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Project Cars Project Cars #512

Project Cars #512: depois da escolha, a compra e a transformação do meu Honda Prelude

Por Eduardo Martinelli, Project Cars #512

Olá, gearheads! No primeiro capítulo da saga contei sobre a escolha do carro, agora vamos esmiuçar o escolhido.

Dia 9 de agosto de 2008, 12:34

Eu: Fala, Felipe! Tudo bem? Preciso que você vá ver um Honda Prelude para mim lá em Tatuí. Se der negócio, preciso que você traga ele até São Caetano. Tudo bem?

Felipe: Claro! Vou sair logo cedo e te mando as fotos e minha análise técnica.

Dia 9 de agosto de 2008, 13:00

Eu: Alô? É da Click Eco Peças? Acabei de ver um câmbio de Honda Prelude que vocês anunciaram no Mercado Livre. Qual o estado do câmbio? Tem garantia? Nota fiscal?

Click Eco Peças: Olá! Damos garantia de 3 meses e todas as nossas peças possui nota fiscal. Acabamos de colocar este anúncio no Mercado Livre, que bom que você se interessou.

Eu: Então, eu ainda não comprei o carro, ele é automático mas ainda não fechei negócio, vou avaliar a compra amanhã. Vocês, poderiam congelar o anúncio para mim?

Click Eco Peças: Ok, um dia eu seguro o anúncio, mas assim que colocar nos anúncios JDM, este câmbio vai embora rapidinho.

Eu: Sem problemas! Preciso de um dia só mesmo.

Dia 10/agosto/2018: 14:27

Felipe: Eduardo, beleza? Olha…. o carro não está nos seus melhores dias, tem umas coisas para fazer, de pintura, acabamento, suspensão, a luz do ABS só fica ligada, o carro freia estranho, o painel central da temperatura e marcador de combustível não funciona e o câmbio automático demora para trocar a marcha e quando troca dá um tranco, o console central está com o plástico manchado devido o tempo, a homocinética está com problemas, o som é original mas não funciona, a saída de ar da porta do motorista está quebrada, o aerofólio não é original e foi feita uma nova furação na tampa do porta malas, as rodas precisam ser restauradas, o teto solar tem umas bolhas de ferrugem, ele colocou um sensor de estacionamento no carro, assim como a antena retrátil que não sai do lugar, e o carro está com uma chave canivete que não é original. Aí você decide… não está no nível de colecionável, precisa fazer bastante coisa. Vou te mandar as fotos por whatsapp.

 

Dia 10/agosto/2018 15:00

Eu: Alô, sou eu! Coloca o anúncio do câmbio manual lá de novo, vou comprar.

Click Eco Peças: Legal! Então comprou o carro?

Eu: Não, ainda não, mas não quero perder o câmbio.

Dia 10/agosto/2018 15:30

Eu: Felipe, beleza! Negócio fechado! Pega a conta aí com o proprietário que vou depositar agora para ele.

Dia 11/agosto/2018: 14:13 Eu recebo o carro em casa. Começa a jornada.

Pois é, pessoal, e foi assim que foi a compra do meu carro, comprei primeiro o câmbio manual, o bendito do câmbio manual antes do próprio carro! O câmbio estava em melhor estado do que o carro. Quando o vi ao vivo, achei maravilhoso! Sim, tinha muita, mas muita coisa para fazer, realmente o Felipe não errou. O carro precisava de um dono.

O carro realmente precisava de um dono! Achou!

Mas o que fez mesmo eu comprar o carro foram dois vídeos, um do Barata e outro do Belotte, abaixo, quando o Barata gravou o segundo vídeo dele, o carro já estava na minha garagem.

O carro quando bem cuidado, é lindo! É um samurai digno, de linhas fluidas. E ele envelheceu bem com o tempo. É o suprassumo da Honda na década de 1990, só abaixo do lendário NSX.

Minha idéia inicial era mantê-lo 100% original, apenas o swap do câmbio e nada mais. As coisas mudaram de rumo quando fui atrás de uma oficina de confiança para mexer em um carro assim. Quem me ajudou nesta indicação foram o Yuri Franzoni e o Felipe Cluk, ambos donos de Miata, me indicaram a Gearhead Garage em São Paulo. Só falo uma coisa e já dando spoiler, foi a melhor indicação que poderiam fazer!

