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Project Cars Project Cars #58

Project Cars #58: motor, câmbio e embreagem do meu Mazda 626 convertido para tração traseira

No último episódio do Project Cars #58, observamos a similaridade entre as suspensões traseiras do Subaru Legacy e do Mazda 626 e como isso jogou a meu favor na hora de montar o conjunto de suspensão traseira do meu projeto. O processo durou cerca de duas semanas, foi rápido e sem mistérios. Mal sabia eu que as demais etapas seriam mais demoradas, com exponencialmente menos facilidades.

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Com a suspensão traseira no lugar, havia uma meta para as outras peças do carro, por assim dizer. A posição do diferencial determinaria o comprimento do cardã, o espaço necessário no túnel central para a passagem, a posição do eixo de saída do câmbio, e esta, por consequência determinaria a posição do eixo de entrada e a posição final do motor no cofre, por isso devemos começar pela suspensão traseira. Com o trabalho na suspensão traseira terminado , era hora de posicionar o motor e câmbio.

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Para unir o câmbio ao motor, era necessário remover o flexplate (peça flexível no formato do volante do motor que comporta a cremalheira e, unida ao conversor de torque, permite que o acoplamento hidráulico transfira a energia do motor através do câmbio para os eixos e semi-eixos, conforme for o caso) pois este não possui peso nem espessura de volante de motor (que sabemos que deve, mesmo que extremamente aliviado, ainda ter uma massa especifica). Ao remover a estrutura e preparar o bloco para receber o câmbio, me deparei com um virabrequim de furação diferente dos 626 95-97 comuns no Brasil, necessitando de um volante do motor específico. Com sorte, e alguns contatos, no Mato Grosso havia um 626 GF 99 manual baixado, sem câmbio mas ainda com volante!

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Agora faltava “só” conseguir uma embreagem… ou não. A embreagem do 626 99 é vendida pela Sachs no Brasil mas, dada a raridade do carro, os fornecedores locais não tinham a peça em mãos, só sob encomenda (e eu não gostaria de esperar mais ainda… já havia tido de gastar tempo atrás do do volante).Fui até os experientes amigos da Valença Embreagens, que atendem os preparadores da região, e demais oficinas, além de recuperar as peças eles também constroem embreagens para carros preparados. “Se atendem carros de competição de alta cavalaria, conseguem resolver meu problema” pensei, e não estava errado!

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Havia no “banco de dados” deles , um platô sem nenhuma marcação, segundo os proprietários a peça repousava lá há anos, esta peça misteriosa, depois de testes da pressão das molas e de apresentar encaixe perfeito em meu volante, foi unida a um disco com compósito orgânico heavy duty e molas duplas para compor meu conjunto de embreagem. Além de serem peças bonitas, que trabalhariam adequadamente em conjunto, podem ser facilmente substituídas no mercado nacional: são de uma Kia Sportage Turbo Diesel.

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Calma gente, eu explico. O motor FS-DE utiliza uma variante do bloco RF da mazda, utilizado nas pick-ups da série B (B2200, B2500), no 626 diesel (japão/europa), e, com algumas modificações atende modelos Ford e Rover, através da linha Perkins (mas não possui similaridade interna com o motor da Ranger). As montadoras coreanas Kia e Hyundai , nos anos 90, através do consórcio Asia Motors, recebiam motores e transmissões Mazda e Mitsubishi , respectivamente, e a Sportage faz uso deste bloco com algumas modificações (seu volante é mais pesado, virabrequim e bomba de óleo são diferentes, distância entre mancais… milímetros aqui e ali que impedem interâmbio de peças a parte de baixo do 626). O Câmbio Mazda Type2 (com diferença nas relações de primeira, segunda e quinta marchas) atendeu uma miríade de veículos nos anos 80 e 90, incluindo (mas não limitado a): 626 78-82, RX7 79-85, Miata 89-96, B2200/2500, Sportage, Mazda MPV, Mitsubishi Starion (mas não em seu gêmeo Chrysler), Ford Thunderbird, Ford Cougar, Mazda Bongo (vendido aqui com o re-badging de Kia Bongo), Kia Besta…

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O bloco feito para aplicações diesel e gasolina (paredes grossas, resistência a pressão), e o câmbio que atende desde caminhões de pequeno porte até veículos de alta rotação e performance são dois grandes motivos para a escolha desse conjunto. Mais uma vez, pesquisa e estudo (duas atividades que consomem o recurso humano finito mais precioso: tempo) triunfam sobre o gasto de dinheiro. Mais legal que isso, só se o motor  e câmbio se encaixassem com o mínimo de alterações, não é mesmo? Isso núnca aconteceria duas vezes em um mesmo projeto e um período tão curto de tempo…

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p$(*& m)#$! encaixou! Com cuidado, movemos o câmbio na direção do motor e foi até o fim, com motor de arranque e tudo, sem a menor dificuldade! Quase não acreditei! Algumas modificações foram feitas, claro: (1) o FS tem uma passagem de água saindo do cabeçote diferente do B6 do miata, então precisei eliminar as fixações superiores do câmbio (acima da linha de giz);

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(2) Os parafusoso do bloco e do câmbio (excedendo-se aqueles que prendem o motor de arranque) alinhavam-se apenas em 2 pontos (totalizando 4 parafusos passantes apenas), para respeitar o número de fixações do câmbio original foram soldados outras “orelhas” de alumínio no câmbio.

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Com o motor junto do câmbio, era hora de preparar o carro para receber este conjunto (fazer o corte necessário no túnel), e posicionar o motor e câmbio sem os periféricos (caixa de direção, agregado e suspensão dianteira) e descobrir o que precisaria ser feito para a fixação final do motor e câmbio e quais peças mais seriam fabricadas ou dispensadas para o conjunto funcionar em harmonia. Mas isto é assunto para o próximo post!

Por Maximilian Bretschneider, Project Cars #58

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