Olá, gearheads! Me chamo Luis Carlos Silva, sou de São Luís e venho aqui contar a minha história da realização de um sonho de adolescente: ter um Kadett GSi. Acredito que todos os apaixonados por carro tiveram um amor que surgiu nessa fase da vida. Lembro-me bem quando passava nas ruas do meu bairro um Kadett GSi branco com seu painel digital, suspensão a ar na traseira e aquele ronco vindo do abafador Kadron. Ficava só namorando e prometendo a mim mesmo que um dia teria um carro daqueles.
Minha paixão por carros começou cedo. Desde criança, aos sábados, acompanhava meu pai até a empresa dele, onde passava a manhã e, às vezes, a tarde inteira na oficina. Acompanhava a rotina dos mecânicos e eletricistas que davam manutenção em D1400, D20, F-1000, FIAT Prêmio, VW Voyage… Vez ou outra me davam um trabalho como assentar válvulas de um motor batido ou desmontar e limpar algum carburador Solex. Achava o máximo! Chegava em casa imundo de graxa e óleo. Nem preciso dizer que minha mãe faltava enfartar dizendo pro meu pai: “tu não olha esse menino!” Aos 10 anos, com muita dificuldade por causa do meu tamanho, aprendi a dirigir no pátio dessa mesma empresa. Pronto, foi o suficiente pra ter a minha primeira meta na vida: tirar a carteira de motorista!
Os anos se passaram, a carteira finalmente chegou. À minha disposição, tinha o único carro da família: um Mille Fire 2001 que dividia entre as minhas “necessidades”, as da casa e, logo depois, as do meu irmão. Por isso, surgiu mais uma meta: comprar um carro, meu primeiro carro. O escolhido foi um Chevette DL verde, que estava parado na garagem do dono que havia falecido há muito tempo. Comprei por R$ 1000, mandei dar uma geral no carburador, cabos de vela, tampa do distribuidor e regulagem de válvulas. Pronto, foi o suficiente pra me divertir (e me estressar!) muito com meu primeiro carro, andando e, algumas vezes, pregando nas ruas de São Luis.
Após oito meses de uso, precisei vender meu Chevette, com muita tristeza mas era necessário. Um carro muito gostoso de andar, fácil e barato de manter. É um modelo que recomendo a todos! Ainda vou ter um novamente! Uma pena não ter feito nenhum registro fotográfico dele, mas o interior bege e aquele cheirinho de álcool ficarão para sempre em minha memória.
Algum tempo depois, tive meu segundo carro: um Monza SL/E 1990. Esse sim me fez aprender muito sobre mecânica e despertar aquela vontade de fazer um carro do teu jeito, com teus gostos e por que não, dar aquela apimentada no motor do rapaz? Ele é originalmente um 2.0 com carburador Brosol 2E a gasolina. Motor com bom torque, como todo GM de 2 litros, e bem suave devido a sua relação R/L ser favorável.
De imediato, após a reforma de pintura e lataria, algumas ideias surgiram para modernizar aquele jovem de 25 anos. Aposentar o carburador era a primeira delas, pois, como dizem, carburador é poesia, injeção é razão. Pesquisei muito sobre qual tipo e modelo de injeção eu poderia lançar mão, sempre buscando o melhor custo-benefício. Cheguei a cotar diversas vezes a Fuel Tech, mas o seu preço era proibitivo para um jovem estudante de Engenharia Elétrica. Foi aí que conheci a Megasquirt através de meu amigo Rafaelo, que me deu todo suporte para as adaptações e desafios que viriam pela frente.
Optei por dar continuidade à atualização do Monza através da Megasquirt 2, que na época custava 1/3 do valor da Fuel Tech, e ainda trazia mais recursos que qualquer outro produto do mercado. Em contrapartida, a Megasquirt 2 exige mais conhecimento de eletrônica, principalmente, pois é um projeto DIY.
Após alguns meses de pesquisa e investimento, decidi instalar também a parte superior (cabeçote, comando de válvulas e coletor de admissão) do último modelo do Vectra/Astra, vulgarmente conhecido como roletado.
Na teoria, utilizando esse conjunto mecânico e fazendo o escapamento dimensionado, teria em torno de 140 cv ou mais, por um preço muito atrativo. O resultado foi excelente! Na época da execução desse projeto, aprendi bastante sobre mecânica, eletrônica e acerto de motores. Rodei por muito tempo com a Mega, adquirindo mais experiência no campo de ajustes e recursos que ela possui.
Logo em seguida, surgiu a oportunidade do meu irmão adquirir um Kadett GSI 93 prata completo! Eu ainda não conhecia o GSi prata, só tinha visto Kadett GSi nas cores branca, preta e vermelha rodando na minha cidade. Pouco tempo depois, ele resolveu vender o carro e me ofereceu. Não pensei duas vezes e comprei (fiado, devo até hoje! Devo, não nego, pago quando puder!) o carro que era do meu irmão. Enfim realizei meu sonho!
Com um carro esportivo por natureza, me veio a inspiração de melhorar ainda mais o que já tinha feito no Monza, cujo resultado havia sido além das minhas expectativas.
As principais ideias para o projeto do meu Kadett eram:
– repetir a instalação do conjunto mecânico do último Vectra/Astra;
– aumentar ainda mais a taxa de compressão para algo em torno de 12,5:1;
– instalar a Megasquirt 3;
– melhorar o sistema de ignição por meio de quatro bobinas da Accel usadas no Mustang V8;
– instalar o sensor de fase no comando de válvulas para ter um sistema de injeção sequencial;
– realizar um upgrade no sistema de freio utilizando pinças e discos de freio maiores nas quatro rodas;
– coletor de escapamento 4×1 em aço inox com tubulação em 2″;
– dois abafadores Magnaflow;
– utilizar roda fônica interna ao bloco (pois no Monza utilizava externa acoplada à polia de acessórios).
Bom pessoal, essa foi a apresentação do meu projeto. Nos próximos posts detalharei tudo o que já foi feito no carro, as dificuldades e adaptações e, por último (aos 45 do segundo tempo), uma mudança radical nos meus planos: a instalação de um cabeçote 16V, oriundo do famigerado C20XE, doado de um Vectra GSi.
Muito obrigado e até o próximo post!
Luis Carlos
Por Luis Carlos, Project Cars #316