Combinei com o Caio da Gearhead Garage de levar o carro em uma semana, então por uma semana andei com o carro OEM, com todos os defeitos que o Felipe havia dito. Eram muitos! Parecia um Landau a suspensão, a cada troca de marcha o carro dava um tranco, parecia que que o câmbio automático estava solto. E ele também não estava com o ar-condicionado funcionando.

Deixei o carro lá na Gearhead Garage em uma segunda-feira, para apenas o swap, a revisão completa, troca de velas, cabos, correias, retentores, uma polida na pintura e restauração das rodas. Só! Ledo engano, engano rude, engano junior. Não parou em nada por aí.

Descobrimos que nunca foi trocado uma mangueira no carro, nem correia dentada, isto para um carro esportivo de 25 anos. Desmontando todo o motor, descobrimos coisas além. Adeus bomba de óleo, bomba d’água, bomba de combustível, lembra do problema do freio que o Felipe havia comentado? Pois bem….não havia freio. Adeus cilindro mestre e servo-freio. Ah… e o problema do marcador de combustível e temperatura não era fusível, então partiu procurar um outro.

Entrei em contato com a Click Eco Peças de Sorocaba, agora precisava combinar a entrega do câmbio manual que havia comprado e, quando um carro é para ser seu…. ele será.

Eles não me cobraram frete, pois o proprietário morava em São Paulo e voltava todo final de semana e, pasmem, passava em frente a Gearhead Garage, ou seja, caminho…. economizei no frete e ainda por cima comprei o que precisava… o aerofólio original, o marcador de combustível e temperatura, um para sol novo, uma nova saída de ar, o servo-freio e cilindro mestre.

Virei um cliente fiel, meu Prelude estava se tornando o paradoxo do navio de Teseu, ou seja, se o navio troca todas as peças no caminho até o destino, quando ele chega, ele é o mesmo navio que saiu ou não? Meu Prelude estava se encaixando no padaroxo.

Nesta jornada, o Daniel do Project Car #318 me convidou para fazer parte do Prelude Club, aí a coisa desandou. Teria novas referências e informações sobre o carro, e conheci gente tão maluca quanto eu.

A primeira aquisição: faróis one piece (acima). Estes faróis são raros, foram vendidos apenas no mercado japonês, são muito mais bonitos também. Segunda compra: chaves originais novas, o carro voltaria à sua glória noventista e a chave canivete iria para o lixo.

Terceira compra: radiador de dupla colmeia de alumínio. Quarta compra: front lip. Quinta compra: faróis de neblina para manter no estilo JDM.

Sexta compra: mudflaps traseiros e dianteiros. Sétima compra: som novo da Pioneer e caixas de som JBL, com módulo subwoofer.

E por falar em detalhes do serviço, como tirei o air bag (arriscado demais andar com um air bag velho), usamos a mesma caixinha do módulo para colocar o módulo do som, ficou perfeito! Sétima, oitava… vigésima compra… não parei!

Tivemos problemas nas mangueiras, fizemos três compras diferentes, apenas uma chegou. Isto atrasou o projeto por dois meses, e quanto maior o atraso, pior ficava, pois as idéias não param.

De volta na Gearhead Garage, o Caio me propõe pintar a tampa de válvula…. por que não? Ela estava feia…. uma cor não faria mal…. e o projeto mudando de forma….. não estava mais 100% original e eu estava curtindo.

Volante Nardi? Por que não? Barras anti torção? Claro! Fizemos uma sob medida. Na cor branca! Ah…. o escapamento está todo ruim…. então vamos fazer um inteiramente novo, em inox de 2,5 polegadas na Unique. Escapamento pronto, e que som! Apaixonante!

O Prelude tinha uma coisa que me incomodava, o vão entre o parachoque dianteiro a estrutura do carro, logo ali, onde abre o capô, precisava de um acabamento frontal, novamente. O pessoal do Prelude Club dá uma força, e o Douglas (dono de um Prelude VTEC), se não fosse ele meu carro, com certeza, não estaria no nível que está.

Com a vetorização do desenho para dar o acabamento ali em mãos, o pessoal da Gearhead Garage fez o molde, ajustou, fez um protótipo e depois a versão final em corte a laser e de alumínio, parece original!

O Caio tentou de todo jeito fazer o painel funcionar, o painel que havia comprado também não funcionou. Comentando isto no clube, descubro que havia uma sucata lá com o painel funcionando, converso com o Douglas (antigo dono da sucata e que me ajudou muito na restauração com peças e dicas), com o Ivo e fecho a compra do painel digital. Uhu!!! Um problema a menos! O painel finalmente funcionou!

