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Project Cars Project Cars #16

Project Cars #16: um novo coração e uma nova cor para o meu Kadett 2.4

Felizmente as coisas andaram no rumo certo desde que o carro foi para a funilaria em dezembro/2015! Como vocês devem se lembrar, no post anterior do PC# 16 eu havia dito que o carro estava com motor quase pronto e de saída para a funilaria para receber o novo visual e a nova cor.

Para ajudar a refrescar a memória, depois que bati o carro num trackday em Brasília, no mês de julho/2014, eu passei exatamente 1 ano e meio reorganizando minhas finanças, comprando peças e tomando coragem para começar a recuperar o carro.

Finalmente, então, consegui uma boa indicação de funileiro e, depois de acertar o preço e as condições, botei o carro no guincho – já sem motor, câmbio e com interior praticamente todo desmontado.

Como da última vez eu tinha prometido o vídeo em time lapse da desmontagem (para quem não viu, aqui está a parte 1), dessa vez vou compartilhar com vocês a parte 2, que basicamente é o término do desmanche e a ida e volta para a oficina de lanternagem.

A estas alturas, quem for mais atento deve estar se perguntando: “Mas ele não falou que ia pintar o carro de azul? O carro tá parecendo que é verde!”.

Pois é. A tinta é assim mesmo – meio “camaleoa” – e essa história merece um capítulo à parte.

 

A novela da tinta

Nos posts anteriores eu falei que ia usar um tal de “Azul Grafite” do Nissan March. Pesquisei na internet, achei várias imagens da cor desejada, namorei o carro ao vivo na rua, enfim, já tinha tudo esquematizado. Mas quando chegou a hora confirmar o tom na loja de tintas, a coisa não ocorreu como eu previ.

Primeiro, porque sendo uma cor do “catálogo 2015”, nenhuma loja de tinta da cidade tinha a amostra da tal cor, e olha que eu rodei à beça! Daí eu tive a feliz ideia de ir até uma concessionária Nissan para tentar confirmar o código universal da cor no próprio carro, como nós dizemos no Direito, in loco.

Cheguei na concessionária e você sabe como funciona: aquela bajulação do vendedor, eu fingindo estar interessado no carro, jogando uma conversa mole para tentar ganhar tempo e poder checar os pontos típicos onde normalmente os fabricantes usam placas ou adesivos para indicar esses detalhes: soleira das portas, embaixo do capô, na grade dianteira …. mas não achei nada!

Daí eu perguntei: “Qual o nome dessa cor?”. Pra minha surpresa, ele respondeu: “Azul Pacific”.

Eu retruquei: “Uai, não é o Azul Grafite?”. Ele disse: “Não, o Azul Grafite é do Sentra. No March, só tem esse Azul Pacific”.

No fim das contas, rondei o carro mais umas duas vezes e não achei o bendito do código universal. Pedi um daqueles panfletos de informações do veículo e a confirmação estava lá. A cor que eu queria era mesmo o tal do “Azul Pacific”.

Faço um parêntese para dizer que pesquisei muito na internet e não consegui garimpar nada. Sites gringos, fóruns de clubes, e nada do código universal!

Voltando à concessionária, saí de lá decidido a ligar no SAC da montadora para questionar diretamente a fonte. No início fui teclando as opções do autoatendimento até chegar a uma gentil atendente que se dispôs a me ajudar. Depois de um tempo de espera, consegui três códigos universais, mas nenhum era o que eu queria.

Quando mudei o foco da pesquisa baseado nessa informação, encontrei o site de um fabricante de tintas automotivas que permitia a consulta da fórmula pelo código, pela montadora e pelo ano do veículo. A partir daí foi rápido até eu fechar em duas opções do famigerado “Azul Pacific”. Imprimi a fórmula, levei à casa de tintas e bingo! Em pouco tempo estava eu com a amostra do tom em mãos para levar ao pintor.

Querem saber o link desse site de fórmulas, né?!

Tá na mão!

Nem tudo que reluz é ouro azul

Essa foi a minha primeira experiência em repintura total de um carro meu, mas como entusiasta há uns bons anos, tive outras vivências de consertos menores com diferentes prestadores de serviços e posso testemunhar: é tudo farinha do mesmo saco!

