Por Yuri Franzoni, Project Cars #509
Buenas, rapaziada! Estamos de volta com mais um capítulo deste Project Cars #509, desta vez com os acontecimentos ocorridos entre o final de 2017 e chegando até o dia de hoje. Para quem não leu os dois primeiros capítulos, o começo da minha história com este japonês eu contei aqui e a segunda parte foi contada aqui.
Estamos agora lá por dezembro de 2017, a essa altura eu tinha feito o básico que eu gostaria de fazer, mas é claro que o básico é menos do que o mínimo, né? Como vocês devem lembrar, depois de toda a novela mexicana que foi a transferência do carro pro meu nome, eu só me preocupava em curtir o carro ao máximo.
Então, eu e a esposa rodamos com o carro do jeito que estava – apesar dos pneus bem velhos, que deixavam o carro com um rodar (ainda mais) seco, entre outros detalhes chatos –, saindo com ele todo final de semana de tempo bom, nem que fosse para dar um passeio de uma horinha pelos arredores da gringolândia.
Afinal, morar por aqui tem as suas vantagens: o Vale dos Vinhedos fica a cinco minutos de carro, bem como várias outras estradinhas secundárias, algumas com o asfalto em muito bom estado, que convidam a um passeio mais animado de capota baixa. Sem contar as inúmeras idas a Porto Alegre a passeio, só para voltar pela BR-116 até Caxias do Sul e de lá, de volta para Bento Gonçalves. Tem caminho mais curto? Claro que tem, mas se é com o Miata e o clima ajudar, o fator distância acaba contando a favor!
A questão do superaquecimento
Esses passeios a esmo de um lado pro outro com o carrinho serviram para eu começar a entender melhor certas manhas e detalhes que eu precisaria prestar atenção antes de encarar distâncias maiores com ele.
Uma delas tinha a ver com um problema idiota com a temperatura do motor, que só aparecia de vez em quando, sumia e só voltava a aparecer depois de muito tempo. Nas primeiras manutenções que fiz no carro antes de trazer pro RS, ainda em São Paulo, um dos maiores gastos que tive foi trocando mangueiras e colocando um radiador novo no lugar do original, que estava em estado bem ruim.
Certamente que isso evitou enormes dores de cabeça logo nos primeiros dias com o carro, mas essa situação de superaquecimento voltava a ocorrer esporadicamente, o que me fez prestar mais atenção nos passeios que fazíamos para ver se eu identificava algum elemento comum nas ocorrências em que a luz-espia do painel acendia.
Eis que naquele período de festas, entre Natal e ano novo, eu e a patroa resolvemos aproveitar um sábado ensolarado para ir com o nosso japinha até Gramado, a 125 km daqui. Além do destino ser famoso pela beleza e pelos atrativos turísticos, o caminho ajuda bastante, é um belo convite para fazer 250 km com sol na cara e cabelos ao vento.
Passei o caminho todo de olho nos indicadores de temperatura da água e de pressão do óleo, bem como nas luzes-espia do painel. No caminho de ida, nada de anormal – e o trajeto foi bem interessante para prestar atenção neste sentido, porque trata-se de uma descida de serra, um trecho plano, seguido de uma subida de serra e um último trecho plano. Nessa primeira etapa, tudo OK, e a pulga atrás da minha orelha não parava de coçar.
Ao chegar em Gramado, era assim que estava o meu painel – pressão do óleo normal, temperatura (que não aparece nesta foto) também normal e nenhuma luz de alerta acesa.
Beleza. Aproveitamos nosso sábado ensolarado entre Gramado e Canela e lá pelo final do dia, começamos nosso caminho de volta, pelo mesmo trajeto da ida. Então, primeiro pegamos aquele trecho plano entre Gramado e Nova Petrópolis, descemos a serra pela BR-116 até os limites de Caxias do Sul, onde seguimos pelo trecho plano até a cidade de São Vendelino. Aqui começava o último trecho, subida de serra até Carlos Barbosa (que fica a 15 km de Bento). E não é que no meio dessa última subida, o cazzo da temperatura resolveu subir novamente?
