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Project Cars Project Cars #305

Project Cars #305: a retomada do meu Fusca 1300 1961

Por Gustavo Oliveira, Project Cars #305

Bom pessoal, estou de volta! Essa semana o episódio 25 do Flatout Podcast me fez pensar sobre a importância que os fóruns de discussão e a sessão Project Cars têm. Abandonamos os fóruns para dar lugar aos grupos de Whatsapp e as informações ficaram dispersas. Percebi também que frequentemente estou revisitando posts antigos do Project Cars para tirar dúvidas nas minhas lasanhices. Essa questão levantada pela bancada me deu uma enorme motivação para voltar a escrever sobre o meu carro, então vamos lá!

Meu último post saiu em um momento bem intenso da minha vida. Estava me preparando para um concurso público, então o tempo para me dedicar ao carro era bem escasso. Mas a trancos e barrancos, consegui terminar o motor, montar e iniciar o acerto.

Realmente foi o início do acerto pois já não deu certo logo no princípio: Montei as latas defletoras que vão por baixo dos cilindros de forma errada, calçando os cabeçotes e causando vazamento de compressão, então não tinha escapatória, tinha que descer o motor novamente para fazer o reparo:

Serviço finalizado e no dia que subi o motor, saiu o tão esperado edital. Tinha somente três meses até o dia da prova escrita, então somente guardei as ferramentas e fui estudar:

Depois de uma dedicação intensa, as provas foram adiadas próximo a sua data. Aquilo foi algo que me deixou muito frustrado, pois estava em um ritmo de estudo muito forte e agora teria que recomeçar. Não teve jeito, peguei uma semana para mexer no carro e esfriar a cabeça. Montei tudo e aproveitei para subir também um par de Solex 40 que havia caído no meu colo:

Esse foi o melhor resultado alcançado. Tão perto e tão longe de poder voltar a curtir com esse carro. Como vou fazer para conseguir me concentrar nessa situação? Todas conversas que tinha com pessoas com mais experiência diziam que era uma coisa simples para resolver isso: Ah, confere as válvulas, deve ser isso! Não foi. Então confere o ponto, não tem erro, vai ser isso! Não foi. Confere a vedação da admissão, só pode ser ela! O carro já funcionava todo errado, então não consegui fazer esse teste direito. Então confere a linha de combustível e instala um desborbulhador, a lenta vai ficar lisa. Também não deu certo! Entrei em um loop onde não conseguia concentração suficiente para estudar e também não conseguia resolver esse “simples” problema no funcionamento do carro.

Na tentativa de parar de pensar com isso, terceirizei o resto do serviço. Levei em um preparador “experiente” com a mecânica aircooled para concluir o serviço, afinal o que pode dar de errado? Coloquei o carro no guincho e deixei na porta da oficina.

Disse que não precisaria ter pressa e passei a ficha do carro: 1600, todo balanceado, bielas e pistões equalizados, comando original, 12,5:1 de taxa, cabeçotes com câmaras equalizadas, formato AP, dutos com desenho modificado, etc… Terminei de falar e me veio um sinal claro de que não deveria deixar o carro ali: uma mistura do ponto de interrogação que apareceu na testa do sujeito da retífica em algum post anterior e o pensamento de como esse menino com essa cara de besta (tenho esse problema: uma baita cara de besta) conseguiu fazer tudo isso em casa? Mas realmente, eu estava desesperado para que alguém que não fosse eu pudesse resolver esse problema, enquanto ficava em paz estudando em casa.

Em um primeiro momento, foi um caos para ele: linha de combustível entupiu, coxim de cambio quebrou, problemas elétricos de ignição, buraco na aceleração, acionamento de carburadores e por último a embreagem começando a patinar. Para mim estava ótimo: ele quebrando a cabeça com o carro e eu podendo resolver meus problemas em casa. Até que vem a ligação: preciso que você venha até a oficina… Isso nunca acaba bem. Chegando lá, ele me mostra o carro funcionado liso na marcha lenta, um cheiro de excesso absurdo de álcool (apesar de errado, quem não gosta de cheiro de excesso de álcool, boa pessoa não é), e a rotação subindo liso com o carro parado. Aquilo pra mim foi um alívio! Finalmente as coisas estavam avançando. Pedi para andar, mas ele prontamente me disse que não estava em condições, pois o carro tinha um buraco na aceleração (?) e já me veio com o diagnóstico: seu comando está gasto, tem que trocar. Senhores, eu realmente não estava nem pensando direito, só perguntei o valor da brincadeira e falei: faz teu nome!