No fim, cheguei à conclusão de tudo que termina com “…eiro” – marceneiro, pedreiro, lanterneiro, chapeiro – todos sofrem do mesmo mal! Costumo até dizer que tem um lugarzinho mais quente no inferno pra essa galera lá. Afff…

Mas voltando ao assunto do Kadett: combinei o preço fechado, incluindo mão de obra e insumos. Promessa vai e promessa vem, ele disse que ia usar tudo da melhor qualidade, que tinha trabalhado muito anos numa reparadora famosa da cidade. Enfim, de todos os pintores que eu tinha sondado, esse foi o que topou pegar o serviço e tinha o melhor conjunto de qualidades.

Não posso reclamar de uma coisa: ele cumpriu 80% do que prometeu. Me entregou o carro estritamente no prazo. Foram exatos 30 dias de trabalho: o carro entrou dia 20/11 e foi entregue dia 19/12, quase um presente de Natal!

Mas antes de esculachar o coitado, vou mostrar algumas fotos do processo de preparação:

Paralamas batido substituído por outro e alinhamento dos faróis e do parachoque do Kadett GSI:

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Carro empapelado, já com a primeira demão de tinta e cofre pintado de preto:

Carro pintado, envernizado e pronto para polimento:

Olhando assim as fotos alguém pode perguntar: “Pôxa! O carro ficou lindão! Cadê os 20% de mancada do pintor?”

Pois é, embora bem reluzente nas fotos, ao olho nu apareceram alguns defeitinhos que precisarão ser corrigidos para ficar 100%.

No teto surgiram umas bolhas pequenas, como se tivesse caído cisco ou grão de areia. No capô tem um escorrido e alguns “ovinhos” que não foram devidamente alisados com massa/primer. No aerofólio tem outro escorrido também e é bem provável que tenha de ser refeito. Tem uma ou outra coisinha aqui e ali, mas que podem ser superadas com polimento.

Como o carro voltou para minha casa para colocação do motor e remontagem do interior, só depois que ele estiver rodando é que vou levá-lo para arrumar esses detalhes. Já deixei isso bem acertado com o pintor para não ter erro!

Isso também será assunto para o próximo post. Agora vamos ao que interessa:

 

O “coração” novo

Eu também já havia dito no último post que o motor do carro tinha sido completamente refeito com os novos upgrades. Aproveitei uma viagem ao litoral de SP (meu pai tem casa no litoral norte, foi mal aê!) e dei um pulo na Capital para pegar o motor na oficina Home Garage, do meu amigo Daniel Soares.

Em resumo, o motor ganhou pistões forjados IAPEL 88mm, cabeçote novo, kit completo de comando da Kent Cams, upgrade na bomba de óleo, polia do alternador e volante aliviados, além de outros mimos.

Tudo foi montado muito criteriosamente, como vocês podem conferir nas fotos abaixo. Reparem que o kit da Kent Cams inclui um lubrificante especial para a montagem do comando, justamente para assegurar que não haja desgaste prematuro na primeira partida do motor:

Depois de torqueado o cabeçote, o comando foi cuidadosamente enquadrado pelo Daniel conforme recomenda a carta do fabricante, usando relógio comparador. A graduação foi conferida e bateu certinho! Peça gringa é outra coisa!

Mantivemos o defletor de óleo original GM, que é integrado à junta do cárter. Depois de instalar os periféricos, foi a vez da flange do radiador de óleo, que agora trabalhará em conjunto com outra colmeia maior da SPA, já que a original do Kadett GSI estava subdimensionada para o motor de 2.4L (para ser preciso, 2.432cc). Também vemos nas imagens o volante aliviado, juntamente da embreagem Displatec com disco em lona HD (“heavy duty”), que se adaptou muito bem ao projeto, já que segura todo o torque do motor sem trepidar em baixa como as de cerâmica. O pacote de embelezamento fechou com a tampa de válvulas original do motor Flexpower, bem no estilo clichê “lobo em pele de cordeiro”.

 

Câmbio revisado

Todo mundo conhece aquela expressão: “Já que (…)”.