Quando surgiu a situação, tirei um pouco o pé – pensei em parar imediatamente, mas vi que o indicador de temperatura estava acima do normal mas ainda tinha um pouco de “espaço” para pelo menos eu terminar a subida – e consegui chegar até Carlos Barbosa, ainda com a luz-espia acesa e a temperatura acima do normal. Nos últimos 15 km do trajeto, a temperatura foi diminuindo… até que a luz-espia apagou, o marcador foi pra faixa normal e de lá não saiu mais! Logo vi que o problema certamente teria algo a ver com a subida da serra – mas, leigo que sou, não consegui imaginar o que seria.
Antes de ir para casa, fiz uma parada perto de casa e quando estou voltando pro carro, dei uma boa olhada pra frente dele:
Fiquei um minuto olhando aquela placa dianteira naquela posição… e pensei comigo mesmo, “será que essa porra dessa placa não tá impedindo o ar de entrar o suficiente pra arrefecer o motor?”, afinal, a única entrada de ar para o radiador é essa aí e a maldita cobria mais da metade do espaço!
Domingo de manhã, sobrou uns minutos, resolvi testar uma solução técnica alternativa. Alguns chamariam de gambiarra, mas eu não sou tão maldoso assim. Desci até a garagem, saquei do lugar a placa dianteira com o suporte e tudo e decidi que ia prender a placa mais para cima, diretamente na face dianteira do para-choque.
Só que eu não estava nem um pouco a fim de furar o para-choque para prender a placa, então, recorri à minha velha amiga fita dupla face de uso externo, aquela da 3M com película vermelha. Colei duas ou três faixas da fita no verso da placa, de forma a atravessar toda a extensão do metal. Limpei bem o plástico do para-choque, medi para que ficasse centralizado e mandei ver.
Depois de colar a placa no lugar, seguindo as instruções do fabricante da fita, fui verificar se tinha ficado bacana. A placa fixou de tal forma que se tentar arrancar ela de lá, vai levar junto um pedaço do plástico do para-choque. A própria 3M avisa que depois que a fita tiver fixado, para remover, é necessário recortar toda a extensão do material com um fio de nylon, lixando o resíduo que sobrar. Ou seja, a coisa fixa mesmo.
Confesso que curti muito mais o visual novo – e nos passeios seguintes, fiquei de olho no painel e no espelho retrovisor, pra ter certeza que a placa não ficaria pelo meio do caminho…
Passou-se umas duas semanas, algumas milhas rodadas a mais e a placa continuava lá, firme e forte. Início de janeiro de 2018, fazia um tempo que eu não visitava meu pai em Carazinho (a 240 km da cidade onde moro), então resolvemos ir pra lá eu e a esposa com o Miata. Na ida, saímos às 16:30 daqui, chegamos pouco depois 20:00 por lá, sempre com a capota baixa, curtindo o caminho. O trajeto era semelhante ao de Gramado (embora com o dobro da distância): descida de serra, trecho plano, subida de serra, outro trecho plano. Se era pra superaquecer, tenho certeza que isso aconteceria nessa viagem – e se fosse pra placa cair, também!
Trajeto de ida, tudo certo, placa firme no lugar onde colei e temperatura estável, sem sustos. Passamos um fim de semana bacana com meu velho e no caminho de volta, saímos de lá às 15:30, fazendo o mesmo trajeto da ida. Desta vez, não deu pra baixar a capota – o sol estava de rachar, não dava pra aguentar mesmo. Aí foi que começamos a sentir falta do ar-condicionado, que existe, mas estava sem gás (teoricamente, era só isso mesmo, na prática só Deus é que sabia). Anotei em minha mente a necessidade de carregar o gás do AC e vamos em frente.
Fizemos o trajeto de volta: trecho plano, descida de serra, trecho plano e subida de serra. Sucesso absoluto: ao concluir a subida da serra, meu painel estava assim:
Desde então, meu carro nunca mais superaqueceu, a placa não caiu e não tive mais dores de cabeça nesse sentido… exceto pela temperatura que me parecia baixa demais para um carro que havia rodado cerca de 200 km embaixo do sol de verão. Válvula termostática deve ter ido pro vinagre, pensei – ela já estava meia-boca quando da revisão pós-compra, então não chegou a ser uma surpresa que ela abrisse o bico depois de algum tempo. De qualquer forma, não era algo que me impediria de usar o carro, então fiquei mais tranquilo porque pelo menos não iria mais superaquecer, mas foi mais um item que entrou pra lista de “pepinos a resolver”.
