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Project Cars Project Cars #384

Project Cars #384: a história do meu Mitsubishi Eclipse GS-T

 

Olá a todos os gearheads do FlatOut! Meu nome é Marcelo Polverari e vou contar a vocês a história do meu carro! Um Mitsubishi Eclipse GS-T 1995/1995

Assim como aconteceu com a maioria de vocês, imagino eu, conheci o carro quando ainda era bem novo, 11 anos para ser mais exato, quando fui a casa de um colega jogar o famigerado Need for Speed Underground 2.

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Lembro que eu estava com eles, jogando em 2003 e apesar de já ter desbloqueado vários outros carros, gostava muito do design do Eclipse e levava ele ao máximo de “Tuning”, deixando de jogar com outros clássicos da época como o Ford Mustang GT, 3000GT e Nissan Skyline GT-R R34 V-spec.

Um belo dia quando eu cheguei em casa comentei para o meu pai (que tinha um Fusquinha Bege 1974 1300 com motor 1600) que queria ter um Eclipse e ele apenas deu de ombros como quem não fazia ideia de que carro era aquele e com a sapiência de um pai que sabia que provavelmente custaria muito caro para eu ter antes de me formar – o que ainda ia levar um tempo considerável.

A propósito, cinco anos após a venda, tive o prazer de encontrar o fusca do meu falecido pai rodando nas ruas da cidade onde eu morava antes de ir trabalhar no exército, vou deixar aqui as fotos que tirei para ilustrar um pouco e ao mesmo tempo homenagear ele e esse heróico carrinho, que me levou pra passeios sensacionais e será uma eterna parte da minha vida e da minha infância. Te amo, pai!

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Vários anos se passaram e a paixão pelo carro continuou, porém, não com aquela força de antes afinal eu passava todos os dias da minha vida jogando NFSU2.

Aos 16 anos saí de casa pra iniciar a minha formação, fui para a EsPCEx em Campinas/SP e depois tive que passar mais quatro anos na AMAN em Resende/RJ, um tanto quanto isolado do mundo externo tendo em vista a formação em regime de semi-internato, até enfim me formar no final de 2014. (11 anos já tinham se passado desde que eu conheci o Eclipse nos jogos)

Me formei e vi 99% dos meus amigos indo em feirões de carros da Peugeot, da Ford, da Chevrolet para comprarem seus carros 0km. Aqueles que tinham em mente se casar em breve, compravam seminovos. Vi de tudo! Desde os mais animados que queriam curtir a vida comprando carros de R$ 100.000,00 até os mais preocupados com casamento e comprar um imóvel que compravam seu 1.0 seminovo em preços bem mais acessíveis.

Como eu entrei muito cedo (16 anos) eu não tive a oportunidade de tirar carteira antes e com o passar do tempo fui me enrolando para conseguir a habilitação, então, me formei com 21 anos sem saber dirigir e, como me mudei para uma cidade bem pequena (Caçapava – SP) e moro a 1km do quartel, acabei ficando bem acomodado com a situação.

Com o tempo eu vi que precisava realmente de um carro: Queria viajar sem ser de carona, ir pro quartel de carro num dia que estava chovendo, sair com a namorada para ir ao shopping ou em algum lugar sem ter que ser de táxi, levar minha mãe ao hospital quando estivesse em Juiz de Fora/MG, essas coisas! Então em Fevereiro comecei a tirar a habilitação e finalizei no começo de abril!

Ok, hora de comprar o carro! Na mesma hora era como se a bigorna do Frajola tivesse caído na minha cabeça e lembrei do Eclipse! Acho que eu não preciso contar pra vocês que meu irmão não me apoiou, minha mãe disse que eu era maluco, meus amigos riram e todas as pessoas para as quais pedi opinião foram contra a compra do carro, inclusive alguns vendedores. Só a minha namorada me apoiou, talvez por saber tanto de carros quanto eu. Corri para a webmotors, olx e comecei a procurar um carro. Ah, um detalhe interessante: eu não sabia nada de carros. Eu não sabia nada sobre preços, mecânica, importados, conforto, torque, potência, não fazia a mínima ideia de nada, não tinha parâmetros além do Fusca e do Ford Ka que meu pai teve que, diga-se de passagem, eu só ia de carona em ambos os casos.

A primeira impressão foi bacana. Achei vários carros originais e vários carros bem modificados. Também achei alguns que pareciam bem largados, castigados pelo tempo e percebi que seria uma compra difícil.

