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Project Cars Project Cars #424

Project Cars #424: a história do meu Chevrolet Opala 1978

Era final de 2001 tinha eu então 20 anos de idade e uma grande paixão carros e pouca grana. Estudante tentando ser universitário (já tinham ido dois vestibulares sem sucesso). Muitos dizem que escolhemos nosso carro, outros dizem que o carro que escolhe seu dono. No meu caso foi um misto dos dois.  Sou o mais velhos de cinco filhos, imagine a despesa de uma casa com sete pessoas. Quase nunca sobrava nada. Meu pai recebeu com parte de pagamento de uma divida um Opala 1977 modelo 1978 quatro-cilindros na cor azul Danúbio, bem conservado, mas que estava parado há alguns meses, porque o dono havia falecido e carro estava em processo de inventário, com medo de não receber a dívida topou pegar o carro, com intuito de vender em breve.

Na época nosso mecânico e amigo Reinaldo examinou e disse que o carro estava muito bom se meu pai não tinha intenção de ficar com ele. Devido ao trauma de meu pai com uma caravan a álcool que deu muita dor de cabeça, que ele havia vendido a pouco e pego um Monza Tubarão completo, não quis o Opala, e optou pela venda.

Até aí tudo normal, em 2002 no inicio do ano o carro foi anunciado pelo valor abatido na divida que era R$ 2.000,00, lembro que seu hodômetro marcava 22.307 km na época do anuncio, sabendo que ele já devia ter zerado isso ao menos uma vez. Houveram interessados, mas devido ao problema na documentação, afinal o dono havia morrido uma briga de herdeiros e outros problemas no inventário dificultaram a venda. Infelizmente não tenho fotos dele nessa época, mas ele estava com a pintura original começando a se desgastar, interior todo original e quase perfeito, pequenos desgastes no banco da motorsita e banco traseiro (onde pega muito sol) e no tabelier devido ao sol também, a mecânica estava excelente. Raramente meu pai usava o carro apenas para coisas simples como ir ao mercado e não deixar parado e eventualmente pedia para eu ligar e deixava dar umas voltas no bairro mesmo, na época ainda não tinha CNH.

Pronto ali começava o vinculo. Estava eu começando as aulas para tirar a CNH e com um carrão para treinar.  Após meses dando voltinhas, e mantendo o carro limpo e arrumado para o possível comprador. Finalizando o exame de direção, apesar da reprovação, propus a meu pai de compra-lo. Como pretendia a partir do segundo semestre fazer cursinho pela manhã, já que trabalhava numa livraria num horário péssimo de 13 às 22 horas e fazer essa dupla jornada de ônibus ia ser duro. Falei com ele grana era curta e teria que pagar o carro parcelado. Ele me disse que ia pensar, era maio de 2002 e meu aniversário estava chegando.

No dia do aniversário ele me entrega um envelope com o documento do carro e alguns dizeres bem bonitos, e diz gostaria de me dar o carro, mas como a família é grande as despesas também, não poderia me dar um presente desses sem também dar algo parecido para meus irmãos. E me sugeriu de eu pagar 20 parcelas de R$ 100,00. Eu topei na hora, comecei a pagar em julho de 2002, mas ele pedia para eu evitar de sair com o carro, enquanto não tirava a CNH. E ele estava certíssimo. No fim de agosto de 2002 em minha segunda tentativa passei no Exame. Fiquei muito feliz, mas o raio da carteira não chegava pelo correio.

E em 7 setembro daquele ano fui ao churrasco de carro mesmo sem ter recebido a carteira, bebi e dirigi algo que não deve ser feito, na época não tinha tolerância zero nem bafômetro, não dava tanta dor de cabeça como hoje, mesmo assim foi um erro. E na volta do churrasco depois de muitas cervejas e com o asfalto molhado, havia chovido e na hora não chovia. Foi um misto de inexperiência, azar e álcool.

Dobrei uma esquina em aclive leve, acelerei tinha um pouco pedrinhas e areia de uma obra que desceu com a chuva, a traseira saiu tentei corrigir por falta de experiência acabei subindo no meio fio e batendo num barranco, por sorte o único local que não tinha uma casa na rua. A pancada não foi muito forte, mas foi suficiente para quebrar o pivô e deixar a roda solta, além disso amassou bem o para-lama do lado do carona quebrou a seta, amassou parte da frente chegando a amassar ate o capô, mas por incrível que pareça o farol e grade frontal não chegaram a ser danificados. Aí bateu o desespero…

Era noite de feriado. Pensei: ferrou! Liguei para meu pai e ele desceu com minha mãe e me encontraram, populares haviam chamado a policia, por sorte meus país chegaram antes da policia e minha mãe falou com os policiais que ela estava dirigindo e perdeu o controle na curva, resultado carro guinchado para casa e minha mãe e pai putos comigo com razão.