VII Rally dos Vinhedos
Por sugestão de um amigo, acabei me associando ao Veteran Car Club dos Vinhedos, de forma a poder participar dos eventos do clube, que acontecem periodicamente. O maior e mais famoso é sem dúvida o Rally dos Vinhedos, que ocorre anualmente no mês de julho entre diversas cidades daqui da Serra Gaúcha.
O Rally dos Vinhedos é o maior evento de regularidade histórica do Brasil. A edição de 2018 aconteceu entre os dias 06/07 e 07/07/2018 e reuniu 125 veículos, com a presença de equipes de Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de uma dupla de argentinos que veio de Buenos Aires. Na sexta-feira 06, tivemos o coquetel do evento, realizado na Vinícola Peterlongo em Garibaldi, durante o qual a organização entregou o material do Rally aos participantes – entre eles, a planilha de navegação e os adesivos para identificação do veículo.
No sábado, 07/07, houve a largada na Vinícola Salton, em Bento Gonçalves. Primeiro, saíram os veículos da categoria Vintage (ano de fabricação até 1930). Após a largada do primeiro veículo, os participantes seguintes eram autorizados a começar a prova a cada 1 minuto. O roteiro total do trajeto previa cerca de 180 km entre as cidades de Bento Gonçalves, Garibaldi, Carlos Barbosa, Barão e São Pedro da Serra.
Apesar do nosso singelo Mazda ainda não ter 30 anos de fabricação (ano 1990, modelo 1991), pudemos participar do evento na categoria “Passeio”, que não pontua e nem concorre a premiação – sempre de acordo com as regras da CBVA. A ideia nem era essa, o que queríamos era curtir o carrinho junto com outros amantes de veículos antigos, seguindo um evento organizado adequadamente e, claro, conhecer o ambiente antes de meter a cara para pontuar. Assim, quando tivermos a chance, a chance de fazer bonito é maior, não é mesmo?
Inclusive, não fomos o único Miata do evento! Um grande amigo de SP resolveu adquirir o MX-5 ano 93 de outro amigo de Porto Alegre e aproveitou para participar do Rally com o seu novo brinquedo.
Nossa largada foi às 9:50. Aquela manhã de julho estava bem agradável para um dia de inverno da serra gaúcha – cerca de 15˚C, o que nos permitiu fazer todo o trajeto de capota baixa. No entanto, não nos preocupamos em cronometrar corretamente o percurso, apenas curtimos o roteiro e tentamos não atravessar a vida de ninguém, afinal muito ajuda quem não atrapalha, né?
Cada participante do evento recebe um equipamento GPS para monitoramento do percurso realizado e do horário obtido em cada ponto monitorado. Como os trechos monitorados eram bem definidos, na prática todo mundo fazia o trajeto sugerido no ritmo que quisesse, tomando o cuidado de entrar nos trechos monitorados dentro do horário descrito na planilha de bordo.
Então, foi comum encontrar um monte de gente parada no acostamento da estrada, perto do início de algum trecho monitorado, cada um aguardando sua vez de passar pelo local. Fico imaginando, até hoje, o que devem ter pensado os motoristas que passaram por esses pontos de encontro – em determinado momento, havia uns 30 veículos reunidos em um ponto da BR-470, entre Carlos Barbosa e Barão, que variavam de SP2 a Ferrari F355, de Jaguar a Corvette, de Landau a Miata!
Inclusive, depois desse trecho monitorado, a próxima parada era na cidade de São Pedro da Serra, onde teríamos dez minutos na praça central da cidade. Nesse momento, quando estacionei o carro, fui abordado por um garoto de uns 13 anos de idade, que ficou batendo maior papo comigo por lá – leitor assíduo do FlatOut, tinha lido o meu texto sobre a Project Trip que fizemos entre Itália e Grécia, onde deixei um pequeno spoiler da compra do meu carro. Me senti quase como uma subcelebridade… mas o que mais me deixou feliz é ver como essa gurizada mais nova ainda tem interesse em carros, nem tudo está perdido!
Finalizado o Rally, ao final da noite saíram os resultados. Ficamos em 5˚ lugar na categoria Passeio, entre dez inscritos – considerando que nem ao menos mantivemos nosso cronômetro marcando corretamente, achei que fomos bem demais! Mas já tinha ficado a decisão: no próximo, a gente vai fazer tudo direitinho.
