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Project Cars

Project Cars #401: as primeiras impressões do Camaro RS manual

Por Alexandre Prado, Project Cars #401

Olá a todos. Começo esta segunda parte com um pedido de desculpas. Passeio por um momento um tanto difícil e meu projeto acabou atrasado, então farei uma postagem “dois-em-um”. Se você esqueceu do primeiro post, releia ele aqui.

Financiamento aprovado, estamos em setembro de 2016. Antes de enviar o carro, pedi para antigo o Douglas, vitrificar o mesmo. Tal procedimento foi realizado pela Sra. Inaiana, junto a franquia “Acquazero” (hoje ela não está mais no ramo). O carro foi descontaminado e polido, e após aplicado vitrificador “Sonax”. Olha o brilho que o carro ficou:

Após, o carro foi colocado na cegonha, com destino a Goiânia/GO. O motorista, desceu o carro e o colocou numa plataforma. Marcamos de proceder a entrega próximo a um shopping.

O carro que veio acima do Camaro teve um vazamento de óleo, e então ele já chegou sujo. Mas quem se importaria com isso? Minha felicidade era tamanha, que tirei foto com os motoristas da cegonha. Comecei a sentir uma sensação indescritível! Era um mistura de felicidade e medo! É quase como quando você pega seu filho na maternidade. Você pensa: “Que bom que ele é perfeito! Eu o amo! Meu Deus e quando ele ficar doente? Será que vou dar conta de cuidar?”.

Entro no carro, e seguro para não chorar. Agradeço muito minha esposa que de certa forma me forçou a realizar meu próprio sonho. Logo de cara, peguei um trânsito pesado com Camaro. Isso me deu um medo indescritível. Não consegui curtir o carro dentro da cidade. Ao parar para abastecer, senti um vapor ou calor vindo de baixo do carro. Meu senso de urgência achou que o carro estaria super aquecendo. Que nada, era tudo coisa da minha cabeça!

Pego rodovia, e todos os carros saem da frente. Foi quase mágica. Os carro mudavam de faixa sem eu sequer dar a sinal. Acima de 160km/h o carro estava bem instável. Mentalmente gravei que precisava verificar isso.

Nunca tinha andado ou dirigido nada com esse torque. O que já dirigi de torque alto, não girava bem, prejudicando o desempenho. Mas não esse LS3, ele gira a 7.100 rpm! É uma sensação de “avião decolando”, quando ele atinge as 3.000 rpm. Como conceituou minha mãe dias depois, a sensação do carona, é de estar decolando em um avião.

A embreagem é macia como de qualquer carro 1.0. O câmbio Tremec 6060 chora baixinho de primeira e segunda, parecendo câmbio reto. O engate da primeira para a segunda não é suave, mas o resto ia com uma facilidade enorme. Ele é ótimo para fazer punta tacco, esse é “o” carro para dirigir com câmbio manual. Eu mereço isso? Jesus, será que não estou sonhando?

Chegando à minha cidade, cheguei a tempo de buscar meus filhos na escola. E dá-lhe “pipoco” no escapamento! A cada tirada de pé do acelerador eram tiros, estalos e muita borbulhas.

Brincando com as opções do painel do mesmo, troco as unidades de leitura de km/h para mph, sem saber ele mudou junto de graus Celsius para Fahrenheit. Nisto vejo que o líquido de arrefecimento está a quase 150 graus. Mais uma vez, uma mini-síndrome do pânico: “E agora? O carro está superaquecendo!” Encostei o carro, e a ficha caiu: era apenas a diferença entre o sistema métrico e o sistema imperial.

É impressionante como o carro chama a atenção. Passo na porta das escolas e é uma gritaria só! Sempre que uma criança vem conversar comigo sobre o carro, faço a maior questão de explicar tudo, e estimular a ser da turma da gasolina. As vezes levo até para dar uma volta.

Nos primeiros meses, era muito comum eu chegar e ter alguém tirando foto encostado no carro. Sempre levavam susto. E eu sempre estimulava a tirar as fotos! Nada pior que gente esnobe… eu nunca vou ser. Bom, várias crianças me perguntam se sou rico em vista do carro; eu sempre respondo, não. E explico que na idade deles queria ter um Maverick, e que era meu sonho; e logo eles também podem realizar.

Sempre levo isto comigo. Na minha época de criança e adolescência tratavam as crianças “graxeiras” muito mal. Ainda não havia internet, e a única fonte de conhecimento era perguntas a mecânicos, parentes e leitura de revistas.

