Olá, amigos gearheads que acompanham, assim como eu, todas as atualizações do FlatOut! Meu nome é Henrique Mitsushi Murakami, tenho 33 anos, casado e com um casal de filhos, e moro em Curitiba/PR. A partir deste post irei contar a história do meu Project Cars, um Chevette SL 1982 com preparação turbo. Vamos nessa?
Minha história com carros, mais especificamente com o Chevette, começou na família, já que meu pai comprou um Chevette Básico 1.4 com quatro marchas, ano 1978, comprado zero km em janeiro de 1978 e foi o único carro da nossa família até 1993, ou seja, até eu ter 11 anos de idade.
Nesse tempo (inicio dos anos 80 até inicio dos anos 90, lembro-me das inúmeras viagens de férias que fizemos em família (meu pai, mãe e meus dois irmãos mais velhos) nesse Chevette com o porta-malas cheio e o bagageiro no teto, saindo de Curitiba/PR para a cidade onde morava minha avó materna, Cassilândia/MS, um trecho de mais 1.000 km, que percorríamos em 15 ou 16 horas! Todos da minha família aprenderam a dirigir nesse Chevette, que infelizmente foi vendido em 1995 por R$ 1.200,00 (na época era um bom dinheiro), e lembro-me muito bem da tristeza que senti ao vê-lo partir com seu novo dono.
Ao completar 18 anos, tirei minha CNH e como já trabalhava, tinha um dinheiro guardado e pedi ajuda financeira ao meu pai para comprar meu primeiro carro, e claro, não poderia ser outro: eu queria um Chevette! Depois de alguma procura, comprei um Chevette Junior 1.0 ano 1992, cor dourada, que foi meu carro de uso diário por cerca de um ano, e após sofrer um acidente leve com ele no dia da minha formatura do curso técnico, o arrumei e o vendi.
Em 2003, com 21 anos e com um emprego melhor, fui atrás de outro Chevette, e após ver o carro estacionado sempre no mesmo lugar, descer do ônibus coletivo só para deixar um bilhete no carro, o dono não me ligar, e eu ficar um dia esperando ele aparecer ao lado do carro, comprei um Chevette SL 1.6/S ano 1989, cor verde com 53.000 km originais.
Nessa época, já estava começando a me tornar um gearhead, e já desejava ter um carro preparado e personalizado, portanto, logo coloquei rodas aro 15, rebaixei suspensão, andei um tempo com ele aspirado com comando de válvula 286° e acerto de carburação, e depois turbinei com 1,0 bar de pressão.
Em 2004, participei da primeira edição da Categoria Desafio, em uma das etapas do Campeonato Paranaense de Arrancada, no AIC – Autódromo Internacional de Curitiba. Essa categoria havia sido criada (e permanece até hoje, com algumas mudanças) com o intuito de motoristas proprietários de carros de rua preparados pudessem acelerar com segurança no Autódromo, e como uma forma de tentar diminuir os rachas na cidade. Essa categoria tinha limite de tempo, onde os carros não poderiam percorrer os 402 metros em menos de 15 segundos.
Com esse meu Chevette Turbo, meu melhor tempo foi 15,3 segundos, passando a 148 km/h. Lembro-me que ali tive minha primeira quebra, onde na última bateria de domingo a tarde, enquanto fazia o burn-out, quebrei meu diferencial. Alguns meses depois, tive que vender o carro por dificuldades financeiras. No período em que tive esse Chevette, passei a frequentar os encontros e atividades do Clube Chevetteiros Curitiba, do qual sou membro ativo até hoje.
Assim que a situação se ajeitou, em 2005 comprei um Chevette DL 1.6/S a álcool ano 1993 (raro de achar DL desse ano), mas com o conhecimento adquirido nesse tempo sobre os modelos de Chevette, passei a admirar mais o modelo Hatch de 1979 à 1982, chamado carinhosamente de Chevette “Codorna” entre os todos os Chevetteiros. Pouco tempo depois vendi esse Chevette DL e comprei um Chevette Hatch SL 1.4, ano 1981, com seu motor 1.4 já turbinado, com 1,5 bar de pressão. Em 2006, participei pela primeira vez de um trackday com esse Chevette Hatch, aqui no AIC, e após isso, sempre que posso, eu participo.
Nenhum Gol conseguiu passar
Em 2007, resolvi experimentar outros tipos de carro, e então vendi esse Chevette Hatch e prometi a mim mesmo que eu ainda teria outro Chevette Hatch, mas ano 1982 (ano do meu nascimento) e que iria legalizar o turbo. Acabei comprando um Kadett GSi 2.0, ano 1994, que tinha preparação aspirada. Andei em um trackday com ele e experimentei a sensação de “desbielar” um motor. Comprei outro motor e logo vendi o Kadett GSi.