Mais um momento subcelebridade…
Naquela mesma época (julho de 2018), recebo um recado do meu grande amigo Gustavo (aka Fórmula Finesse):
Nem pensei duas vezes! Eu tinha que ter essa revista pra mim, né? Marcamos para bater um papo uma hora dessas e trato feito: a revista Quatro Rodas com a capa do Miata em troca de um test-drive! O Finesse teve, sem trocadilho, finesse ao volante, tenho certeza que se divertiu bastante com o carrinho – fica aqui o grande abraço ao amigo!
Corta para dezembro de 2018. Esse foi um ano que não me permitiu fazer muita coisa no carro – prioridades diferentes que me impediram de empatar muita grana no carrinho, se bem que ele já estava muito bem encaminhado, tudo o que tinha para ser feito era coisa que não impedia o uso. Naquela ocasião, em mais uma das nossas inúmeras passeadas pela capital gaúcha, fomos stalkeados (existe essa palavra?)… estamos nós voltando pra casa depois de um sábado agradável de capota baixa, e um amigo me manda as imagens abaixo no WhatsApp:
Sim, me senti novamente uma subcelebridade. Acho que nunca vou me acostumar com isso – no trânsito até já acho normal, pessoal para e pergunta alguma coisa, tira fotos e tal… eu me divirto com isso, acho muito bacana o efeito que um antigo diferente causa nas ruas.
Chegou 2019, resolvi tirar um tempinho pra ir atrás de algumas pendências que acompanhavam o carro desde que o adquirimos. Tinha alguns grampos da forração do porta-malas que haviam quebrado (resultado de plástico ressecado mais um proprietário bocó), então toda vez que eu abria a tampa, aquela forração interna ficava dançando e isso me incomodava bastante. Além disso, em algum momento, tinha sumido uma das tampinhas de acabamento externo, que protegem os parafusos logo abaixo do para-brisas.
Falando no vidro dianteiro, tinha também os esguichos do limpador que não funcionavam direito (e eu tinha 90% de certeza que era algum vazamento no reservatório). Ah, e é claro, o ar condicionado que não gelava – havia chegado a hora de verificar se era mesmo apenas a falta de gás no sistema ou se eu tinha alguma encrenca mais complicada para resolver.
Fui até uma auto-elétrica daqui da cidade com o objetivo inicial de deixar o AC funcionando a contento, mas aproveitei a visita para resolver todos esses itens acima. Então, enquanto o pessoal testava a pressão na tubulação do compressor – para descobrir se tinha algum vazamento no sistema –, aproveitei a ajuda do rapaz da oficina para começar a investigar os esguichos dianteiros.
Enchemos o reservatório de água, com cuidado para não transbordar, e lá deixamos para descobrir se tinha algum vazamento. Não tinha. Acionei o esguicho algumas vezes e saiu um guspe bem pequeno pela saída do capô, mas vazou um pouco por baixo da própria saída do esguicho. Diagnóstico: esguichos entupidos (ou melhor dizendo, MUITO entupidos). Nada que uma boa dose de paciência e uma carga de detergente no reservatório não tenham solucionado. Por sorte, o motor do esguicho não estragou ao longo desse tempo todo, pois sabe-se lá desde quando estava entupido.
Esguicho solucionado, fomos conferir a pressão no sistema de ar condicionado. Tudo simplesmente perfeito, mais de uma hora com o manômetro ligado e não baixou absolutamente nada. Sinal que estava tudo em ordem para uma nova carga de gás – assim fizemos. Carga concluída, acionamos o ar condicionado e voilà: voltou a gelar a cabine como nos bons tempos. Se fui pobre um dia, eu não me lembro – voltei pra casa com o ar bombando de forma que chegou a embaçar o vidro dianteiro.
Algumas semanas depois, me surgiu um (raro) sábado de folga e tivemos o Encontro Mensal do Veteran Car Club dos Vinhedos. Não é nenhum evento de grande porte – apenas a reunião mensal dos sócios do clube com alguns dos seus filhotes, para bater papo e curtir o sol do sábado. A seguir, algumas imagens desse encontro:
Mais alguns ajustes
Nesse meio tempo, eu continuei catando no eBay e assemelhados os itens que eu sentia falta no meu carro. Cara chato como sou, a simples falta da capa protetora do estepe era algo que me levava à web para pesquisar e mandar trazer. No fim das contas, achei a capa do estepe… que veio pra cá junto com um estojo de couro da Mazda para o manual do proprietário, mais um exemplar do Mazda MX-5 Miata 1990 thru 2014 Haynes Repair Manual. Pra um leigo como eu, esse manual vale ouro, basta manjar um pouco de inglês que a ajuda que ele te dá é enorme!
