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Project Cars Project Cars #322

Project Cars #322: a transformação de um Fusca em um Volksrod

Olá, me chamo Leonardo Muller, tenho 21 anos e sou estudante de engenharia. Moro em Caxias do Sul/RS e temos uma grande cena de VW refrigerados a ar na região — é aqui que acontece o encontro Sul Brasileiro que reúne muitos carros. Vou introduzir aqui meu projeto, que foi idealizado há um bom tempo, mas que veio sofrendo mudanças conforme eu me aprofundava nesse mundo sem volta.

Tudo começou quando meu avô me levava para sua chácara diariamente em seu Fusca 79, comprado 0 km. Antes deste exemplar, ele possuiu somente um 1974, ou seja, meu avô nunca dirigiu outro modelo de carro até hoje (!). O primeiro carro de meu pai foi um fusca Amarelo Manga/Laranja Bittersweet 1972; meu tio também tem outros dois, comprados 0 km pelo seu pai na década de 70.

Eu não tinha escolha, meu primeiro carro teria de ser um Fusca. Assim entrou para a família um exemplar 1975 Bege Ipanema, comprado com o suado salário de estagiário aos meus 17 anos.

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Ao fundo, o 1979 de meu avô, também Bege Ipanema.

Mas também havia outro lado, eu trabalhava em uma vinícola de meus tios-avôs durante as férias escolares, onde depois de cumprir o serviço tinha permissão para dirigir um surrado Jeep Willys, motorizado com um small block 272 Ford. Sua real função era puxar carretas carregadas de uva através dos parreirais. Mesmo o 272 sendo um V8 “pacato”, era o maior motivo de eu ir para lá durante as férias, afinal dirigir um velho caixote corroído com tração traseira nas estradas de terra é muito divertido. De quebra, aprendi todos os fundamentos de manutenção montando e desmontando aquele primitivo carburador, limpando distribuidor, sangrando freios etc.

 

O projeto

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Ainda sem o espaçador para o quadro da suspensão, mas já com os cortes feitos. Este “bojo” já foi recortado rente ao capô, assim como o traseiro.

A ideia começou como um rat rod de baixo orçamento. Mas queria algo diferente e que eu soubesse fazer boa parte do serviço necessário em casa. (Vou detalhar as fontes de informações, livros, sites, conforme forem desenvolvidos os assuntos nos posts, afinal DIY).

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Comecei a pesquisar, e então descobri os fuscas que corriam nas planícies de sal nos anos 60. Modalidade onde nasceram grandes marcas de performance como EMPI, Scat e Flat4. Carros que tinham seus tetos rebaixados e para lamas de fibra com aerodinâmica mais favorável.

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Junto a essa pesquisa, me deparei com os volksrods, fuscas sem nenhum dos quatro para-lamas, teto rebaixado e entre-eixos alogado, como o nome diz, é uma referência clara aos hot rods típicos. Muitos optavam por utilizar chassis tubulares e V8 dianteiros expostos. Claro que essa foi a minha primeira opção, mas o maldito baixo orçamento reinou e para alívio dos puristas (e meu também, assim não sou apedrejado) estou utilizando o chassi e base do próprio Fusca, além de manter o boxer refrigerado a ar na traseira.

Comecei a juntar peças ainda em 2011, mesmo sem ter tanta certeza do setup, conforme as possibilidades apareciam e agradavam meu bolso. Weber 40, Superchager Eaton M45, pareciam peças boas para se ter em casa. Mas como não saía nada do papel, elas eram vendidas com o mesmo critério. Hoje lamento ter vendido este compressor que citei, está muito mais difícil de encontrá-lo atualmente, com preço justo então…

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Até que em junho do ano passado (2015), acabei comprando mais um Fusca, que achei íntegro estruturalmente e compatível ao projeto. Assim meus fins de semanas estão sendo árduos, afinal trabalho e sou universitário, tempo é quase tão limitado quanto o orçamento.

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Provavelmente salvo do ferro do velho.

Enfim, vou citar aqui o que já foi feito:

  • Carroceria modificada e restaurada;
  • Chassis restaurado e alongado utilizando “beam extender” (vou explicar no próximo post tudo sobre isso e o processo para rebaixar o teto);
  • Montagem de freios a disco na dianteira (o carro comprado utiliza furação mais antiga, 5x205mm, ou seja, originalmente há somente a opção a tambor);
  • Suspensão (na altura original, em primeira mão);
  • Sistema de direção (buchas e terminais em geral).

O que está no cronograma para esse próximo mês, onde graças às férias, pretendo fazer um bom avanço:

  • Fixação da carroceria novamente ao chassis;
  • Novo chicote elétrico, fixação das lanternas traseiras e dianteiras (Cópias em inox do Ford 1930, ainda preciso projetar os suportes);
  • Desmontagem do motor.

Desde que comprei o carro, ele chegou de guincho, e não sei o estado atual do motor, ou mesmo a configuração montada. Aparentemente parece um 1300 cc simples, nos padrões antigos. A ideia é montar um motor a prova de problemas porque no futuro pretendo substituí-lo por um 6 cil do Corvair GM, nada certo ainda, só especulação (se Fittipaldi colocou em um Karmann Ghia, porque eu não posso? Talvez porque eu não seja o Fittipaldi).

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De qualquer forma, não sei o que vou encontrar pela frente, mas a base seria um bloco íntegro com cilindros e pistões de ø 88 mm para entregar um deslocamento de cerca de 1.700 cc, (com virabrequim original de 69 mm de curso); comando W120 com 294 graus de duração; balancins cursados de 1.25 graus de levante, e cabeçotes com dutos trabalhados. Com a relação de diferencial curta, 8×35, acredito que consiga uma boa faixa de torque, o suficiente para que um carro com ~900 kgs seja bem divertido. Quando montar o motor vou detalhar mais sobre as modificações para melhorar o arrefecimento e também porque escolhi essa formatação.

As rodas são uma dúvida cruel, qual ninguém sabe me dizer ou opinar com franqueza. Por estética, utilizaria de miolos fechados 14” montados em aros 16×5. Rodas essas calçadas com pneus diagonais 6.50X16 na traseira e 6.00×16 na dianteira, pneus encontrados em caminhonetes como C10 e F100. O visual é na minha opinião muito agradável, mas com uma tala pequena e raio de giro maior que o original (além é claro, de serem diagonais), qualquer um pode deduzir que não seria a melhor escolha, pensando um pouco em eficiência.

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Outra opção, seria as rodas Fumagalli, 15×7” na traseira, montadas em pneus 215/65R15 Cooper Cobra, e simples 165/60R15 na dianteira. Na verdade não sei direito o que pensar sobre, até mesmo porque tenho outras prioridades antes de definir isto. Há quem use rodas de Ford modelo A aro 16”, tem todo um destaque por serem raiadas, mas eu teria de usar adaptadores para acertar a furação (os tambores não podem ser refurados), isso é algo que não me agrada.

Enfim, peço desculpas pelo post excessivamente longo e que não agrega tanto conhecimento técnico a vocês leitores, mas prometo detalhar ao máximo nos próximos textos, conforme for abordando os tópicos. É uma honra estar contribuindo com o FlatOut!, gostaria de agradecer a oportunidade e também a atenção de quem leu meu humilde post escrito por um leigo. Todos os comentários serão bem vindos.

Abraços!

Por Leonardo Muller, Project Cars #322

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