Em 2008, comprei um Celta Super 1.4, ano 2005. Com ele resolvi fazer uma preparação aspirada, que rendeu comprovados e bons 125 cv em dinamômetro. Com ele, participei também de trackdays no AIC, onde meu melhor tempo foi de 1:54,279 minutos, e de eventos de arrancada em 201 metros para carros de rua, onde meu melhor tempo foi de 10,02 segundos, passando a 117 km/h. Vendi esse Celta em 2011 para meu cunhado, que até hoje se diverte com ele, e surpreende proprietários desavisados de carros 1.6, 1.8 e até mesmo os 2.0 modernos.
Em 2010, ainda proprietário desse Celta, consegui finalmente cumprir a promessa citada anteriormente: comprei um Chevette Hatch SL, ano 1982 (ano de meu nascimento), com motor 1.6/S, já turbinado, e o melhor de tudo, com as alterações de característica do turbo, faróis de xenon e suspensão rebaixada, todas legalizadas no documento do carro. Mas não foi nada fácil comprar desse Chevette.
Meu amigo Márcio, também membro do Clube Chevetteiros Curitiba, era o proprietário desse Chevette, e eu tive o imenso prazer de acompanhar toda a evolução dessa “Codorna”, desde que o Márcio entrou no Clube, em 2005, quando o carro ainda era original, até o momento em que comprei o carro, com o motor turbo injetado e com as legalizações das alterações já feitas.
Ele resolveu vender o carro e eu não tinha todo o dinheiro para comprá-lo. Pense no meu desespero de não poder comprar um Chevette Hatch que eu já conhecia, exatamente do ano que eu queria e já legalizadas as alterações!!! Em menos de 02 semanas o carro estava vendido, e eu não tinha conseguido todo o dinheiro para comprá-lo, mas assim que consegui (com a ajuda financeira dos meus queridos pais Paulo e Iza), procurei saber do meu amigo Márcio quem tinha comprado o Chevette, e fui atrás da pessoa para tentar comprar dela. Depois de alguma insistência de minha parte — por dois meses! —, a pessoa me vendeu o Chevette! Pensem na minha felicidade!
Mas alegria de gearhead pobre dura pouco. No segundo dia com o Chevette Hatch, um sábado, fui dar uma volta com o carro e numa acelerada que dei, queimou a junta de cabeçote e o motor começou a falhar. Voltei pra casa assim mesmo, e na segunda-feira o carro foi guinchado até a oficina do meu preparador na época, e resolvemos desmontar o motor e revisá-lo por inteiro, afinal, o motor 1.6/S todo original funcionava turbinado há mais de 04 anos.
Com o motor desmontado, foram trocados apenas os anéis dos pistões e todo o bronzinamento, além de revisão do cabeçote e instalação de o´rings no bloco do motor, para a vedação dos cilindros, e com isso não usaríamos mais junta de cabeçote. A turbina de geometria variável modelo T2 que equipava o motor do Chevette Hatch, oriunda de uma van Mercedes Benz Sprinter CDI, já apresentava folga no seu eixo, e com isso, resolvi trocar por uma turbina nova e maior, uma Master Power modelo 802188, com eixo de 49,5 mm e rotor de 46 mm, e usá-la com 1,2 bar de pressão.
Como o motor revisado e turbina nova, passei o a usar o carro diariamente, mas no início de 2011, ao receber a notícia de que tinha conseguido um novo e melhor emprego, ao me dirigir para a empresa em que trabalhava para pedir minha demissão, de tão feliz que estava pela notícia, resolvi dar uma bela acelerada com o carro, mas o motor começou a fumacear, eu parei o carro e motor não funcionou mais. Chamei o guincho, levamos o Chevette pra oficina do meu preparador, e ao abrirmos o motor, descobrimos que o quarto pistão “pediu pra sair” e acabou riscando profundamente a camisa do quarto cilindro.
Como eu ainda tinha o Celta para usar diariamente, o Chevette acabou ficando parado na oficina por meses, e eu tive tempo para então idealizar e traçar o meu objetivo para esse carro, e então iniciar o meu Project Car: um Chevette hatch turbo de rua com 350 cv e no máximo 2 bar de pressão de turbo, com a versatilidade para participar de eventos de carros antigos, sempre representando o Clube Chevetteiros Curitiba, correr em trackdays e exporadicamente em provas de arrancada.
Nos próximos posts, contarei sobre todas as mudanças estéticas e mecânicas que fiz no meu Chevette Hatch Turbo. Fiquem à vontade para comentar. Um abraço a todos, e até breve!
Por Henrique Murakami, Project Cars #238