Ah, e aproveitei o frete para trazer também mais um item do interior do carro que está cada vez mais difícil de encontrar em qualquer condição de conservação – o CD Player original do rádio OEM Mazda. Fucei no eBay, não achei nenhuma unidade à venda. Recorri novamente ao fórum Miata.net, ninguém estava oferecendo nos classificados. Então, postei um anúncio de “wanted to buy” e alguns dias depois, apareceu um senhor da Califórnia vendendo a unidade do carro dele. A unidade ótica já não funciona, nenhuma surpresa, mas cosmeticamente falando, a aparência do aparelho era excelente. Fechei a compra e mandei entregar na Qwintry, para despachar tudo pro Brasil de uma vez só.
Aí chegou a hora de mais uma troca de óleo e filtro. Na especificação original de fábrica, meu Miata usa óleo mineral 20W50 (lembremos que é um carro de quase 30 anos), indicando troca a cada 5.000 km rodados ou seis meses, o que ocorrer primeiro. Como eu não rodo tanto assim com o carro – não chega aos 5.000 km em seis meses, eu sempre troco pelo prazo mesmo, e assim o fiz. O óleo é fácil de encontrar – desta vez, optei pela marca Petronas, enquanto o filtro de óleo da marca FRAM é o mesmo utilizado no Renault Clio 1.6, também muito fácil de encontrar à venda.
Durante a manutenção, descobrimos que o carro apresentava um pequeno vazamento de óleo, localizado em um ponto chato pra caceta, atrás do bloco do motor, uma situação que segundo os amigos do Miata Brasil é relativamente comum nos Miata 1.6. E o local em questão é muito xarope de acessar – exigiria uma mão de obra semelhante à da troca da embreagem do carro, ou seja, um trabalho considerável. Por outro lado, o vazamento é tão pequeno que nunca deixou qualquer gota de óleo no chão da garagem – tanto é que só fiquei sabendo dele quando o mecânico me mostrou…
O nível de óleo nunca apresentou qualquer baixa significativa, nenhum sintoma, nada, é apenas o motor com aquela meleca de sujeira por fora, mas nada além disso. Então, depois de bater um papo com a turma do Clube, decidi monitorar de perto essa situação, completando o óleo em caso de necessidade, para fazer o reparo completo quando for preciso mexer na embreagem do carro (seguindo a famosa filosofia da Jaque).
Outra coisa que o mecânico confirmou: a minha válvula termostática apresenta mau funcionamento. Lá em 2017, quando comprei o carro, ela sofreu uma intervenção na revisão inicial, mas eu sabia que em breve eu teria de substituí-la. Neste momento, estou começando a procura da peça de reposição – tem muita opção no mercado, até no Submarino.com a gente encontra, mas tem que ser de qualidade confiável, então ainda não adquiri. Olho no marcador de temperatura e vida que segue até segunda ordem.
Finalmente, o mecânico também me comentou que a bomba d’água do meu carro está um tanto barulhenta, embora plenamente funcional. Ficou a sugestão de substituí-la quando estiver a fim de gastar uns pilas nesse assunto – fora o ruído durante o funcionamento, não chega a comprometer. Mas é claro que este é mais um assunto na pauta para ser realizado em breve.
Por que motivo eu não havia feito nada disso até o momento? Bem… o carro é um hobby, sacumé? Então tinha que encaixar nas prioridades (e com o resto das contas de casa, naturalmente). E principalmente porque… sapatos novos, galera!!
Quem disse que o Miata não é prático? Baixei a capota, empilhei os pisantes novos no banco do passageiro e partiu mandar embora os Pirelli de rocha. Saíram os P6000 com dez anos de uso (pois é… relaxei, devia ter trocado muito antes) e entraram Dunlop SP Sport LM704, na medida original do carro (185/60 R14). Trocados os pneus, quanta diferença… parecia que eu tinha deixado o carro do Fred Flintstone pra trás – ainda estava firme e pulando bastante, mas de forma infinitamente mais civilizada. Desse momento em diante, a esposa não reclamaria mais de o carro ser confortável como uma empilhadeira.
