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Project Cars Project Cars #56

Projeto Tetris: encaixando as novas peças do meu Lada Laika 2104, o Project Cars #56

A camisa da Rússia chegou, a Rússia jogou, a Copa acabou e o Lada não rodou! Nessa segunda parte, vou continuar de onde parei no post anterior, contando como os outros Lada chegaram aqui.

Passado um tempo que Laika 2105 branco estava abandonado, resolvi que era hora de levantar ele. Eu estava cansado dos restauros, não tinha espaço, não tinha dinheiro, não tinha tempo. Eu disse não tinha? Não tenho! Mas queria terminar o que tinha começado: o Lada 2104. Decidi que venderia os carros prontos, arrumaria os que faltassem menos coisas e usaria o dinheiro para dar andamento aos outros projetos, assim a ordem inicial seria o Voyage LS 1981 Placa Preta, Saveiro CL 1989, a Parati LS 1986.

Procurei peças e peças e vi uma soma significativa, decidi comprar um Lada doador de peças por fotos, em São Paulo. Pois bem, negociamos a semana toda, agendei para sexta a coleta de guincho, o que não deu certo. Pedi que fosse no sábado de manhã, pois tinha compromisso ao meio dia, um casamento. Murphycamente o guincho atrasou em SP e chegou perto das 12:00 lá, quando eu já estava no casamento, tentando resolver via celular o pagamento e a liberação, pois o guincho aguardava para trazer a jaca. Enfim, calculem o estresse e chateação.

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Domingo, fui ver o “novo” carro. Ah.. se arrependimento matasse! Era muito dinheiro, podia ter comprado um em melhores condições, rodando. Puxando pela memória eu talvez soubesse onde tinha um em melhores condições para comprar (ou não), e decidi conferir de perto se estava à venda. Que pergunta! Todo lada está a venda, né? Sim, estava e ainda podia ser parcelado. Foi assim que fiz a terceira cag… compra russa. Foi uma sensação estranha. Liguei para um amigo e disse, fiz cagada, esses carros dão duas alegrias, na compra e na venda, e acho que o segundo dia vai demorar a chegar…

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O problema: dois novos Ladas e nenhuma vaga. Eu teria um tempo, pois ele ficaria nas revisões e tudo mais antes de chegar em casa, enquanto o doador seguiu para o amigo que tinha guardado o 2105 branco por um longo tempo.

E eu ia esconder os dois carros, ao menos do meu pai. Por isso a SW foi direto pra oficina fazer revisão — óleos, filtros e regulagem, tudo de melhor. Mas pra um Lada? Perguntavam. Sim para um Lada! Em funcionamento trouxe ela pra casa, a cerca de 600 metros de distância, e comecei a desmontar o interior e ver outras coisas antes do horário que meu pai costumava chegar.

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Até ele chegar, o carro já estaria em outra oficina para dar continuidade ao desmonte. Murphy novamente lembrou de mim e meu pai chegou mais cedo. Olhou para o Lada e entrou direto. Acho que ele não gostou. O outro sedan eles não sabem até hoje, mas se perguntarem digam que veio junto com a SW. Agradeço.

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Meu pai nunca foi um apoiador das minhas artes, e depois de muito tempo sei que ele está certo. Mas, como disse, quero terminar o que comecei, embora volta e meia acabe abraçando algum nova causa perdida (Feroza, Fiesta, Focus, Corsa etc).

Comecei a desmontar o interior da 2104 SW, pois a situação era realmente complicada. Tenho um amigo estofador muito caprichoso, ele falou que ia se mudar por um tempo para São Paulo. Entrei em desespero, pois precisava do seus serviços para salvar os carros. Por esse motivo, fiz primeiro os bancos, mas ainda faltam os forros de porta. O andar de uma restauração segue uma ordem meio básica, de não estragar o que já foi feito, nem atrapalhar ou desmontar novamente o que foi concluído.

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Ao meu ver a ordem ideal é:

– Mecânica: deixar o carro operacional, pois pode causar riscos no cofre do motor ou lataria e sujar o interior.

– Lataria: pintura, polimento retoques etc, faz sujeira e às vezes precisa desmontar tudo para desencardir.

– Interior: parte final, por ser delicada, não se pode sujar ou desmontar toda hora, deve sempre desmontar completamente montando após corrigir infiltrações e conferir o sistema elétrico, causa de muitos incêndios em antigos.

Comecei pelo final e fiquei com um elefante de cristal dentro de casa. Tudo pode sujar e manchar os bancos cinza. E provavelmente terei que levar assim até zerar a mecânica ao menos.

Uma das coisas que me seduziu para comprar essa Laika SW foi a combinação de cor vermelho/cinza dela. Sabia que os bancos tinham que ser perfeitos e fiz o máximo para isso, e não economizei.

Consegui um tecido de veludo de alguma fábrica da mesma cor e textura, de alta qualidade, não sei a qual carro revestia, desconfio que seja Fiat ou Ford. Depois segui em busca de um courvim com a mesma gravação e cor dos originais. E por fim toda uma reestruturação das espumas e fibras, além de um trabalho caprichoso nas ferragens. Ainda faltam os forros de porta, ponto delicado do interior, bem como a revisão de painel, que está trincado, mas não achei uma solução boa para ele ainda. Em algum momento terei que remover ele do carro, aí resolvo como fazer.

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Os pontos que estão travando o andamento do projeto são o tanque de gasolina e pescador, essencial para rodar entre as oficinas e afinar a mecânica. Não sei como resolver ainda, talvez uma nova galvanização, restauração ou adaptação do pescador. Não acho essa peça em lugar algum, não queria ter um marcador de combustível deficiente. No momento rodo com um galão de cinco litros no interior do carro, ao menos nunca foi tão barato encher o tanque.

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Agora preciso esperar para tratar os pequenos pontos de ferrugem que ela tem, e efetuar os pequenos retoques. Não tenho em mente uma pintura nova — a pintura ainda é original, embora com sinais do tempo. Não busco nesse projeto um carro 100%, pois o estresse, tempo e dinheiro necessários aumentam consideravelmente.

Em paralelo a isso, mexi em outras peças do tetris. Vou contando nas próximas postagens resumidamente cada uma até que eu consiga mexer novamente nos Ladas. Se tudo der certo, não demorará muito. Até a próxima!

Por Camilo Fontana, Project Cars #56

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