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Quadros renascentistas recriados em uma oficina mecânica são nosso tipo de arte

Um dos nossos tipos de arte, na verdade. Também adoramos réplicas extremamente detalhadas de motores e pôsteres de corrida, por exemplo. Só que a gente nunca teria imaginado que usar uma oficina mecânica como cenário para recriar algumas das mais famosas pinturas da Renascença.

Para quem não lembra, a Renascença (ou Renascimento) foi um período entre o fim do século XIV e o início do século XVII que trouxe diversas mudanças na política e na cultura do Velho Mundo. Ainda que a exata duração da Renascença ainda seja motivo de debate entre os estudiosos, todos aceitam que o período trouxe grandes transformações no modo de vida dos europeus.

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Além de romper com o sistema político feudal e com as estruturas medievais, a Renascença também trouxe novas visões sobre ciência, religião, filosofia e arte. As pessoas começaram a procurar explicações científicas e racionais para acontecimentos históricos e fenômenos naturais antes atribuídos unicamente à vontade divina; a tentar colocar o ser humano no centro de questões filosóficas e a aperfeiçoar técnicas artísticas com mais atenção aos detalhes, ao realismo e à perspectiva.

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Algumas das pinturas mais famosas de todos os tempos são da Renascença: a “Mona Lisa” (ou La Gioconda) e “A Última Ceia” de Leonardo da Vinci; “O Nascimento de Vênus”, de Botticelli e os afrescos da Capela Sistina, de Michelangelo, são só alguns exemplos. Todos eles demonstram que a representação foto-realista, os efeitos de luz e sombra e a perspectiva começaram a ter muito mais importância na pintura.

Não é à toa que milhares de recriações e reproduções de pinturas renascentistas já foram feitas. E por que estamos falando disso tudo aqui no FlatOut?

Por causa do trabalho de Freddy Fabris, fotógrafo nascido em Nova York e criado em Buenos Aires, na Argentina. Ele trabalha com retratos e imagens conceituais há mais de 20 anos, e sua mais recente série de fotografias, Renaissance, consiste em releituras de pinturas renascentistas. O que as torna apropriadas para aparecer por aqui é o cenário escolhido: uma oficina mecânica.

De acordo com o Huffington Post, Fabris sempre quis homenagear as pinturas renascentistas, mas apenas recriá-los como fotografias não seria suficiente. Como ele próprio escreveu no Huffington Post:

Eu queria respeitar a estética das pinturas, mas precisava dar um jeito de adicionar uma pegada conceitual que adicionasse uma nova “camada” às obras originais. Tirá-las de seu contexto original, mas ainda assim manter sua essência. Por acaso acabei encontrando uma oficina antiga no centro-oeste dos EUA, e isto foi o que deu início à série. O lugar implorava para ter algo fotografado ali, e lentamente as ideias começaram a assumir seus lugares.

Fica fácil entender o que ele diz quando observamos as fotografias. Fabris escolheu três pinturas renascentistas emblemáticas: “A Criação de Adão”, de Michelangelo; “A Lição de Anatomia do Doutor Tulp”, de Rembrandt; e o já citado “A Última Ceia”, de Da Vinci. A composição básica das cenas é fiel, mas os elementos mudam.

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Na “Criação de Adão”, em vez de Deus criando o primeiro homem a pisar na terra, temos um mecânico experiente passando uma chave para um cara mais jovem. O simbolismo é forte, aqui: é como se a chave não fosse a única coisa que estivesse trocando de mãos, mas também o conhecimento de anos lidando com carros.

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Já na “Última Ceia”, a mesa é definitivamente mais apertada e faltam três apóstolos, mas o resultado não deixa de ser bacana. Repare na roda atrás da cabeça do cara de cabelo comprido — detalhe bem sacado que funciona muito bem.

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Por fim, temos “Aula de Anatomia”, do holandês Rembrandt von Rijn. A pintura original representa uma aula de anatomia (sério) ministrada pelo Dr. Nicolaes Tulp, que explica a anotomia do braço a um grupo de colegas médicos. A história diz que a cena retratada aconteceu em 1632, época em que o conselho de cirurgiões de Amsterdã só permitia uma dissecação por ano e dizia que o corpo deveria ser de um criminoso executado. Na fotografia de Fabris, porém, o objeto de estudo são diversas peças de carro. Obviamente.

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A obra de Rembrandt também inspirou alguns retratos dos mecânicos. Eles reproduzem com muita fidelidade o estilo do pintor holandês, que explorava bastante o contraste entre modelos iluminados sobre um fundo escuro.

Você pode conferir mais sobre o trabalho de Freddy Fabris em seu site.

[ Dica do leitor Crazy_Finnish ]