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Project Cars Project Cars #268

Project Cars #268: a história e o início da restauração do meu Chevrolet Kadett

A data era 02/12/2014. Eu e minha namorada descobrimos que nos tornaríamos pais! Mas… espera aí? Estou no site certo? Sim! Meu nome é Caio Rocha e é aqui que começa a história do Project Cars número #268.

 

O primeiro carro

Depois de feito 18 anos, tirado a sonhada carteira de motorista, e estar juntando uma grana para comprar um carro, o que fazer? Passar 60 meses pagando um carro que ficaria preso a uma concessionária por conta da garantia, revisões, IPVA e seguro entre outros ou comprar um carro ótimo, completo, por um preço bom e que provavelmente renderia 50 vezes mais histórias boas e ruins que um carro novo?

Pois bem minha escolha estava feita. Fui eu atrás de um usado bom e completo. Anos atrás um amigo tinha um Kadett GLS 1998 Branco, no qual quando andei gostei muito do carro, confortável, andava muito, e era bonito. Com a grana na mão e depois de pesquisar muito a relação custo/benefício entre os quadradinhos Voyage Sport e Gol GTi, e os GM Kadett GSI e Omega CD 4.1 e ver que todos fugiam do orçamento, depois de tanto matutar cheguei à conclusão: vou atrás de um Kadett. Mas qual pegar? O que mais me atraía na época era o modelo GLS de 1998, só servia se fosse esse! Fiz o cadastro no fórum do Kadett Clube DF e fui direto na seção de classificados. Lá tinha alguns muito bonitos e no último tópico estava ele lá, sendo vendido na época por R$13.500.

Primeiro carro que olhei, andei e gostei. Perfeito: não batia nada, motor com um barulho bonito. Claro tinha algumas coisas para fazer que, quando você é marinheiro de primeira viagem não percebe, porém nada que tirasse a integridade do carro. Depois de negociar, o preço abaixou para R$12.400. Logo após o almoço o DUT estava preenchido e carro em casa. Estava bem feliz pela compra que tinha feito, faltava só transferir e andar.

Tenho ele desde 09/01/2011 e com o passar do tempo, a falta de uma garagem, algumas partes pintadas com material não muito bom, cor diferente, descascados e falta de alguns cuidados a mais que ele merecia fizeram que, com o tempo, o carro fosse perdendo aquele brilho de quando eu o comprei. O antigo dono havia deixado claro: “Vou vender porque onde vou morar não vou ter garagem. Prefiro ver ele na mão de outra pessoa do que se acabando no sol.”

E era justamente o que estava acontecendo. O carro estava se acabando no sol e no tempo. Lembrando que ele é um carro de dia-a-dia, não é carro pra andar só finais de semana.

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Na época a grana era um pouco mais curta que hoje em dia, mas logo que lançaram as rodas Montana Sport com 17 polegadas eu não resisti. Aperta daqui, aperta dali fui lá e montei um jogo no Kadett. Ficou bonito. Estava baixo e com roda, motor feito a pouco tempo e o resto a gente ia levando, aparecia uma coisinha aqui, outra ali, mas sempre dava para fazer.

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De vez em quando me vinha o pensamento de vender o jogo, juntar uma grana e dar uma levantada “mais ou menos” no carro.

Nessa época, cerca de três anos depois da compra, a ação do tempo já aparecia: pintura descascada no capô, retrovisores, aerofólio e para-choques, frisos mal colocados e tirando algumas partes de cores diferentes. Só que até então ser “exclusivo” e ter ficado bonito não tive coragem de me desfazer das rodas. Só que a parte grifada ali em cima, “mais ou menos”, não é meu lema. Penso que se for fazer algo, devo fazer direito. Não faça nada pela metade e se for gastar dinheiro, gaste direito! E com o Kadett sempre foi assim.

Em meados de dezembro de 2014 recebo a maravilhosa e inesperada notícia: “você será pai!”.

 

 

E aqui começa de verdade a história do meu Project Car.

Coincidentemente nessa época no trabalho começou a entrar uma comissão legal, e juntando o fato de me tornar pai e as coisas depois que a criança nascesse provavelmente se tornariam um pouco mais difíceis em relação a tempo e dinheiro. Pensei que fosse precisar adiar a reforma ou talvez eu nem conseguisse fazer.

Que nada! Vou é adiantar a reforma, terminando antes da criança nascer. Depois que tiver com o carro em casa começo a comprar as coisas do bebê. Assim foi feito, não pensei duas vezes. O plano seria me desfazer das rodas enquanto estavam novas e com pneus ótimos, pegar a comissão mensal e entrar de cara nesse projeto. O resto do salário ficaria para as contas, que estavam controladas.

Na concessionária onde eu trabalhava tinha um pintor muito fera. Desde o primeiro dia que entrei fiquei admirando o trabalho que ele fazia nos carros novos que precisavam de retoques pequenos. Sou bastante enjoado com isso e vocês vão ver no decorrer do projeto. Não pensei duas vezes em escalar o cara para a missão.