E nesse intervalo entre a compra das últimas porcarias na internet, a troca de óleo e a troca dos pneus, acabou que a encomenda foi entregue, para nossa alegria. Não sei se sou eu que sou chato demais com esse tipo de coisa, mas olha que lindeza que ficou o painel com o CD Player original e sem aquele porta-trechos marca-diabo debaixo do rádio:
Agora, para deixar esse painel funcional do jeito que eu quero, só falta tirar um tempo para mandar o rádio inteiro para uma eletrônica especializada. Uma das saídas de som (mais exatamente a dianteira esquerda) está com mau contato e 90% do tempo fica muda, além de ter alguns LEDs de iluminação queimados, inclusive do display, tornando impossível o uso do rádio à noite. E lá vem a Jaque: quando for pra oficina, já que estarei mexendo no som, já vou aproveitar para instalar os substitutos destas velharias aqui:
Sim, são falantes de 3,5” instalados no encosto de cabeça do banco do motorista. E sim, é um par de falantes em cada banco – ou seja, o Miata tem seis alto falantes de fábrica, uaaaau. Só que achar falantes novos nessa medida (retangulares, ainda…) é tarefa quase impossível em 2019. Então, comprei dois pares de Bravox de 4” e vou deixar o carro numa oficina para instalação. Vai envolver um pouco de trabalho adicional para encaixá-los no devido lugar, mas trata-se de uma adaptação comum lá fora e relativamente simples de se fazer.
Enquanto isso, continuamos curtindo o carrinho. Por “continuamos”, entenda-se eu, a minha esposa e nossa cachorrinha:
VIII Rally dos Vinhedos
E eis que chega o auge do inverno na serra gaúcha neste ano de 2019 e com ele, mais uma edição do Rally dos Vinhedos. Depois de um belo coquetel no dia 05/07, durante o qual pude rever os amigos que vieram participar do Rally, a largada do evento ocorreu no sábado 06/07 nas dependências da Vinícola Chandon, em Garibaldi.
Da mesma forma que em 2018, o Miata não poderia pontuar nessa prova pois o carro ainda não tem 30 anos de fabricação – o que só ocorrerá em 2021 (na verdade, poderia ser em já no ano que vem, pois a etiqueta de identificação que está colada na porta do carro indica que a fabricação do mesmo ocorreu em novembro de 1990, mas eu me recuso a ter de tratar novamente com o Detran em relação a este carro. Prefiro esperar mais um ano a ter de aturar aquela gente outra vez!) –, então novamente fomos inscritos na categoria Passeio, que segue as mesmas regras da maioria dos demais competidores, exceto pela pontuação. Serviu como mais uma oportunidade de treinar e aprender as manhas do evento, para não fazer feio quando chegar a nossa vez.
Nós chegamos ao local da largada perto das 08:30, quando acabamos encontrando vários amigos por lá, tais como o nosso caríssimo Fórmula Finesse, que também estava lá conferindo as verdadeiras joias dos inscritos no Rally.
Nesta edição, o nosso MX-5 era o mais antigo dos participantes da Passeio, então fomos os primeiros a largar na nossa categoria – o que ocorreu precisamente às 09:52:30 daquela manhã gelada (os termômetros marcavam -1°C naquele horário… tentem imaginar como estava o clima quando partiu o primeiro competidor). Eu até queria fazer a prova toda de capota baixa, mas tive clemência com minha esposa… tá, é mentira, estava frio pra cacete mesmo. Decidimos deixar a brisa no rosto para depois.
Ao chegar a hora da largada, disparamos nosso cronômetro e seguimos nossa planilha de bordo, passando pela cidade de Farroupilha, onde teríamos os primeiros trechos controlados do roteiro. Devido ao movimento considerável que pegamos na rodovia desde a partida, praticamente todos os participantes decidiram subir o ritmo até chegar a um posto de combustíveis, alguns metros antes do início do primeiro trecho monitorado, para aguardar cada um pela sua vez de passar pelo controle enquanto fugimos do trânsito da estrada. Foi bem interessante ver aquele monte de antigos e exóticos fazendo fila em um posto à beira da estrada…
Após dois trechos monitorados, chegamos à primeira parada, na cidade de Alto Feliz, nas dependências da Vinícola Don Guerino. Belíssimo local, recepção calorosa, um belo passeio!
