Não há substituto para as polegadas cúbicas. Bem, na verdade, há: sobrealimentação, seja por turbo ou compressor mecânico. Então, reformulando, não há substituto para polegadas cúbicas e sobrealimentação. Bem… na verdade, também há. Você pode simplesmente colocar dois motores no seu carro!
A receita não é das mais comuns nem das mais práticas, mas é uma solução. A distribuição de peso fica comprometida? Nem sempre. A dinâmica é pior? Há quem diga que ela seja exemplar. Na produção em série, só veremos algo do tipo se for com motores térmicos em um eixo e elétricos no outro, por ganhos de eficiência que compensam a complexidade do arranjo, mas isso não impede que malucos por carros em todo o mundo criem suas próprias receitas de dois motores. Seja para ter mais potência, mais aderência ou só pelo prazer de quebrar a cabeça para a coisa toda dar certo. A seguir você vê cinco exemplos de projetos de dois motores — cada um do seu jeito. Depois você pode (deve!) deixar sua sugestão dos carros de dois motores mais legais já produzidos.
Hudson Hornet
Se ter um V8 big block já é o sonho de muita gente, imagine ter dois. Com 7,7 litros cada um. Equipados com compressor mecânico. No mesmo carro.
Essa aparente loucura tem nome: Hudson Hornet. A homenagem ao carro histórico, ou ao personagem do filme “Carros” que foi dublado por Paul Newman, está incorporada em um AMC Hudson Coupé 1930.
Os motores são os Chevrolet big block de 468 polegadas, com comandos de válvula hidráulicos da Holley, carburadores 600 cfm, compressores 671 GMC e transmissões 400 Turbo. Cada motor gera 811 cv, o que dá 1.622 cv de potência total. Adoraríamos descobrir qual é a medida dos pneus traseiros, mas não há informação sobre eles no eBay, onde o carro está hoje à venda…
Como os motores se entendem?
Em vez de cada um deles comandar um eixo do carro, o que o tornaria 4×4, cada uma das rodas traseiras recebe um eixo-cardã. Cada roda tem um diferencial, mas em vez de ter duas semi-árvores cada, eles têm um acoplamento entre si.
As transmissões têm um comando único, mas há medidores de pressão de óleo, de pressão do compressor, de temperatura da água e conta-giros individuais para cada motor, o que torna o painel a casa da mãe Joana.
Os radiadores, caso você também tenha ficado procurando por eles, ficam na traseira.
Honda Prelude 2000
Este Prelude fabricado em 2000 não se contenta com apenas um motor 2.2. Ele tem um sob o capô dianteiro e um onde ficava o porta-malas. Note as entradas de ar laterais para tentar refrigerar corretamente o segundo H22A4.
De acordo com seu dono atual, o carro foi criado por um grupo de engenheiros automotivos para um projeto sênior no Oregon Institute of Tecnology em 2009. Ele iria de 0 a 100 km/h em menos de 5 segundos e seria capaz de andar junto de carros como Audi R8 e Ferrari 612 Scaglietti.
Como os motores se entendem?
Segundo o dono do carro, a transmissão e os motores, cada um com 200 cv a 7.000 rpm, estão sincronizados por meio do acelerador eletrônico. O seletor comanda dois câmbios automáticos diferentes e, como cada motor conservou seu sistema de ignição, há duas partidas e duas chaves para o mesmo carro.
O tanque, único, tem capacidade para 53 litros e duas bombas de combustível, uma para cada motor.
MTM Bimoto
O projeto da MTM usou um Audi TT de primeira geração e seu motor 1.8 turbo, assim como a transmissão manual de seis marchas. Na verdade, dois de cada, tanto o motor quanto o câmbio. A potência mínima que cada um deles gera é 370 cv, o que resulta em 740 cv finais disponíveis para o Bimoto.
O carro, além de ser um demonstrador de tecnologia, também pode ser comprado por 600 mil euros, já que a MTM é, na verdade, uma empresa de modificação de automóveis. O recorde oficial de velocidade do Bimoto, em sua versão mais nervosa, com motor ampliado para dois litros e potência máxima de 1.002 cv (cada motor com 501 cv), foi 393 km/h, no circuito de Papenburg.
Como os motores se entendiam?
A MTM faz questão de dizer que os dois motores funcionam de forma independente. Assim como o Prelude, cada um tem sua partida, mas as do Bimoto são por botões. Existe apenas uma alavanca para os dois câmbios, algo que a MTM diz ter conseguido apenas com um cabo a mais, mas certamente é mais complicado do que isso. O pulo do gato da empresa é usar o sistema de controle de tração, e os sensores ABS nas rodas, para gerenciar os dois motores e impedir qualquer descompasso entre eles.
VW Fusca Flat-8
Emerson e Wilson Fittipaldi fizeram este modelo para correr os 1.000 Quilômetros da Guanabara de 1969. Como competiriam com carros muito mais potentes, e tinham apenas um Fusca para enfrentar a turma, eles resolveram aliviar o peso do Volks e usar não um, mas dois motores com kit Okrasa. De 1.300 cm³, a cilindrada subiu para 2.200 cm³ em cada motor, o que deu uma potência total de 400 cv.
Na classificação, ele conseguiu o terceiro melhor tempo. Na corrida, enquanto mantinha o terceiro lugar, o Flat-8 teve uma quebra de câmbio e abandonou a prova. Em 1970, ele correu de novo, em uma prova em Belo Horizonte, no estádio do Mineirão, mas quebrou de novo. Foi vendido, virou peça de decoração de uma oficina e se perdeu na história. Se quiser saber mais sobre ele, não perca a chance de ler a matéria que escrevemos em agosto do ano passado.
Como os motores se entendiam?
Os dois motores boxer de quatro cilindros tinham seus virabrequins ligados por uma junta elástica Giubo tirada do cardã do FNM 2000. Bastava um câmbio para transmitir a potência às rodas traseiras. E ele foi tirado de um Porsche 550/1500 RS, o que teoricamente o faria resistente para encarar o torque dos dois motores. Não foi bem assim, infelizmente.
Peugeot Hoggar Concept
Apresentado em 2003, o conceito com estilo de buggy homenageava com seu nome um deserto na Argélia e vinha equipado com dois motores a diesel, cada um deles com uma transmissão ML 6C, de seis marchas, a mesma usada pelo Citroën Jumpy.
Seus motores eram dois turbodiesel 2.2, um para cada eixo do carro, capazes de gerar individualmente 180 cv.
Como os motores se entendiam?
Eles podiam ser usados em conjunto, gerando 360 cv, ou individualmente. O segredo da operação conjunta estaria nas transmissões, operadas por atuadores hidráulicos eletricamente controlados, o que dá a elas operação sequencial. As trocas neste modo são feitas por borboletas ou pela alavanca no console central. Também havia um modo totalmente automático.
Agora é com vocês: qual é o carro com dois motores mais incrível já produzido?