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Project Cars Project Cars #469

Project Cars #469: a história do meu Corsa GSi amarelo 1995

Olá! Meu nome é Junior Zumpano, Designer Gráfico, casado e é com muito prazer que conto a vocês a história do Yellow, como ficou apelidado meu Corsa GSi Amarelo 1995, que entrou na minha vida em abril de 2016.

Antes de começar, gostaria de agradecer a todos que votaram nesse PC e em especial ao meu pai que me apoiou e incentivou nessa aventura/loucura/empreitada, a minha mãe e a minha esposa que por muitas vezes aguentaram as minhas reclamações, raivas e frustrações. Amo vocês!

Vamos lá! Sempre fui apaixonado por carros, muito mais até que meu pai, geralmente as paixões por carros são passadas de pai para filho, me lembro bem de todos os carros que ele e minha mãe tiveram: Puma Gt, Corcel II, Monza SE, Fusca, Opala Diplomata, Saveiro Summer, Gol GL, Uno SX, Golf Glx e um Corsa Gsi. Sim! Foi ai que tudo começou! Era 1999, eu tinha 17 anos, estava no colegial e em nunca troca, meu pai pegou um Corsa Gsi 16v, preto 96/96, único dono, com apenas 17 mil km que estava em uma concessionária aqui na minha cidade. O carro era lindo, completo, imponente e esportivo. Foi paixão à primeira vista! Sabe aquela coisa de lavar o carro todo final de semana, pedir para manobrar na garagem, juntar dinheiro para pôr som, insulfilme? Eu era assim! Tudo que eu fazia era pelo Gsi Preto!

Nessa época, ocorriam anualmente em uma cidade vizinha, um rali de regularidade e tive o prazer de participar 2 vezes com ele.  (peço desculpas pela qualidade das fotos nesse primeiro instante, pois são fotos antigas, com câmeras ruins).

A paixão por Corsa Gsi só aumentava e apesar de eu curtir muito o preto, o amarelo sempre foi o suprassumo para mim! Eu olhava para as capas das revistas e dizia: Um dia vou ter um Gsi Amarelo!

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Minha coleção de revista com o Gsi na capa

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Autódromo de Interlagos (99/00). Foi a 1ª vez que vi um Gsi amarelo de perto!

Era 2002, eu estava fazendo faculdade em São Paulo e vinha apenas aos finais de semana para minha cidade, o GSi preto ainda estava na família e era o daily car do meu pai, minha mãe tinha um Uno SX e eu tinha um Gol CL, preto, 1991/1992, orbital 15″, comando 288º e 4×1.

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Mas nem tudo são flores, em um final de semana qualquer, meus pais me chamam e comunicam: nós vamos nos separar! Foi um choque! Nunca vi meus pais brigando ou discutindo. Então a notícia da separação foi um tanto quanto surpreendente, triste e traumatizante. E assim, o Gsi preto se “distanciou”, ficando com o meu pai.

Com a separação, minha mãe resolveu mudar de cidade e fomos morar em Salto-SP, onde a minha tia Vanda (in memoriam), irmã da minha mãe morava e por razões óbvias, acabei me distanciando um pouco do meu pai e do Gsi. Não demorou muito meu pai se casou novamente e acabou “vendendo/dando” o Gsi para uma irmã dele. Após isso só pude observar de longe e ver o Gsi se deteriorando aos poucos, na mão da minha tia que não tinha conhecimento algum da grande preciosidade que ela tinha em mãos, até que um dia ele foi vendido para um estranho qualquer.

Deixo aqui uma homenagem aos carros que tive nesse período.

Era 2016, eu já estava formado, trabalhando, recém-casado e buscas por Corsa GSi na internet sempre eram constantes mesmo sem a intenção de compra, foram raras as vezes que vi um amarelo íntegro e original a venda.

Na época eu possuía uma Harley Davidson 883R, Laranja e meu pai uma Fatboy, aproveitávamos as motos e os finais de semana para passar um tempo juntos. Infelizmente meu pai se acidentou de moto e optou em vender a Fatboy e comprar uma Bmw Z4, o que impossibilitou nossos passeios e assim a 883 foi juntando pó na garagem.