Era setembro de 2002 tinha comprado o trovão azul em 20 parcelas de 100 reais paguei a de julho e agosto e em setembro bati com ele. Meu pai puto comigo falando em vender o carro pro ferro velho, minha mãe também. Aí eu argumentei, em vez de condenarmos o carro vamos pegar a opinião de quem entende pra avaliar o que é melhor fazer. Foi chamado nosso mecânico e amigo Reinaldo, ele examinou e disse que os danos na suspensão havia sido apenas o pivô quebrado e a ponteira que precisava ser trocada. Quanto aos amassados disse ele conhecer um cara bom e barato para resolver, ele todo orgulhoso mostrando sua Brasília recém pintada. E ela estava bonita.

Aí eu falei com meu pai. Tá vendo vamos olhar quanto fica para arrumar, a responsabilidade é minha, pode ser que eu atrase algumas parcelas pra te pagar. Após os reparos na suspensão, mais alinhamento consegui uma folga no trabalho e fomos até Matias Barbosa cidade próxima onde tinha o tal profissional, chegando lá, e ele examinando pareceu convincente e combinamos, deixaria o carro lá ele trocaria o para-lama o bigode frontal, pára-choque e recuperaria o capo e pintaria a parte da frente do carro e sopraria uma tinta no resto para igualar, afinal o teto e tampa do porta malas em alguns pontos já estava começando a ficar queimados de sol.

O valor combinado foi de R$ 700,00 e ele pediu um mês para fazer o serviço e metade desse valor adiantado para comprar as peças e tinta. Era meados de setembro imaginei fim de outubro, inicio de novembro no máximo to com Opalão novo denovo, mas endividado, Ledo engano.

Primeiramente cancelei o intensivo no cursinho, com muito aperto daqui e dali e pegando um pouco emprestado deixei os R$350,00 com o lanterneiro no fim de setembro e fiquei totalmente zerado. E o pior não paguei a parcela de setembro a meu pai e sabia que não pagaria outubro também e muito provavelmente novembro estava fodido de grana nos próximos meses, mas pensando vai valer a pena.

No fim de outubro o carro não estava pronto e numa visita lá fiquei muito chateado o carro estava mais ou menos do mesmo jeito com o capo fora dele já recuperado num tom de cinza (depois fiquei sabendo que era fundo) parecia ok, mas a frente tava sem o bigode e sem o para lama do lado direito. E aí a conversa muda de figura o dito profissional disse que não conseguiu o para lama e que tínhamos que rever o preço que ele tinha feito muito barato o serviço todo.

Depois de muito conversar, combinamos novamente nem um centavo a mais. Entretanto eu tinha que achar um para lama e levar para ele. O Reinaldo muito chateado por ele ter indicado o profissional. No fim de novembro consegui comprar o para lama num ferro velho por R$ 70,00 eu não pude levar, meu pai levou e disse que o carro estava quase pronto, faltando o para lama e tinta, só que eu senti que tinha algo errado.

Em meados de dezembro ao ir buscar o carro, a decepção. O ordinário havia aproveitado o bigode do próprio carro e não ficou legal, ele cagou demais o pára-choque do carro estava torto e com parte pintado de cinza, ele aproveitou o pára-choque também e pra fechar a cagada com chave de ouro o carro estava pintado em outro tom de azul, a cor original do veiculo era Azul Danúbio uma pintura metálica muito puxada por verde e em seu lugar foi colocado um azul muito parecido com o de geladeira, ou aqueles comuns de ver em fuscas e variantes.

Aí a confusão tava armada, queria bater no cara, resumindo, sai de lá com Opalão com sua frente cagada e na cor errada, mas não paguei nada além dos R$ 350,00 que tinha deixado no inicio. A cagada havia ficado por volta de uns 500 conto por conta das peças da suspensão que não lembro mais os 350, os 70 do para-lamas  e as idas e vindas a Matias. E claro muita raiva.