Como eu moro em Caçapava/SP, aproveitei que tinha um modelo bem bacana em São José dos Campos e resolvi ir ver pessoalmente! Vou descrever pra vocês como eu o vi na época: “Lanternas diferentes e redondas, iguais no jogo! Pintura vermelha, todo tunado e cheio de reloginhos dentro.” Eu falava isso pra mim mesmo pois não sabia nada sobre o carro. Chamei um amigo de trabalho e fomos lá vê-lo, estava a uns 30km de mim apenas. Ao chegar, o vendedor comentou comigo e me disse que era um GST N-12 (Imagine aqui minha cara de interrogação) e disse que tinha 400cv (Eu só conseguia imaginar vários cavalos correndo puxando o carro com uma corda, não tinha noção de potência) e perguntou se eu queria dar uma volta. Fiz uma cara de: “Que isso…. Precisa não… estou só olhando”, como quem vai comprar uma camisa. Ele insistiu e eu entrei no banco do carona.

Rapaz, 400 cv juntos devem ser muito fortes mesmo porque… Te contar viu, eu só queria sair daquele carro nos próximos segundos. Ele foi até uma avenida mais larga e sem movimento e o carro saiu cantando marcha de primeira marcha, ele engatou a segunda e o carro cantou pneu, ele engatou a terceira e o carro cantou pneu e a medida que meu corpo continuava grudado no banco o desespero (de quem está de carona e não sabe o que está acontecendo) aumentava. Alguns instantes depois, o doce passeio acabou e voltamos ao ponto inicial.

Não comprei o carro apenas pelo preço. Eu queria dar até, no máximo, R$ 35.000 e ele queria cerca de 50% a mais que isso, não dava pra encaixar nas minhas finanças. No final das contas eu não me arrependi. O carro era excepcional (descobri depois que aprendi bastante sobre o modelo), porém, 400cv, fazendo 1km/l no álcool e com algumas coisas pra arrumar e aprender pra poder rodar com segurança seria impossível pra mim… Eu não ia conseguir viver tendo ele como único carro.

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Então ele chegou. Um amigo meu de Curitiba disse pra mim que tinha um Eclipse para me recomendar, disse que era de um conhecido dele de Atibaia – SP e falou que eu deveria ir lá dar uma olhada. Olhei no mapa e vi que Atibaia era relativamente perto então….

Peguei um ônibus e fui para Atibaia. Conheci o rapaz e quando ele viu que eu era quase que absolutamente leigo para com o carro, ele fez questão de me ensinar o básico de tudo. Me explicou que existiam 4 principais gerações do Eclipse, chamadas comumente de 1G (traseira quadrada), 2G (a que eu queria), 3G (a que mais parece diferente da linha) e 4G (a do Need For Speed Most Wanted). Me explicou que dentro dos Eclipse 2G, existiam os GS-T (tração dianteira) e os GS-X (tração integral, igual ao do Need for Speed Underground, porém, bem raros aqui no Brasil). Me explicou que existiam os N11 (apenas não tinham teto solar, abs e bancos de couro), N12 (não tinham abs e teto solar) e N13 (tinham todos os opicionais, sendo que todos os GS-X eram N-13). Me explicou brevemente o que era um carro turbo e o funcionamento do carro de forma geral. Aquilo tudo me ajudou bastante a começar a conhecer as particularidades do carro!

P.S – O que eu faço questão de deixar claro aqui no meu Project Cars é que é um relato de um cara normal, que não sabia nem o que era um radiador, que comprou o carro dos sonhos da sua infância e foi forçado a aprender tudo sobre carros, para poder sobreviver e arrumar o seu!

Ah, a essa altura imagino que alguns de vocês estejam entediados de ler tanto e queiram conhecer alguns modelos do Eclipse, caso não conheçam:

As quatro gerações:

A diferença entre os modelos N11, N12 e N13:

Procurando algumas fotos pela internet achei uma bem engraçada que retrata sobre o “xuning” sofrido pelos Eclipses mundo afora. O filme (Velozes e Furiosos) e o jogo (franquia Need for Speed) ajudaram muito na popularização dele, porém, também motivaram pessoas a fazerem mudanças de péssimo gosto no carro… Deixo aqui meu obrigado a minha namorada, Jéssica, por ter sempre me agredido verbalmente quando eu inventava de fazer algo bizarro no carro!

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É interessante eu explicar que, ao contrário da maioria dos donos de Eclipse, eu queria o carro para o dia a dia. Queria para ir viajando até Juiz de Fora (800km Ida e volta), queria para ir ao trabalho, a padaria, ao shopping, etc. Não entrava na minha cabeça o porquê de usar um carro apenas para o final de semana, não fazia sentido uma empresa fazer um carro e pensar: esse, vai ser só para os finais de semana! Sei que alguns de vocês estão sorrindo e balançando a cabeça pois sabem muito bem que um carro desses é para se usar pouco, ainda mais após 21 anos. Mas eu não entendia isso na época, pra mim comprar um FIAT 147 era a mesma coisa que comprar um Gol 1.0 0Km, a única diferença é que ia fazer mais barulho e eu teria que ver freio e óleo do motor. Ah, doce ilusã. Infelizmente (e felizmente) só fui aprender as entrelinhas após a compra.