Lembro que uma vez queria saber como se faz pra “colocar cavalos” num motor. Meu pai não soube explicar bem, apenas exemplificando tamanho de carburador, cilindros etc. Uma vez perguntei a um mecânico algo do tipo, ele me mandou ficar quieto e não atrapalhar ele. Quando era loja de som e acessórios, era a mesma coisa até me respondiam algo quando meu pai estava perto, quando estava longe era “só cascudos”. Lembro que um dia perguntei a um então namorado da minha irmã, o que era pirâmide (amplificador Pyramid), ele me faz uma explicação com as mãos, simulando uma pirâmide do Egito! Era péssimo não ter a quem perguntar!

Geralmente todos elogiam a cor do carro e o som. Até entendidos de carro acham que aquela é um cor fora do catalogo ou algo do tipo. A pergunta que mais me fazem é: Qual consumo? Explico, se andar com pé de moça faz até 5 km/l. Se pisar faz 1 por 1!

Muitos dizem que bens materiais trazem felicidade momentânea. Eu até concordo com isto. Porém, não sei explicar ao certo, mesmo tendo quatro anos com o carro me sinto especialmente bem quando dou partida no mesmo. Quando faço um “punta tacco”, quando ouço os “pops and bangs” do escapamento. Quando viajo e fico uns dias sem andar no mesmo, sinto uma saudade imensa. Esse carro é uma terapia para mim, e sinceramente não me vejo sem ele até o final da minha vida.

Nós seres humanos somos chamados de máquina perfeita. Porém nós vamos embora, e eles, as máquinas imperfeitas ficam na terra. Isto me leva a firme convicção que nunca venderei meu carro, e ele será do meu filho quando eu partir.

Quando fazia a quinta série (1994) perto da minha escola tinha um senhor já de idade. Ele tinha um Monza (e após um Vectra), e um Opala Especial da primeira série. Um cupê, com lanternas pretas e com acessórios de época, cor bege claro, e em estado impecável. Não era um seis-em-linha, mas o amor que aquele senhor tinha com seu carro era admirável. Ele ligava o carro todos os dias, tirava de manhã da garagem e guardava antes do almoço. E até já vi ele pessoalmente lavando o carro. Ele ficou com esse carro até poucos anos atrás, e após sua morte foi parar nas mãos de um genro. Esse genro, usa o Opala para “pescar e ir a fazendas”, mesmo tendo um Jeep Renegade. Que final trágico. Quero a parte boa dessa história para mim, e meu filho ficara encarregado da outra parte.

Mas voltando ao carro, qual a diferença do Camaro de concessionária para o seu? É só a transmissão?

Bom, como disse no post passado, ao dirigir um Camaro automático original, não me senti nem um pouco empolgado. Acreditei nas palavras do Douglas (antigo dono), de que o LS3 era um carro bem diferente. E realmente é. Mesmo tendo andado em alguns Camaro preparados com câmbio automático, era nítida a diferença para o meu.

Nos LS3 há a opção de “launch control”, quando o carro não aceita acelerar acima de 4.500 rpm, e o controle de tração fica num ponto ideal para o tracionamento.Outra coisa que percebi em comparação ao automático, é que no LS3 o controle de estabilidade só entra quando ele percebe que “vai dar merda”. Logo, é normal levar alguns sustos em piso molhado. Definitivamente é um carro para motoristas mais experientes do que o Camaro automático.

E esse foi um dos motivos para eu ter lutado por esse exemplar. Esse Camaro, é o chamado Rally Sport 2SS. Com o bônus vêm alguns ônus.

Primeiro, e mais óbvio, é o câmbio Tremec 6060, de seis velocidades. A relação de marcha dele é diferente também: 1ª 3,01; 2ª 2,07; 3ª 1,43; 4ª 1, 5ª 0,84, 6ª 0,57 e diferencial 3,45:1. O automático tem marchas mais curtas: a 1ª tem 4,03, a 2ª 2,36, a 3ª 1,53, a 4ª 1,15, a 5ª 0,85, a 6ª 0,67. O diferencial, contudo, é mais longo: 3,27:1.

Segunda diferença: o motor LS3. Ao optar pelo Camaro RS manual, ele vem com rei dos swaps, o “AP” dos americanos, um motor de 6,2 litros chamado LS3. Esse motor estreou nos Corvette em 2008, com potência de 430 hp.

O Camaro automático vem com o motor L99. É basicamente o mesmo motor que o LS3, porém com menos potência. Quando explico isso, uso a seguinte analogia: “O LS3, é como se fosse o motor do Gol GTS 1.8, se comparado ao do GOL CL 1.8. Muda taxa de compressão, mapa, e comando de válvulas”.