Um dos projetos gringos que o Flatout publicou foi da BMW da Vilner. Reparem no nível de detalhes, acabamento e observem bem o tapete! “Race Shoes Only”. Uma placa de ferro, com este escrito. Memorizado! Preciso usar isto, mas dentro do mote JDM. Desenho vai, desenho vem… e surge a idéia! Novamente…. graças ao Flatout.

Não sei se alguém aqui reparou, mas no antigo site quando a página carregava, parecia um ideograma em japonês “Seu carro, sua história”. Sim, copiei na cara larga a referência mas mudei para “Meu carro, minha história”. Mandei fazer os tapetes customizados em carpete e couro, bordado em vermelho para combinar com a costura do volante Nardi e com a costura da coifa em suede do câmbio manual. Atenção aos detalhes, o carro precisa ser harmonioso com a proposta.

Ah…. meu carro era automático, lembram? Havia bem no meio do painel o marcador de marchas, PRND… horrível! Novamente busco ajuda no Prelude Club e novamente o Douglas me consegue um painel do manual, e além de ser manual, é da versão VTEC onde o corte de giro acontece mais alto. Visualmente é mais bonito. Então, eu curti.

O carro estava muito bem encaminhado quando chegou na etapa do polimento, é…. como podem perceber, é fazendo m… que se aduba a vida, estava deixando o carro com um nível de restauração e acabamento que um simples polimento não honraria o legado. Mas que cor? O branco do Prelude original, na minha opinião é cor de geladeira, “branco sem graça frost-free”.

A resposta para isto veio no grupo fechado do Flatout para quem é crowdfunder, ali me recomendaram a cor do Civic Type R, a Champion White Clearcoat NH0, é…. curti a cor. Então…. por que não? O descontrole rolou soltou no projeto.

Enquanto o carro estava na pintura (onde aproveitaríamos para tirar aqueles sensores de estacionamento e a antena externa, recebo no meio da noite algumas rodas por whatsapp…. era o Caio da Gearhead Garage, é complicado….. se não era eu, era ele que vinha com umas idéias que curtia, assim dei adeus definitivamente ao projeto original, meu carro estava partindo para uma aparência mais pro street.

A roda que escolhi foi a HLK Rotiform 4×114 R15 Vossen Raw com 8 polegadas. Ia ficar justo com a lataria, ia ficar incrível, e os pneus? Novamente as “más companhias” no Prelude Club me indicaram a Toyo R888, sim, é um pneu de pista. Novamente… por que não?

Depois de muita pesquisa achei com preço bom e comprei o Toyo R888 225/50 R15, é um rolinho compressor, o carro já é largo e baixo, com um pneu deste me pareceu uma boa idéia.

Roda chegou, pneu chegou, colocamos no carro e… ficou para fora. Sim, ficou uns 2 centímetros de roda e pneu para fora da carroceria. E o pior, ficaram lindas no carro! O carro ganhou definitivamente uma aparência pro street com aquele jogo de rodas e pneus R888, mas não poderia rodar pelas ruas devido à legislação.

Toda a parte de funilaria e acabamento foi em um prazo apertado, pois o Caio já havia inscrito meu carro para o JDM Meeting, ia ser um dos destaques do stand dele. O trabalho se estendeu pela madrugada adentro…

Decidimos então levar o carro até o evento com as rodas originais e lá trocar pelas novas, assim evitaríamos qualquer problema durante o trajeto. Assim foi feito.

Carro no evento, infelizmente não consegui comparecer devido um problema familiar, mas meu carro estava lá e fez sucesso! Fiquei feliz por isto, fiz o carro para mim e muita gente também gostou do que viu, alguns mais ingênuos falavam que o carro era zero, que nunca havia sido pintado, que estava imaculado… muito contente em ouvir isto do Caio e Alexandre da Gearhead Garage, todos os elogios remetem ao trabalho meticuloso e cuidadoso deles. Se você está lendo este Project Car e o viu no JDM Meeting, agora sabe a saga que o carro passou.

Mas a saga não acaba no JDM Meeting, meu carro continuava sem ar-condicionado e também precisava resolver a questão das rodas, não vou colocar um pneu mais fino, curti o meu Toyo! E curti as minhas rodas! Vamos avaliar as opções e concluir o projeto no último episódio, fenders ou alargar o carro na própria lata depois da pintura?