Me vi seduzido pelo carro e fechamos a compra, fui para Caçapava assustado com a força do carro (213cv e 297kgfm de torque, mesmo original era assustador quando a turbina enchia e o corpo colava no banco). A essa altura eu já tinha alguns parâmetros e fiquei “horrizado” ao descobrir que o fusca do meu pai tinha apenas 46cv a 4.600rpm e 9.1kgfm de torque a 2.800rpm e o Ford Ka 1.0 com motor Zetec Rocam tinha 65cv a 6.000rpm e 8.9kgfm a 3.250rpm. Quando eu descobri esses dados eu percebi que não queria nem mais um pônei além dos 213cv originais de fábrica, já estava bom demais. Eu não sou naturalmente um entusiasta pela velocidade, minha paixão pelo Eclipse veio pelo design e pela história dos games e do cinema!

Hora de mostrar as fotos dele, no ato da compra! Vamos ver!

Alguns comentários: Eu não queria um Eclipse N13, algo me dizia que eu não daria sorte com o teto solar e eu não fazia questão. Eu tinha lido alguns relatos de donos que tiverem dificuldades com a borracha do teto bem como o mecanismo e resolvi que não era problema. Poderia viver sem teto e sem ABS sem problemas. Eu não queria um Eclipse com o PC (Para choque) do 1995 pois parecia um carro sozinho e, ao mesmo tempo, não fazia questão de comprar um 1998 original. Gostei desse carro pois tinha um para choque modificado na frente (com farois 1998 com máscara negra) e manteve a traseira 1995 (que eu, particularmente, gosto muito!

Essas luzes de ré e esse aerofólio mais discreto são sensacionais ao meu ver). Eu não queria também um carro com as rodas originais 16” pois não as acho bonitas. Então essas 18” estavam de bom tamanho! Por fim, já que ele vinha com esse som, eu não ia abrir mão e resolvi aproveitar ele tendo em vista que a qualidade era boa, apesar do visual bem fora do meu estilo. Eu não gostava do capô preto e nem da entrada de ar (na época eu não sabia se era entrada, se era saída, se era fake, eu apenas não gostava), porém, só fui retirar isso na época da reforma.

Para seguir uma linha temporal bacana, acho interessante deixar aqui algumas fotos do carro em 2010, quando ele não era meu e nem do ex-dono, era de um outro rapaz que fez as suas modificações para deixar o carro do jeito que queria, inclusive, ele participou de uma reportagem de uma revista, algo bem legal para se guardar. Vamos lá:

Finalizo essa primeira parte dizendo que os primeiros dias foram bem tranquilos, não tive nenhum problema com o carro e aos poucos descobri o meu jeito de dirigir. Eu fiquei feliz por não ser tão fã de velocidade o que, querendo ou não, é uma boa, tendo em vista as leis de trânsito, as estradas brasileiras e o ano do carro que eu tinha. Vocês podem falar o que quiserem, pegar um carro de 1995, turbo, com 213cv para sair por aí correndo sem nem saber onde se coloca o fluido de freio não é uma ideia nem um pouco madura.

Já ia esquecendo! Estou organizando esse PC em partes. Todas as próximas partes serão voltadas para os primeiros problemas e aprendizados (vai ficar bem maior que esse post), seguidas da reforma gigantesca que eu fiz e por fim, o estado atual com os projetos para o futuro.

No próximo post do PC #384 eu vou contar pra vocês os primeiros problemas que tive antes de mandar para a “Big Reforma – gosto de chamar assim” e o que eu aprendi com cada um. Tenho certeza total que a maioria de vocês vai, cedo ou tarde, se enxergar nos perrengues que passei até absorver um certo conhecimento (e rir um pouco da cara de alguém que não entende o que está acontecendo quando a embreagem patina de quarta marcha ao entrar na Dutra (suspiros).

Eu gravei vários vídeos durante a reforma do carro com fotos do processo e explicando o que estava acontecendo e o porquê, então, em todos os posts eu vou colocar algum vídeo do meu canal sobre o carro para poder ilustrar o que estava acontecendo na época então.. Lá vai! Vou deixar aqui o primeiro vídeo, só pra mostrar o carro rodando e meus primeiros comentários, bem antes de levar para a Big Reforma, em fevereiro/2016.

Abraços e até o próximo post do PC #384!

Por Marcelo Polverari, Project Cars #384

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