Tudo certo, pessoal? Vamos voltar ao Project Cars #263, o Chevette V6? Carro e motor apresentados, características detalhadas, é hora de começar o processo de adaptação.
Como o V6 tinha um cárter de alumínio difícil de trabalhar, catei na oficina um cárter de small-block Chevy e começei a cortar, remendar, soldar. Rapidinho ficou pronto. Vale comentar que se realmente se desejar usar o original dele, de alumínio fundido é possível, mas dá um bom trabalho e é bem mais difícil de modificar. O da foto é de um motor feito para um carro de um cliente que insistiu em usar o de alumínio.
De cara já fiz os calços dianteiros do motor e catei uma caixa de mudança de Chevette de cinco marchas e coloquei a capa seca do Opala dos mais novos, de 82 em diante — tanto faz se quatro ou seis cilindros, todos têm a ré para a frente. Com isso a adaptação do motor no carro acabou. O radiador ficou mais pra frente, na medida em que isso só seria necessário com o carro rodando. De cara era óbvio que poderíamos instalar o radiador do Opala quatro-cilindros, que quebraria um galho até o fim do acerto do projeto.
Calço do lado direito, uma mera barra chata com três furos alinhados, em dois deles prendi a barra na travessa usando a furação original do Chevette.
Calço do lado esquerdo, onde para ganhar espaço, desloquei o motor um pouco para a direita do carro, e fiz isso com uma dobra na mesma espécie de barra chata que usei do outro lado. Resolveu super bem e tive espaço para passar os canos de descarga sem interferência na barra de direção.
Escapes originais não cabem. Eu tinha na sucata um escape de tubos que era de uma S10 V6 biturbo, mas que tinha sido mexido. Usei eles, fiz o do carona virado pra frente, e o esquerdo normal, para trás. Com o motor instalado no carro e o arremedo de escape lá, já com a solução visualizada, levei a uma loja de escapamentos aqui em Brasília e o Fabio fez o serviço completo até a traseira do carro.
Depois destes pormenores resolvidos, fui me preocupar com um problema real do projeto: o volante do motor.
Vale explicar em detalhes uns fatos aqui: o V6 usa um volante de 168 dentes, 14″ de diâmetro que pesa ridículos 23 quilos. Além de pesado, não cabe dentro da capa seca do câmbio do Opala. A furação é a mesma dos V8 small-block de 87 em diante. Detalhe: estes volantes têm um contrapeso, são de balanceamento externo. Ou seja, não tem como fazer na tora. Legal, peguei o volante da Blazer, tirei a cremalheira, levei pro torno, cortamos ele no tamanho correto do padrão menor, de 153 dentes, 12 e 3/4″ de diâmetro. Ficou com menos de 14 quilos. Depois, fizemos na retifica (a Retifica Mineira, no Sof Sul em Brasília) uma ferramenta simples para copiar o balanceamento original ao volante copiado.
Usei como comparativo outro volante de small-block. Ficou perfeito e ainda aproveitamos o trabalho para fazer o volante novo adequado a embreagem de Opala, que é a unica que cabe na caixa híbrida meio Chevette cinco marchas meio Opala ré pra frente e vamos nessa.
Tive que fazer uma mudança, já que o bloco vem furado para o motor de arranque usado com o volante de 168 dentes. Fiz o furo que faltava e pudemos montar um arranque Delco normal, original de Opala.
Neste ponto, tudo da adaptação foi resolvido e era a hora de começar a concluir o projeto.
Primeiro, uma ida à lojinha de peças. Compramos coletor de admissão Edelbrock para o V6 originalmente injetado com cabeçotes Vortec, carburador Holley mecânico 450 cfm, distribuidor Mallory Unilite específico pro V6, bomba de gasolina elétrica porque o motor não tem lugar para usar bomba mecânica e aparentemente as maiores necessidades de peças foram resolvidas.
O carro, que estava meio zoado foi rapidamente revigorado, visitou duas oficinas meia boca de funilaria e pintura e estava pelo menos apresentavel. Recebeu rodas de aço aro 14, pneus novos, e vamos nessa.
Meu amigo Felipe foi transferido, hoje mudanças profissionais e o Tuba ficou meio abandonado numa garagem alugada. O radiador nunca foi trocado e foi ficando. Um dia ele me ligou informando que tinha vontade de vender o carro no estado, pois não ia mesmo conseguir fazer muito mais por ele em função de sua nova realidade funcional. Fizemos um acerto e o Tuba veio de volta pra Brasília, desta vez para ficar.
Continua no próximo post…
Por Alexandre Garcia, Project Cars #263