Enquanto o LS3 tem taxa 10,7:1, o L99 tem taxa 10,4:1. O comando de válvulas do LS3 possui muito mais levante, fazendo ele chegar a 6.600 rpm contra 6.200 rpm do L99. Caso você queira mudar seu comando de válvula para um “de corrida”, quem tem o exemplar com motor LS3, desembolsa menos em vista do aproveitamento de muitos itens. No L99, há o sistema de desligamento de quatro cilindros, afim acalmar o consumo. No LS3, isso não é necessário!

Em vista do cambio manual, há uma redução total do peso do veículo, sendo que o RS, pesa o total de 1.746kg, e o L99 pesa 1.790 kg. Por causa disso ainda ganho um pouco no equilíbrio do carro. No RS a distribuição do peso é de 52/48, no L99 dependendo da fonte consultada é a mesma, ou a proporção ou 53/47.

Como eu disse acima, o LS3 do Corvette tem 430hp, no Camaro a GM informa que tem 426hp. Ambos têm 55 kg de torque. O L99 tem 400 hp, com 53 kg de torque. Atualizando para o padrão “Cavalo Vapor”, chegamos a 432 cv no LS3 e 406 no L99.

Na parte de carroceria, o RS vem com “angel eyes” nos faróis, opcional de teto solar (meu caso), moldagem do teto na cor do carro, símbolos SS em vermelho (depois estendido a todos), rodas cor de prata “midnight”, um pouco mais escuras, lanternas traseiras escuras, sistema que deixa as milhas ligadas todo tempo e a badge “GM Performance.

 

Manutenção

Vai comprar um Camaro? Fique atento a estas dicas.

Costumo dizer que “o Camaro te quebra. Mas você não quebra o Camaro”. Meu carro é um dos mais velhos (2009/10) e talvez um dos mais rodados no Brasil — e ainda uso diariamente — Isto ajuda a dar as informações necessárias do que ficar esperto com carro.

O calcanhar de Aquiles, é a suspensão não adequada para nosso país. Em especial as bieletas das barras estabilizadoras. Nos modelos ano 2012/13 com direção eletrônica, houve a solução parcial, alterando as mesmas. Porém até esta data é um problema bem comum. Por sorte várias marcas fabricam as bieletas.
Lembram da falta de estabilidade do veículo acima dos 160? Eram duas bieletas partidas, uma dianteira e um traseira.

Após enviarem a bieleta da Captiva, troquei pela dianteira da marca Autotec, e as traseiras originais da GM, todas compradas no Mercado Livre.

As balanças traseiras estavam estragadas. O conserto foi feito via torneiro, que encapou as mesmas e de quebra pintei as balanças de vermelho, com spray alta temperatura. Segue fotos abaixo:

Os freios sempre faziam barulhos dignos das melhores locomotivas do velho oeste. Achei que o problema era as pastilhas, e encomendei pastilhas carbono cerâmica da Bosch. Fui descobrir depois que é uma característica do carro. Dizem que só não faz barulho com a pastilha original Brembo, a preços proibitivos. Só que eu não fazia ideia que o modelo cerâmico escolhido, era como o barulho de dez locomotivas freando.

Após uns seis meses de uso, todos sabiam que eu estava chegando no local. Não pelo escape Borla, e sim pelo apito dos freios.

Outro barulho que começou a me incomodar, era andar com carro um estalo, do tipo “tec” vindo da parte traseira do carro. Fiquei com medo de ser problema do diferencial. Com a ajuda de um mecânico da concessionaria GM, descobri que ele já tinha reparado um Camaro com mesmo sintoma. Eram os rolamentos, ou melhor os cubos da rodas, em vista que os rolamentos ficam blindados. O preço era exorbitante para minhas condições da época (R$ 2.500 uma paralela), e acabei postergando sua substituição.

Fiz também a substituição do sensor de pressão de um dos pneus. Junto com a bieleta, é isto que você precisa ter em estoque na sua casa!

Troquei os fluidos do freio por um Pentosin Racing, óleo do motor Pentosin 5W30 e aditivo de óleo Tufoil (mistura do molibdênio com teflon). Comprei também a rosca de bujão de cárter magnético “Nefroil”. O magnetismo pega umas limalhas mesmo, conforme a foto. E de fato efeito magnético pega uns limalhas mesmo, vide foto da segunda troca de óleo.

Passado um tempo, o barulho do cubo passou a aumentar consideravelmente. Isso me desestimulava a participar do tão sonhado “track day”. Após pesquisar encomendei um cubo de roda, cabos de vela, velas e sensor de ABS de um importador brasileiro que tem empresa e mora nos EUA. Conheci e um dos grupos de Whatsapp, onde me passaram bom feedback do mesmo.

