Saudações! Agradecer é um humilde e necessário ato. Por isso agradeço a turma que votou no meu modesto projeto, dentre tantos outros aqui inscritos, permitido-me compartilhar histórias e trocar conhecimento.
Fica meu muito obrigado!
Contrariando, talvez, uma tendência entre os entusiastas automotivos que contaram suas ricas experiências aqui no Project Cars, minha história com carros não começou na infância e nem teve um elo familiar que fora herdado. Enquanto criança, no máximo, acompanhava a F1 através de uma velha TV, brincava com carros de brinquedo e só. Por limitações financeiras, não tínhamos automóvel em casa.
O tempo passou e, em agosto de 2005, recebi o convite para trabalhar na área de TI em um município da região metropolitana de Salvador. Em novembro do mesmo ano, resolvi comprar meu primeiro carro já que a necessidade de deslocamento de forma mais confortável e independente era gritante. Após definir o “orçamento”, saí em busca do carango.
A compra
O processo de compra foi um tanto quanto emocionante e engraçado. Emocionante pela compra do tão sonhado primeiro carro (levando em conta que eu já tinha 30 anos na época) e engraçado pelo simples fato de que, este que está aqui digitando, não sabia dirigir ou melhor, não tinha nenhuma experiência ao volante (What the Fu**???).
Ao menos foi tudo muito rápido. Ao lado do setor que eu trabalhava, existe (até hoje) uma loja de seminovos. Fui até lá, olhei o estoque e nada interessou. Quando estava saíndo, me deparo com um pequeno hatch azul estacionado no meio do pátio. Perguntei ao vendedor o valor e ele disse que não estava a venda pois era o “carro da mulher do patrão”.
Voltei para conversar com o dono da loja e falei que queria comprar o pequeno azul que estava no pátio, mas que não tinha um Real no bolso (Fato!). Ele topou vender o carro mas antes, me convida para dirigir o mesmo! Estava pronta a receita para pagar um tremendo mico. Eis que solto a frase que me salvou da vergonha: “Quem testa meus carros é meu mecânico, prefiro que você mesmo dirija enquanto eu observo o carro”. Yeah! Reputação salva.
Após um breve passeio que foi puro placebo pois eu não entendia “PN” sobre carros, preenchi a papelada do financiamento e fiquei no aguardo da análise de crédito. Receita bacana para um looooongo final de semana.
Preenchi a papelada em uma quinta-feira. Sábado, recebo uma ligação do banco e, milagrosamente, meu pedido de financiamento fora aprovado!
Euforia que, segundo o Google:
“substantivo feminino
1. psicop estado caracterizado por alegria, despreocupação, otimismo e bem-estar físico, mas que não corresponde nem às condições de vida, nem ao estado físico objetivo.
2. psicop sintoma comum a várias patologias e tb. a algumas intoxicações (álcool, drogas), que se acredita contribuir para explicar a dependência. “
Bem, como eu não havia bebido e sou careta o suficiente para não usar drogas ilícitas, a situação foi a descrita no item 1.
Segunda-feira, chego na loja literalmente como um “pinto no lixo”. Providencio uma despachante para tratar da burocracia e, no mesmo dia, saio com o meu Peugeot 106 1.0 Soleil 4 portas.
Inicia-se assim, uma história de amor e ódio (tal qual a melhor novela mexicana exibida N vezes no SBT consegue descrever) entre este humilde e neófito entusiasta automotivo e o “Smurf”, meu primeiro carro e que está comigo há quase onze anos!
O Primeiro Ato
Apesar da experiência zero com carros, procurei me informar sobre quais ações básicas eu deveria tomar após comprar um carro usado. Levei o “Smurf” para sua primeira revisão e, eis que aprendo a primeira lição: Sempre avalie a birosca do carro antes de comprar!
O carro, não tinha nenhum problema mecânico grave, mas somava uma considerável lista de pequenos detalhes para serem resolvidos, com destaque para os freios traseiros, onde as linhas de freio estavam isoladas com pregos (sim, pregos!) devido ao péssimo estado dos “burrinhos”.
Além dos “burrinhos” traseiros, troquei todas as correias, tensor, flúidos, velas, cabos de vela, dentre outros itens que, após uma calorosa discussão, foram pagos pela loja onde adquiri o pacato 106.
Ah! Para completar, o ar condicionado não esta funcionando e aqui vale citar que andar de carro no verão baiano sem ar-condicionado é pedir para ser “flambado” enquanto vivo. Problema resolvido com uma carga de gás.
Cenas dos próximos capítulos
Bem, entre a compra do carro em novembro de 2005 até meados de 2010, utilizei o “Smurf” no dia a dia sem dó. O carro era econômico e exigia baixa manutenção. Com ele colecionei algumas histórias do cotidiano, como aprender a parar um carro sem freio, atravessar um lamaçal a implementar um computador embarcado (no porta-luvas) rodando Linux (http://nanda.sourceforge.net/).
Cito meados de 2010 porque foi neste período que tive a primeira grande dor de cabeça com um problema mecânico no carro, o que inclui ser passado pra trás por mecânicos desonestos e começar a “estudar” mecânica por conta própria.
Nos próximos posts contarei um pouco do calvário entre oficinas de conduta duvidosa, cadastro em fóruns, ao início do projeto de preparação do 106 e o porque do sufixo “De Pai para Filho”.
Até breve.
Por Cristian Privat, Project Cars #339