. O dono da empresa, Peter Havassy, é um cara super simples e atencioso. Trocamos vários e-mails, e ele me sanou diversas dúvidas sobre o Samara e vai virar meu fornecedor de peças de preparação!

Um dos motores de Samara preparados na Havassy Motorsport

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Abaixo seguem as especificações técnicas que quero usar em meu projeto:

Se notarem na ficha técnica, ao implementar a injeção eletrônica, o carro ganhou 6 cv. Se for colocar no papel todo o avanço da eletrônica (bobinas individuais, velas iridium, corpos individuais, comando mais agressivo) creio que posso conseguir ainda mais. O que acham?

Espero vocês na quarta parte dessa história. Até lá!

Por Ricardo Pires, Project Cars #134

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