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Apesar de ser uma excelente moto eu a usava muito pouco, ir trabalhar com ela era um transtorno desde do fato de tira-la da garagem onde ficava até estacioná-la na empresa. Foi aí que em março de 2016 decidi vender a 883 e sair a procura do meu sonho de consumo.

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O dia que instalei o escape nela. Imagina o barulho!

Durante uns 10 dias procurei em sites e agências de carros, mas não encontrava nada de gsi amarelo a venda. Cheguei ao ponto/loucura de procurar no Google Imagens por “corsa gsi amarelo” anotar todas as placas que apareciam e com a ajuda do Sinesp Cidadão e de um amigo policial, conseguir os contatos dos proprietários. Porém não tive sucesso! Ninguém queria vender.

A busca continuava, até que achei um GSi vermelho de São Paulo que estava anunciado no Mercado Livre. Não tinha as rodas originais, mas possuía dois itens extremamente raros hoje em dia: bancos em tecido e o borrachão do parachoque. Fiz contato com o proprietário, tirei algumas dúvidas e fui “cozinhando” o vendedor. Apesar de ser um carro de grande potencial, não era amarelo. Conversa vai, conversa vem, ele comenta sobre um grupo no WhatsApp de Admiradores de Gsi e diz que iria pedir para me adicionarem. Aproveito e deixo aqui a minha homenagem a esse excelente grupo e a todas os grandes amigos que fiz lá! Sem vocês com certeza esse projeto não tinha saído!

Retomando. Entrei no grupo e de imediato postei: Algum GSi amarelo à venda? Minutos depois uma pessoa me chama dizendo que tinha um. Conversei bastante com o proprietário para tirar algumas informações que eu achava importante, ele me disse que era funileiro, que havia pegado o carro a uns meses atrás para restaurar, que o motor estava aberto para revisão e que ele queria um valor para me entregar o carro andando, com tudo funcionado (isso é muito importante frisar), ou outro valor para entregar o carro como estava. Assim as fotos começaram a chegar.

Pontos Positivos: Amarelo, bancos em tecido, manual do proprietário, emblemas originais, volante original, spoiler, parachoque, farol de milha, grade, quatro pneus novos, teto solar funcionado e chave original com lâmpada.

Pontos Negativos: o carro estava a 800km da onde moro, não tinha borrachão, as rodas não eram as originais, retrovisor quebrado, parabrisa trincado, bagagito estilo “chora boy”, coluna com adesivo de vibra de carbono, documento ainda no nome do antigo proprietário, mecânica desmontada e um preço um pouco acima.

Então, o que fazer José? Comprar um carro sem ver pessoalmente?

Chegamos a um valor para que ele me entregasse o carro funcionado 100% (motor, câmbio, abs, ar condicionado, direção hidráulica e parte elétrica). Eu tinha uma viagem para o exterior e ficaria 20 dias fora. Prazo que segundo ele era o suficiente para “montar” o carro e me entregar. A cada conversa, o vendedor parecia ser o mais honesto e transparente possível, mandando fotos, detalhes e me convencendo que eu faria um ótimo negócio. Mas eu ainda tinha que vender a HD 883 e resolver como trazer o carro para minha cidade. Conversei com a minha esposa a possibilidade de a gente ir de avião até aonde o carro estava e voltar rodando com ele.

Pedi a Deus que me orientasse. Poderia confiar? Vender uma moto que não me dava dor de cabeça e arriscar em um sonho? Comprar um carro sem ver? Meu pai se ofereceu emprestar a grana até que a 883 fosse vendida e o vendedor em um ato de me convencer, disse que eu não precisava dar 1,00 antes dele me entregar o carro e assim para provar que o carro estaria confiável, ele vinha rodando com o carro e eu pagaria apenas a passagem de volta para ele e o custo da viagem para o carro vir rodando.

Na minha inocência pensei: É Deus agindo! O cara vai trazer o carro, só vou pagar aqui, quando vender a moto, pago o meu pai e ainda me sobra uma grana para guardar na poupança. O que poderia dar errado? E assim, fechamos o negócio!