Essa compra foi quase um ano após eu comprar o carro. Paguei as taxas de importação, e o produto chegou em casa aproximamente 40 dias após a remessa. Custou cerca de R$ 1.500.

Demorei um pouco para instalar o cubo e, ao tentar instalar, percebemos que aquele cubo não era o do modelo do carro. Provavelmente era de uma Captiva. E pior: sequer é GM. Fomos descobrir após tirar o cubo que o original e cheio de marcações GM’s, código “qwerty”. O vendedor se negou a trocar a peça, afirmando que seria golpe meu, utilizando cubo errado afim de “lucrar” em cima dele. Sinceramente foi muito desgastante isto. E acabei ficando com um peso de papel de R$ 1.500 que não sei nem em que carro serviria.

Em agosto de 2018, fiz flush do sistema de arrefecimento, colocando após a limpeza o Motul Inugel Optimal e testei o produto “MoCool”, que promete baixar em até 15º a temperatura do liquido de arrefecimento. Troquei o óleo Pentosin rico em tufoil, por um Mobil 1, indicado pela GM dos EUA. Consegui aproveitar uma promoção porque o Camaro usa 7,6 litros.

Troquei o óleo de diferencial por um próprio do Camaro com LSD (diferencial autoblocante), o Motul 300 Gear 75w90 LSD”. Fiz ainda a limpeza preventiva dos injetores e deixei o carro tecnicamente preparado para um track-day.

Entro em alguns grupos de “Whats” de track day. Conversando com “Leon Perez”, do “Project Car nº 12 – o corsa do capiroto” – ele me desestimulou a ir para o track day sem trocar os cubos, explicando que: “todo defeito e potencializado na pista”.

A partir disto a turma pegou pesado comigo, vou explicar isto mais adiante.

Compro dois cubos de roda traseira – sim, o outro começou a estalar também, da marca Fremax. O custo de cada fora R$ 548,00. Ao chegar a peça percebo que a mesma é chinesa, e reembalada. Isto me deixou de orelha em pé. Entrei em contato com a fabricante (ou importadora) e me disseram ser realmente chinesa, porém produzido sob supervisão, etc e tal.

Bom, já tem quase um ano e os cubos ainda não apresentaram defeitos.

Nesta mesma época ainda troquei um braço curvo da suspensão dianteira, que passou a ter folga. Importei por um vendedor nacional, com loja via site e Mercado Livre (RT imports). Não era peça original, e não me lembro o nome da fabricante. O valor foi R$ 449,00.

A bucha central do suporte do diferencial, começou a apresentar jogo. Não há reposição da mesma; e inclusive no EUA, a GM só a vende com nova tampa do diferencial. No caso optei por fabricar uma bucha em PU, algo que me custou R$ 220,00. E não, não vi diferença em barulho ou vibração.

Bom aqui está toda manutenção básica até julho de 2019. Após isto a manutenção corretiva, veio as mudanças para aguentar uma pista, que será explicado logo. Mas enfim, concordam que não gastei muito pra “zerar” o carro?

Recentemente foi necessário trocar as buchas do amortecendo dianteiro, ou batente da haste, bem como o semi-eixos dianteiros, ou também conhecido como barra articulada axial. As barras comprei da marca viemar, por R$ 465,00 o par; e os batentes da haste do amortecedor comprei original GM por R$ 257,00 o par.

Comprei o carro sabendo que ele tinha potencial de pista. O primeiro dono fez uma preparação leve com no Galpão Z28, de propriedade do Marcio de Maria. Não me lembro bem como consegui o contato de “Dema”. Para meu espanto ele tinha fotos do meu carro, lembrando muitos detalhes. Fiquei admirado como simplicidade dele. Fora instalado barras estabilizadoras Eibach, molas Eibach, coletor de escape curto BBK, escape Borla, Intake K&N e feito uma reprogramação simples com o aparelho chamado Hypertek.

Um dos objetivos de comprar o carro, era colocar ele em pista. Eu queria ter a experiência de pilotar um carro em um autódromo de verdade. Eu nem entendia muito bem como era o procedimento para participar de um evento. Achava que para tirar a carteira da CBA precisava de um curso ou algo do tipo.

Aos 27 anos perdi a visão do olho esquerdo. Fui realizar uma cirurgia de transplante de córnea, e por omissão do centro médico peguei uma fortíssima infecção hospitalar, e quase me levou a morte. Por causa disso, uso uma lente rígida no olho esquerdo. Pra minha sorte, descobri que a CBA não exigia nenhum curso ou exame médico, bastando eu ter uma CNH normal. Logo eu podia pilotar. A participação no Track Day, contudo, fica para a próxima parte. Até lá!