Ai que entra as rodas. No começo de janeiro de 2014 fiz a jogada: o pintor ficou com as rodas 17” e mais alguma grana no decorrer da reforma. Em troca me devolveria o Kadett totalmente pintado, lindo e brilhando — contanto que eu entregasse o carro para ele só pintar, sem precisar desmontar/montar nada.

E assim foi. Esperei um mês para receber a comissão, no começo de fevereiro ele foi para a reforma.

 

Começando os trabalhos

No sábado dia 01/02/2014, comecei a desmontagem. Comecei tirando o interior, bancos, acabamentos, carpete, borrachas de porta e tudo que fosse possível. Painel cofre do motor e chassi não foram desmontados porque não necessitava.

Com o carro desmontado, o primeiro passo foi o desempeno de longarina.

 

Como assim “desempeno de longarina”?

Desde que comprei algo me incomodava muito era o fato do lado dianteiro direito ser mais baixo que o esquerdo. O motivo provavelmente foi alguma batida ou algo do tipo. Deixei o carro no alinhamento técnico para averiguação e foi constatado que a traseira do carro estava 3 cm torta. Mandei fazer, o carro foi realinhado. Ufa. Tudo certo.

Pois bem, com o carro já desmontado e alinhado, o levei dirigindo para a funilaria. Já me senti 50% satisfeito só por esse misero detalhe. Deixei ele na funilaria, e o combinado era de estar pronto em um mês. Eu e o pintor vimos que não tinha lá muita coisa para fazer no carro, era mole cumprir o prazo. Engano nosso.

Nesse tempo que fiquei sem o Kadett, um outro GM da família me prestou bons serviços. Tratava-se de um Corsa Wind (branco), também 1998.

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O pintor trabalhava comigo de dia na concessionária e de noite no Kadett. Eu saía do serviço, passava na casa da namorada que àquela altura estava lá pelo seus quarto mês de gestação e em seguida ia para a oficina. Assim foi todo o processo da reforma até o carro chegar em casa, eu saía às sete da manhã e chegava em casa por volta da meia-noite.

 

Primeiras novidades

O carro já estava na oficina, eu já tinha conseguido um carro “reserva”. O Kadett ficou de molho um tempo aguardando o término de alguns serviços que estavam na frente. Nesse meio tempo, um amigo de clube entrou em contato comigo, falando que tinha um conhecido que estava desmanchando um Kadett GSI por ter se envolvido em um acidente.

– Caio, vi esse carro e lembrei de você que tá ai reformando o carro. Aproveita que seu carro tá desmontado e vai pintar e coloca logo um teto solar. Só que aqui tem um probleminha, o carro foi capotado!”

– Como assim? Teto solar? Capotado? Sei lá, até que não seria uma má ideia, o carro ia ficar lindo, vamos ver!

Chegando lá deparo com o acidentado.

Pensei: “Cara que porcaria, não dá pra aproveitar essa folha de teto”. Olhando por dentro todo o acabamento do teto estava lindo: o forro, o par de quebra-sois, cortina do teto, conjunto de alças. Nada precisaria de reforma, somente um pano e olhe lá. Claro, eu não poderia fazer essa compra sem antes falar com o pintor.

-Teto solar? Sério? Vamos ter que ver com o Serjão.

Se o Vanderlei é o fera da pintura, o Serjão é o fera da lanternagem. São irmãos e trabalham juntos de noite. Acordo feito, teto-solar incluído na tramoia. Voltei lá, cortei nas colunas, e tudo que estava acima dela era meu. Levei embora deixando o GSI sem teto.

Chegando na oficina o Serjão solta essa:

– Cara você é mesmo muito doido, vai mexer no teto do carro? Descravar os pontos de fábrica e tudo mais?

– Claro, por que não?

– Então, tá, nunca fiz isso antes, bora ver o que sai.

Juro que bateu um mini desespero e comecei a pensar nisso:

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No outro dia, desmontei tudo e deixei só a folha na oficina, as outras peças já estavam em casa todas limpas e guardadas esperando.

O plano do teto solar era o seguinte: a folha que tinha o buraco estava com a metade de trás irrecuperável. Não consegui achar um outro doador com a folha legal e não dava pra fazer o buraco artesanalmente porque ninguém ali sabia como fazer isso. No fim, a folha do teto foi cortada no meio e e soldada a partir dali. Juntando que o Serjão nunca tinha feito isso e o trabalho ia ser duas vezes mais complicado pelo fato da solda não ser MIG.

Mas havia uma esperança: um amigo do Kadetteiros já tinha feito esse mesmo processo do meio da folha e ficou perfeito. Nem tudo estava perdido.

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Segui para a oficina, e o Serjão falou:

— Certeza que vai pôr o teto?

— Claro, tenho sim.

— Então escuta isso, TÁ,TÁ, TÁ, TÁ, TÁ, TÁ, TÁ, TÁ, TÁ, TÁ.

— Agora não tem mais volta!

Juro que nessa hora tive um mini-ataque cardíaco:

— Mano! Vai devagar, coitado.

É… agora não tem mais volta mesmo. Nos próximos capítulos conto o resto desta saga. Até lá!

 

Por Caio Rocha, Project Cars #268

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