Fala, galera do Flatout! Beleza? Bom, vim contar para vocês a terceira e última parte da restauração da minha Caravan De Luxo 1977. Apenas para relembrar, no primeiro post contei a minha paixão sobre carros e como cheguei a essa Caravan. Já no segundo post contei pra vocês a saga que foi encontrar um funileiro bom e que estivesse a fim de trabalhar, e em compensação o ótimo serviço de tapeçaria que encontrei. Agora chegou a parte final e mais importante, a montagem do carro, frisos, peças que faltavam e detalhes de acabamento. Vamos nessa?
O processo todo de restauração da Caravan foi demorado. Pelos posts e pela história não da pra se ter a noção do tempo, mas eu gastei quase cinco anos desde o dia que comprei até ela estar praticamente pronta. Quem já restaurou um carro, por mais comum que Opalas e Caravans sejam, sabe que o dinheiro gasto não é pouco. Por isso precisei ir devagar e aos poucos.
Mas vamos ao que interessa! O primeiro obstáculo logo após o carro passar por funilaria e pintura foi o documento com a nova cor da carroceria. Fui orientado por um despachante a conseguir a nota do serviço de pintura mais o documento do carro em dia e deixar com ele para que ele fizesse a troca. Ah, se tudo fosse simples como na teoria. Na verdade eu não tive muitos problemas o documento saiu de primeira e sem empecilhos apesar da burocracia enorme que esse país tem. O problema mesmo foi a demora: foram quase dois meses para receber o documento. Mas comparado a funilaria isso não foi nada.
O próximo passo foi a montagem do carro, mas muitas peças não podiam ser reaproveitadas e para piorar um pouco um vidro foi quebrado quando eu os retirei para levar o carro para restauração. O vidro quebrado foi o que fica na lateral do porta malas e não foi tão fácil achá-lo. Na região da minha cidade todos os Opala e Caravan foram simplesmente depenados e nada tinha sobrado nos ferros-velhos. Por sorte uma loja especializada em vidros conseguiu encontrar um para mim depois de dois meses de procura e pelo que me lembro o preço não foi caro.
Algumas outras peças que precisei encontra para a montagem do carro e para o funcionamento total da parte elétrica: maçanetas, fechaduras e chaves novas; tampa do tanque de combustível; bóia de combustível; motor do limpador de parabrisa; frisos laterais, pará-choques (um eu encontrei original em um ferro velho e outro comprei paralelo); lanternas e faróis novos, borrachas com frisos para os vidros, borracha externas e internas das portas, borrachas do capô, alavanca de seta, emblemas e por aí vai.
A lista foi grande, bem maior do que eu imaginava. Durante esse período de compras perdi a conta de quantas vezes fui e voltei para São Paulo e outras cidades atrás de peças. A cada dia que passava a oficina que estava encarregada da montagem me ligava lembrando de alguma peça que ficou pra trás ou de alguma era original mais não servia mais. E assim foi o processo durante três semanas de montagem.
Quando fui buscar o carro nem acreditava que finalmente podia andar com ele, mas pra ficar do jeito que queria ainda faltavam algumas coisas: pneus cooper cobra na traseira de medidas 235/60 R14 e aquela necessária descida para mais próximo do chão — nada demais apenas alguns centímetros, pois não gosto de exageros, mas também não precisa parecer um jipe. Outra mudança estética foi a pintura da grade que estava totalmente apagada, com a ajuda de um amigo fiz a pintura em casa mesmo.
Mais problema chato e difícil de resolver mesmo depois do carro ser montado era o alinhamento das postas e do porta-malas — as borrachas novas não deixavam a porta encaixar perfeitamente. Depois de muita luta consegui alinhar as duas portas de uma maneira simples: na verdade as borrachas faziam muita pressão para fechar, mas não eram as culpadas pelo alinhamento, existia até uma folga entre a borracha e a lataria na hora de fechar (mas demorei muito para perceber). Então fui a um borracheiro e comprei uma câmera de ar usada, cortei um pequeno pedaço para cada porta e com uma cola para borracha eu as colei no batente acabando com a folga existente, e pronto as portas estavam incrivelmente alinhadas. Ainda é preciso gastar as borrachas pois a pressão para abrir a porta é grande, mas acredito que com o tempo elas se gastem e melhorem ainda mais.
O porta-malas eu demorei mais tempo, mas também consegui resolver. O batente é bem diferente — é um pedaço de ferro que com o passar do tempo se gasta e a porta acaba ficando com um jogo enorme e consequentemente um barulho muito grande ao andar com o carro. Depois de algumas visitas ao ferro velho consegui achar um batente mais novo e pronto fim do barulho.
Existem vários pequenos detalhes de acabamento para serem feitos ainda, mas como um todo o carro está pronto e já chama atenção inclusive em encontros e feiras. Possíveis próximos passos: Rodas Cragar e o famoso seis-canecos 4.1. Mas como tudo nesse país o antigomobilsmo está virando algo para quem tem muito dinheiro e cada vez é mais difícil reformar e manter um carro desses, por isso vou manter o carro desse jeito e curtir por algum tempo antes de encostá-lo novamente.
Bom, galera… creio que contei de maneira bem resumida e simples esse meu sonho realizado. Espero que tenham gostado e que tenha inspirado alguém a realizar uma restauração desse tipo. Agradeço também à galera do Flatout pelo espaço cedido à minha história.
Abraços!
Por Caio Fernandes, Project Cars #155
Uma mensagem do FlatOut
Caio, o que dizer sobre este Project Car? Você salvou uma perua e um clássico nacional ao mesmo tempo — e conseguiu realizar um sonho no processo. As poucas modificações ficaram de extremo bom gosto e é fácil entender por que ele faz sucesso nas feiras e encontros. Agora faça um favor a si mesmo: termine sua leitura diária do FlatOut, encha o tanque da Caravan e não pare antes de esvaziá-lo. Parabéns!