A próxima parada seria na cidade de Tupandi, onde tivemos um belo almoço no Restaurante Velho Casarão. Enquanto tirávamos a barriga da miséria, o Miata era stalkeado mais uma vez…
Terminado o almoço, saímos em direção aos próximos passos da planilha de bordo. Logo na saída de Tupandi em direção à cidade de Harmonia, erramos (muito) o caminho e perdemos a entrada para a rua indicada na planilha. Não sei se foi distração minha ou se a indicação era realmente confusa (às vezes é proposital para aumentar o desafio, sabe como é), mas o engano que eu cometi foi o mesmo que pelo menos uns vinte outros participantes cometeram. A rota (incorreta) que nós seguimos, depois corrigimos, foi um erro tão comum naquela prova que chegamos a formar uma pequena fila de veículos do evento, todos voltando ao ponto onde erraram.
Finalmente corrigimos a rota e aí era hora de recuperar o tempo que fora perdido dando voltas a esmo. A terceira zona controlada era logo ali adiante, e tínhamos que passar pelo início desse trecho no horário certo, sob pena de perda de pontuação no escore final da prova. Hora de pisar um pouquinho onde fosse possível… e de ouvir a sinfonia mecânica de alguns dos outros participantes, como um Mercedes S500 AMG Coupé e uma Ferrari F355 Berlinetta F1, por exemplo.
Depois de um total de seis trechos controlados e algumas paradas realizadas ao longo de quase 200 km de roteiro, no final daquela tarde chegamos ao finish line do Rally. Cansativo, mas divertido demais!
Terminado o Rally, era hora de ir para casa tomar aquele banho e dar uma descansada rápida, pois dali a poucas horas já teríamos o jantar de encerramento do evento, quando seriam anunciados os resultados das diferentes categorias da prova e premiados os vencedores. Como estávamos na categoria Passeio, de acordo com o regulamento, não teríamos direito a qualquer premiação ou pontuação oficial, mas nossa participação foi devidamente registrada através dos equipamentos de GPS da organização da prova.
Eu queria ver se tínhamos melhorado nosso desempenho em relação ao ano anterior. Desta vez, tínhamos pelo menos tentado fazer tudo como manda o figurino: planilha rabiscada, cronômetro disparado na hora certa, entramos e saímos das zonas controladas mais ou menos no horário estabelecido no roteiro. Estávamos confiantes que teríamos um resultado melhor do que na última edição, mas por outro lado, também tínhamos concorrentes mais fortes participando – o que nos deixou com expectativas controladas, do tipo “qualquer coisa melhor que o ano passado já tá ótimo”.
Então, no início da cerimônia de premiação, eu fiz valer a minha ansiedade e nem esperei pelo anúncio oficial (até porque, bem, para a categoria Passeio não haveria qualquer anúncio) – fui direto ao site da Totem para buscar os resultados detalhados da prova. Eis que encontro isso aqui:
(http://totemnow.com.br/site/wp-content/uploads/2019/07/Resultado_ProvaUnica_Vinhedos_2019_R2.pdf)
(Foto 93)
Sim, meus amigos, vencemos a prova na categoria Passeio! E mais importante do que isso, conseguimos uma pontuação fantástica para uns novatos – foram somente 171 pontos perdidos ao longo do roteiro, o que nos colocaria na 30ª colocação geral do evento entre 137 inscritos (claro, isso considerando apenas a pontuação perdida – algumas categorias possuem regras mais difíceis, então não dá pra comparar). Ficamos muito felizes com esse desempenho, pois agora já estamos querendo repetir a dose ano que vem e em 2021, quando finalmente estivermos em condições de pontuar oficialmente, queremos beliscar uma premiação, por que não?! Sinal que o tempo de aprendizado tá sendo bem aproveitado…
Por enquanto é isso, galera. A situação atual do carro é esta, mas no próximo post, pretendo apresentar o áudio totalmente consertado (rádio e falantes), bem como compartilharei com vocês os passeios que estão engatilhados por aqui. Grande abraço!