Em Dezembro paguei a terceira pro meu pai e ainda pensava falam 17, e pensando o que fazer, confesso que fiquei desanimado e cogitando vender, mas acabei não o fazendo e usando o carro.

Foto 02

Carro com a cor errada essa foto foi tirada bem depois e sem pegar a parte feia da frente de propósito

De 2003 a 2005 foi um período de muitas mudanças na minha vida, troquei de emprego duas vezes, uma faculdade iniciada e abandonada, um período de mais de seis meses desempregado fazendo uns bicos aqui e outros ali e o Opalão me levando aonde precisava, fazia a manutenção básica, troca de óleo, filtros, velas, e pastinhas foi um período de usar o carro sem me preocupar com nada. Não me deixou apé, apresentou um ou outro problema, mas nada grave. Se não me engano coisa de uma lixada no platinado e uma vez tive que trocar o cabo da bateria, mas comecei a notar alguns pontos onde a ferrugem começava a querer brotar (o câncer dos Opalas, na caixa de ar e beirada das rodas traseiras).

Em 2005 eu e minha namorada fizemos prova para um concurso em uma cidade próxima (Ubá), e combinamos que se um só passasse levava o outro, e pra azar meu quem passou foi ela. Nesse período estava desempregado há pouco mais de 6 meses fazendo uns bicos como técnico de informática e me preparando para concursos. Kakai meu tio que reside em Ubá falou que se eu e minha namorada quisemos ir, poderíamos ficar um tempo na casa dele, ele disse que conhecia muita gente me arrumaria um emprego, resultado fomos em outubro de 2005 pra lá ficamos um mês na casa dele. Nessa época o Opalão na rua, odiava largar ele na rua.

No fim de novembro de 2005 arrumamos uma casa boa pra alugar mais ou menos perto pros dois, num preço legal, mas sem garagem. Minha mulher (era namorada, aí fomos morar juntos não éramos casados no papel, era união estável, então mulher) desde a época em que namorávamos ela odiava o carro e fazia muita pressão para eu vende-lo, isso piorou com o tempo e eu teimoso não vendia. Já sonhando com uma restauração completa desmontar tudo, na época vi algumas fotos de restaurações na internet tipo essas abaixo e fiquei tentado com a ideia, mas sabendo que sem grana não dá para fazer. Em pouco tempo arrumei uma garagem na casa de um casal de idosos na mesma rua, num preço bacana, porém era descoberta, ao menos o carro não ficava na rua.

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20/08/2014. Credito: Beto Magalhaes/EM/D.A Press. Brasil. Belo Horizonte - MG. Marcos Paulo de Souza Barbosa restaura o Opala branco que pertenceu ao seu avo, fundador do Cafe Palhares.
20/08/2014. Credito: Beto Magalhaes/EM/D.A Press. Brasil. Belo Horizonte – MG. Marcos Paulo de Souza Barbosa restaura o Opala branco que pertenceu ao seu avo, fundador do Cafe Palhares.

Já havia passado mais ano era fim de 2006 o Opalão já sentia o peso de não ter uma garagem coberta a pintura muito mal feita em 2002, estava muito pior à tinta estava desancando em pequenos pontos, exibindo o Azul Danúbio ao fundo e os podres começaram a crescer exponencialmente.

Após um ano mobilhando casa e finalmente quitado o carro com meu pai, pensei ano que vem sobra grana para lanternar e pintar, sabia que desmontar tudo numa restauração completa era um sonho não possível àquela época, mas precisava fazer algo, não podia deixar o Opalão apodrecer e sabia que teria dor de cabeça com a onça (mulher)

No dia 24 de Dezembro de 2006, era inicio da tarde, estava só indo pra Juiz de Fora passar o natal com a família, dona onça já tinha ido há alguns dias, estava quase chegando quando o carro fez um barulho estranho no motor e morre, por sorte não tentei ligar. Encostei com medo de ser algo grave, ninguém parava eu não achava sinal no celular, depois de andar alguns quilômetros consegui sinal, liguei pro meu pai. Ele veio com o Guincho.

Chegando a Juiz de Fora o Reinaldo mecânico e amigo que ia passar o natal conosco olhou rapidamente e disse é engrenagem de comando, sem fazer ideia pensei: Putz f*deu!! Fica caro perguntei. Ele disse não é barato, mas pode ficar tranquilo damos um jeito. Fomos curtir o natal em família. No próximo post conto mais detalhes da saga a partir de 2007. Até lá!

Por Daniel Oliveira, Project Cars #424

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