Fala, galera do FlatOut! Meu nome é Caio Fernandes, sou de Bauru/SP e, como vocês, faço parte desse mundo de aficionados por carros. A partir deste post vou contar a história da restauração da minha Caravan 1977. Vamos nessa?
Minha paixão por carros começou bem cedo e sem muita razão aparente, pois não tenho na família ninguém que seja fã de carros, mas com 10 ou 12 anos já sabia o nome, marca e versão de todos os carros que passavam na rua. Como a maioria, além dos carros nacionais e mais comuns, o que eu gostava mesmo era dos esportivos europeus.
Mas vamos ao que interessa: como virei fã do antigomobilismo e porque uma Caravan. Com o passar dos anos os gostos mudam e você começa a enxergar beleza em carros e modelos que antes não prestava muita atenção, apesar de eu me interessar por quase tudo que tenha motor e quatro rodas. Quando estava com 16 anos, um amigo mais velho comprou um Opala e me ligou contando a novidade. Minha primeira reação foi: “Nossa, mas um Opala? Seu pai ia te dar um carro zero e você comprou um antigo?”
Fui ver o carro e, assim que cheguei, minha opinião mudou de um segundo pro outro. Era um Opala cupê 1975 amarelo, impecável. Como eu nunca tinha parado pra prestar atenção num carro daquele? Ele realmente me chamou muita atenção, detalhes, frisos, emblemas, grade cromada, espaçoso, até os bancos tinham estilo.
Era mais ou menos como esse, sem os pneus Cooper Cobra
Voltei pra casa, corri para o computador e comecei a procurar tudo sobre o carro — preço, motor, ano e modelos. A cada busca aumentava meu interesse por outros carros, Maverick, Dodge, Landau e Galaxie, os estrangeiros e, obviamente, os muscle cars americanos como Camaro, Mustang, Pontiac, Plymouth, Buick.
Foram dois anos passando vontade, aprendendo, montando projetos na cabeça até que finalmente cheguei aos 18 e decidi: quero um Opala para restaurar. Não queria ele pronto, queria um projeto meu, para me envolver e fazer do jeito que tinha vontade.
Passei meses procurando, sites, lojas e até batia no portão de algumas casas onde avistava um Opala para saber se o dono tinha interesse em vender, mas não foi fácil — a maioria estava em situação muito ruim, alguns nem andavam ou faltavam muitas peças. Até que um dia fiquei sabendo de uma Caravan De Luxo 1977 que estava em um estado não tão precário (sou muito fã dos modelos perua), mas o dono não tinha interesse em vender.
Depois de algumas visitas e negociações consegui convencê-lo e levei-a pra casa. Sim, ela andava e o motor era um quatro-cilindros (151S) que quase não tinha problemas. Gostei tanto que andei muito tempo do jeito que estava. Porém, ela tinha muitas peças soltas, muito barulho, buracos no assoalho e na lataria toda, bancos quase desmontavam sozinhos e muita coisa da parte elétrica não funcionava. Durante esse tempo de uso comecei a perceber a real situação do carro e a pensar por que eu havia comprado o carro nesse estado, que daria muito mais trabalho do que eu imaginava, que eu deveria ter procurado outro ou esperado mais etc. Mas era tarde demais; o carro já era meu e vendê-lo estava fora de cogitação. Além disso seria muito difícil achar outro maluco que quisesse esse carro.
Comprei o carro e estava feliz. Mas para falar a verdade eu não entendia nada de motor, funilaria, pintura, onde poderia achar as peças, nem tinha ideia de quanto tudo isso me custaria. Fui na vontade e sem muitos exemplos a seguir a não ser por muita coisa vista na internet. Pelo menos o projeto na cabeça eu tinha e era simples e o mais original possível: a Caravan seria preta, o interior continuaria marrom e o motor também não teria muitas mudanças. Gosto de carros com originalidade e era isso que eu iria seguir. Mesmo sendo um projeto sem grandes objetivos eu percebi que estava muito longe de realizá-lo.
Não tinha outro jeito a não ser correr atrás e pesquisar muito, mergulhei de cabeça no mundo do antigomobilismo, encontros de antigos em diferentes cidades, revistas e sites especializados, conversa com proprietários, e de repente pessoas experientes no assunto começaram a fazer parte da minha roda de amigos e quase todos meus compromissos de fim de semana estavam ligados aos carros antigos. A preocupação deu lugar a euforia e a cada dia eu estava mais empolgado em começar a restauração.
Finalmente fui atrás de um funileiro de confiança e que aceitasse fazer todo o trabalho. Depois de algumas indicações cheguei a um cara que fazia o serviço na garagem da casa dele, lugar bem simples, mas me disseram que era bem dedicado e o serviço era muito bem feito. Acertei valores, prazo e expliquei todas as minhas intenções com o carro e como queria o projeto. E nessa época quem me ajudou muito foi meu pai, que apesar de não saber muito de carros antigos conhece a vida — é um vendedor nato e que sabe negociar como ninguém. Se dependesse de mim o primeiro preço e prazo que o cara me propusesse seria aceito.
Finalmente a deixei lá para ser desmontada, fazer funilaria, lixar, pintar, enfim tudo. Porém não foi muito bem isso que aconteceu, e quem já passou por um processo de restauração sabe que muitas surpresas desagradáveis acontecem, mas isso é assunto para o próximo post. Espero que tenham gostado até aqui.
Por enquanto, deixo uma das fotos que eu tinha como referência na época. Abraço a todos!
Por Caio Fernandes, Project Cars #155