Pois bem. Já que o motor estava fora, decidi revisar o câmbio também. Na verdade, desde que montei o carro pela primeira vez em 2011, eu senti que o câmbio F16CR (de “close ratio“) estava um pouco curto demais com o diferencial 4.19.

Na época eu tinha recebido alguns conselhos nesse sentido, mas preferi não ouvir e pagar para ver. Em parte provei que estava certo, pois andei em muitos trackdays e em quase todos me aproveitei dessa relação curtíssima para me dar bem em pistas como Fazenda Capuava e Velocittá.

Mas nos autódromos de Goiânia e Brasília a prática provou a teoria. Minha 5ª marcha acabava aos 192km/h no final da reta principal de Goiânia quando ainda faltavam uns 300m para a freada. Ou seja, antes de frear eu tinha que segurar um pouco o pé para só então pisar freio efetivamente e contornar a curva. Me faltavam uns 500rpm por alguns poucos segundos.

Tentei subir o corte de giros de 6.500rpm para 6.700rpm. Deu certo, mas ainda continuava judiando do motor.

Só que a partir de agora as coisas serão diferentes. Aproveitando a revisão do câmbio, incluí no pacote a troca do diferencial 4.19 para o 3.94. Isso vai me dar o fôlego que eu precisava para não ficar esgoelando demais o carro, principalmente nessas duas pistas. Na calculadora, esse novo diferencial me dará uma vantagem de aproximadamente 12km/h em 5ª marcha, ou seja, a velocidade final agora será de 205km/h a 6.500rpm. Se eu deixar o corte em 7.000rpm – que são os meus planos – o hell yeah! subirá para 220km/h.

Nem preciso dizer que com a revisão troquei os retentores, cabo da embreagem e óleo de câmbio novo para fechar o pacote! Ah, e desculpem, mas não tem foto dessa parte.

 

Motor no lugar e muito trabalho pela frente

Alguns dias depois de buscar o carro, revisar o câmbio e já estar com o motor em mãos, resolvi subir o motor. Eu podia ter terceirizado esse serviço, mas estranhamente adquiri um ciúme com esse carro que não é qualquer pessoa que eu vou deixar colocar a mão.

Por causa disso, resolvi que eu mesmo colocaria o motor. Já tinha tirado antes com ajuda de um amigo. Colocar não seria problema algum. Chamei uns amigos, comprei uma Coca gelada e mão na massa! O resultado da façanha vocês podem conferir nesse outro vídeo em time lapse:

Motor no lugar, abaixei o capô e já era hora de encerrar o dia! Aproveitando que a bateria da GoPro tinha acabado, guardei as ferramentas e fim.

 

Bottom line

Quando eu comecei na empolgação de reformar o carro no melhor estilo à la Overhaulin’, eu pensei comigo mesmo: “Vou deixar uma GoPro num tripé batendo foto de tudo, depois faço uns vídeos legais e pá!”.

No começo foi bem, tanto que vocês viram o vídeo da desmontagem, o da funilaria e agora o do motor. Quando o carro voltou, meu gás já não mais era o mesmo para ficar trabalhando com a câmera tirando fotos, principalmente porque o trabalho de remontar é muitíssimo mais demorado do que o de desmontar. Haja foto! Não duvide!

Digo isso porque eu tenho comigo uma preocupação estética bem meticulosa. Não gosto de colocar parafusos diferentes numa mesma peça, ou parafusos enferrujados. Aí, o trabalho de montar um farol, que levaria 10 min, passa a levar 1h, porque tenho que encontrar os parafusos corretos, ou dar uma “guariba” e bater um spray, ou até mesmo sair para comprar outros numa ferragista.

No fundo, no fundo, estou mesmo de saco cheio de ficar tirando foto. Estou numa fase de tempo curto e, como faço tudo sozinho, tenho que aproveitar alguns horários atípicos em que é mais importante terminar o serviço do que registrar o processo.

Portanto, para os próximos posts esperem fotos de etapas concluídas e não do passo-a-passo. Talvez role um último vídeo em time lapse de fotos já tiradas e pronto!

E como eu já escrevi demais, o resto da montagem, partida e acerto ficam para aquele que espero seja o texto de conclusão do projeto.

Um abraço!

Por Weiler Júnior, Project Cars #16

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