Minha cabeça não estava mais no carro, faltavam poucos dias para a minha prova e o mecânico disse que o problema estava no comando. Vai ser um baita rombo no orçamento, mas não vou me preocupar com isso.
No dia seguinte ele abriu o motor e mandou o diagnóstico: vai aproveitar só o bloco e o virabrequim, o resto pode trazer tudo novo se não, não monto. Meu amigo, que tapa na cara! Todo o meu estudo, trabalho e investimento tratados como nada, tudo isso jogado pelo ralo. Pedi para ele parar o serviço e encaixotar tudo. Fui de guincho com o motor montado só para acertar e voltei de guincho de novo com o motor desmontado dentro de uma caixa. Uma palavra: frustração.

Depois de algumas semanas, conversando com várias pessoas sobre o ocorrido, cheguei às seguintes conclusões: comando gasto não poderia causar esse comportamento. Em uma situação onde o desgaste estivesse bem acentuado o motor funcionaria quadrado, mas não com um buraco na aceleração. Inclusive a maior diferença que o mecânico encontrou foi de 0,42mm entre os cames de escapamento (medindo diretamente no comando). E sejamos razoáveis, em um motor como o do Fusca, onde para substituir essa peça é necessário desmontar o motor quase que por completo, não seria mais inteligente diagnosticar isso medindo pela válvula? Um relógio comparador e uma polia graduada já descartariam esse diagnóstico! O mais provável é que houvesse uma falha na vedação dos carburadores, mas infelizmente não consegui descobrir o que de fato aconteceu, pois o motor estava desmontado.

Após alguns dias do ocorrido, um amigo estava indo para um encontro de aircooleds próximo ao local onde o Zotti mora. Aproveitei a oportunidade e pedi que levasse o motor, para que voltasse já montado e acertado. Afinal, o que poderia dar de errado? Fui deixado levar pela Jaque e desandou de vez o projeto do carro: já que está desmontado e a Lepe está encerrando a produção dos virabrequins de 78mm, caiu um no meu colo. Já que vai vir com virabrequim cursado vamos por um comandinho melhor? Mas comando “pequeno” é coisa de fresco, vamos por pra arder mesmo, beirando os 300 graus! Já que vai aumentar o RL e vai girar mais, pode ser que o kit MEC não aguente… Então vamos precisar de um kit de camisas e pistões novos. Para não retirar tanto material da carcaça ao adaptar o virabrequim novo, vamos usar umas bielas especiais da AA que não necessitam de retirar tanto material. Já que temos mais curso e rotação, não dá pra manter os cabeçotes com essas válvulas originais certo? Então vamos trocar as válvulas, varetas, molas, etc… Novamente entrei em um ciclo que não se resolvia e fiquei nele aguardando sobrar dinheiro para importar as peças.

O motor do carro ficou na casa do Zotti em SP aguardando as peças por muito tempo. Era para ser algo rápido, mas essa minha vontade de fazer m**** acabou com tudo novamente.

Em 2017 iria me casar no fim do primeiro semestre e logicamente o carro que me levaria e depois traria eu e minha esposa para casa seria o Fusca. Com o ajuda do meu amigo Wendel, misturamos dois motores em um só. 1300, carburação simples e platinado, mas funcionando e andando sem ajuda de guinchos:

Sim, tenho que colocar essas lanternas na posição correta

De aquela época até o início desse ano, não houveram muitas alterações. O motor seguia longe aguardando peças, por um curto período usei o carro para ir trabalhar todo dia, fiquei o ano de 2017 todo a cargo das etapas do concurso, o ano de 2018 fiquei a cargo do curso de formação, em 2019 quando achei que teria tempo, o carro ficou esquecido na garagem e acabei devolvendo o motor que era emprestado.
Acredito que me desgastei tanto estudando esse tempo todo, que quando as coisas começaram a dar certo, não tinha outro jeito, além de mergulhar no mundo das lasanhas. Foi ótimo, mas o fusca acabou ficando de lado. Passaram por aqui: Golf GTI MK3, Audi A3 8L, o retorno do Golf MK3 (dessa vez com o motor quebrado e uma injeção programável com chicote de fio de chuveiro), Parati 89 turbo, Peugeot 106, Ford Ka XR (que ficou comigo por dois dias) e, por fim, um Sandero RS. Esse ano eu cansei de me aborrecer com essas lasanhas enquanto o Fusca estava abandonado na garagem, então me organizei para que dessa vez as coisas possam andar.

Então os próximos passos são esses:

1) Trazer o motor de volta;
2)  Reativar o carro;
3)  Revisar os seus sistemas, visando o uso do “novo motor”;
4)  Revisar as peças do motor e ver o que é necessário ser substituído;
5)  Montagem e instalação da nova mecânica;
6)  Acerto.

Então é isso! Vamos com tudo!