Vale lembrar que quando o vendedor se ofereceu para trazer o carro confirmei a data 3 vezes antes de comprar a passagem aérea de volta para ele.

Fui viajar, fiquei 20 dias fora e como era de se esperar: o carro não ficou pronto! A cada contato com o vendedor uma nova surpresa, ou eram peças que “sumiam” na oficina, ou profissionais que não cumpriam prazos, compras de peças pela internet que não chegavam, etc etc. Algumas fotos que ele me enviou.

Vinte dias e nada! Trinta dias e nada! 35 dias… agora ele vem? Você deve estar se perguntando.

Claro… claro que não! Algum imprevisto na montagem ou na mão de obra e o carro não ficava pronto nunca! E quando o carro realmente ficou “pronto”, algum imprevisto acontecia e o vendedor não poderia vir naquela semana.

Resumindo. 45 dias depois, o carro pronto e a passagem aérea de volta perdida, o tão esperado dia da partida das terras sertanejas para o interior do Estado de SP chegou.

Borá enfrentar os 800 km com a gente?

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Vocês lembram que eu falei que o para-brisa estava trincado e até postei uma foto dele sendo trocado? Reparem nessa foto abaixo que o vendedor me mandou da viagem. Conseguem ver que há uma trinca no lado direito, próxima ao limpador? “mistério” que nunca foi revelado ?.

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Bom, seguimos viagem! A foto acima foi postada por volta das 7h da manhã. Quando era 11:30 eu já não aguentava mais de tanta ansiedade, resolvi ligar para o proprietário e ter notícias e saber aonde estavam, o telefone chamou inúmeras vezes até o final, as mensagens no WhatsApp eram lidas e não eram respondidas. Comecei a ficar preocupado.

13:30 – Recebo as imagens:

Ainda em terras sertanejas, não muito distante da origem, um rolamento da roda estourou e foi preciso achar uma oficina para fazer a substituição. Seguimos a viagem…

Por volta das 16h eu mando um zap para o proprietário e recebo um áudio dizendo que ele havia sofrido um “pequeno” acidente, uma caminhonete foi fazer uma ultrapassagem e acabou jogando restos de cana-de-açúcar no carro, ocasionando a quebra do parabrisa e da grade frontal. Tirem suas conclusões, afinal a foto da manhã já tinha a trinca. Não quero acusar ninguém, e nem estou dizendo que ele mentiu, mas essa história nunca “desceu”.

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17:30 resolvo ligar novamente para ter notícias, e mais uma vez elas não eram as melhores.

A trava da engrenagem quebrou, fazendo o motor sair do ponto. Nesse exato momento a ansiedade já tinha sido substituída por uma mistura de raiva e decepção! Não era possível tanta coisa dar errada desse jeito. Atraso na entrega, duas quebras e um pequeno acidente, tudo isso em 400 km, que pela viatura estacionada dentro da oficina, dava para ver a cidade e que metade do caminho já tinha ficado para trás.

Preocupado com a “bomba” que eu havia adquirido, entro em oração e começo a questionar a Deus se eu realmente havia feito a coisa certa. Já pensava em desistir da compra, mas nesse momento lembrei que eu era um cara de palavra e que já tinha “adiantado” um valor para custear a vinda, fazer o documento e passar para o meu nome e estava pagando a passagem aérea que havia sido perdida. Ou seja, já era! Eu ia ter que abraçar o problema de qualquer maneira.

Naquela noite chego em casa angustiado, olhando para o relógio de 2 em 2 minutos à espera de notícias (já tinha minhas dúvidas se ele chegaria ao destino). Quando por volta das 21h recebo a mensagem: Cheguei! Estou aqui na frente.

Depois de um dia angustiante, o GSi já estava em casa, o antigo proprietário já estava no hotel e pude após 45 dias mandar essa foto para todos os meus amigos e parentes que nem imaginavam que eu havia realizado o sonho de comprar um Gsi amarelo. Não preciso dizer que o alvoroço foi geral!

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Com o carro na garagem pude começar a avaliar o que eu tinha em mãos. Mas esses detalhes ficarão para o próximo post! Obrigado a todos e até breve!

Por Junior Zumpano, Project Cars #469

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