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Pergunta do dia Zero a 300

Quais são os faróis mais legais já usados em um carro?

“Os faróis são os olhos de um carro” é uma frase que não dissemos só uma, duas ou três vezes – já rolou até um post a respeito disto por aqui, falando sobre como os carros estão perdendo seus “rostos” com as mudanças no desenho da dianteira dos carros. Alguns concordaram, alguns discordaram, mas é inegável que boa parte da percepção que temos da “personalidade” de um automóvel está ligada aos faróis. E existem muitos faróis diferentes nestes mais de 130 anos de história automotiva. Quais são os seus faróis favoritos?

Assim, de bate-pronto, posso dizer que meus faróis favoritos são os faróis originais do Citroën SM, que foi lançado em 1970 e fabricado até 1975: dois trios de faróis em um recesso na dianteira, atrás de uma redoma transparente que também abrigava a placa. Sem dúvida o Citroën SM é um dos carros com faróis de desenho mais sofisticado e criativo. O que combina perfeitamente com o restante do carro.

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Isto porque o Citroën SM era a versão ainda mais sofisticada e exótica daquele que já era um dos carros de luxo mais sofisticados e exóticos que existiam em 1970: o Citroën DS, modelo que inaugurou o sistema de suspensão hidropneumática da fabricante francesa e (finalmente) rompeu os laços com quaisquer tendências estilísticas do pré-Guerra – afinal, ele substituiu o Citroën Traction Avant, que foi lançado em 1934 e seguiu em produção até 1957, convivendo por dois anos com o DS, cuja estreia foi em 1955. Por mais que tivesse construção monobloco e tração dianteira, dois pioneirismos entre os carros europeus nos anos 30, o estilisticamente o Traction Avant era um carro bastante antiquado já no fim dos anos 40.

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O Citroën SM era a versão de apelo esportivo do DS, e por conta disto foi lançado com um motor V6 de 2,7 litros e com três carburadores Weber 170 cv, enquanto que em 1970 o DS usava um quatro-cilindros de 2,1 litros com injeção de combustível e 110 cv. Apesar de não ser o carro mais potente em seu segmento, que incluía caras como o Mercedes-Benz 450 SLC (V8 de 4,5 litros e 192 cv) e o BMW 3.0 CS (seis-em-linha de três litros e 193 cv), o SM tinha desempenho adequado, sendo capaz de ir de zero a 100 km/h em 8,5 segundos.

Como tinha a mesma plataforma do Citroën DS, o SM também usava suspensão hidropneumática e tinha as mesmas medidas de entre-eixos e comprimento, mas estava disponível apenas com carroceria de duas portas e era um carro mais largo. O desempenho era melhor que no DS, e de acordo com a imprensa especializada da época o SM proporcionava uma combinação de conforto, precisão dinâmica e frenagem que não se encontrava em nenhum outro carro.

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O desenho do Citroën SM guardava certa semelhança com o DS no perfil da carroceria, com traseira baixa e bitola dianteira mais larga que a traseira, o que deixava o carro parecido com uma gota quando visto de cima. A traseira Kamm (com um corte vertical abrupto) colaborava para um coeficiente de arrasto aerodinâmico baixíssimo até mesmo para os padrões atuais: 0.26.

Mas o carro tinha idenditidade visual própria, começando pelos faróis: no DS eles eram relativamente convencionais, posicionados um de cada lado da face dianteira – peças tradicionais redondas até 1967, e faróis duplos direcionais a partir de 1968 (que já eram interessantes por si só).

O Citroën DS reestilizado era um dos vários carros da época a coberturas de vidro sobre as lentes dos faróis – dois exemplos brasileiros são o Willys Interlagos e o Puma. O SM levava isto a outro nível, como que para mostrar sua atenção inacreditável aos detalhes. “Por que limitar-se a cobrir os faróis com lentes de vidro? Vamos logo colocar uma lente na frente toda!”

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Assim, no projeto original do designer Robert Opron, o SM tinha uma lente de vidro dividida em três partes que percorria a dianteira de uma extremidade a outra. Esta lente era dividida em três partes, sendo que a porção central abrigava a placa, e as porções laterais abrigavam um conjunto de três faróis de cada lado. Os faróis mais ao centro eram os direcionais. As setas ficavam nos para-choques. E, importante salientar, os carros vendidos na França tinham lentes amarelas, que eram obrigatórias naqueles tempos. Não era uma reinvenção da roda, mas era uma solução adicionava um ar de exclusividade latente.

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Agora, uma observação importante: citei especificamente o SM original francês por algumas razões: no resto da Europa, os faróis não precisavam ser amarelos, o que os tornava um pouco mais “comum”; e nos EUA, que era um dos mercados internacionais mais importantes para a Citroën na época, a regulamentação de trânsito dos EUA não permitia que um carro com os faróis do SM circulassem pelas ruas: eles precisavam ser do tipo sealed beam, redondos e ficar totalmente expostos. E não podiam ser mais que quatro. Então o estilo do carro foi modificado de acordo para os Estados Unidos. Atualmente, muitos dos SM que rodam pelos EUA receberam coberturas de plástico para tornar seu visual mais próximo do modelo europeu, considerado o mais bonito. É praticamente impossível encontrar coberturas originais de vidro.

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Os faróis do Citroën SM são só uma das várias razões que o tornam um do carros mais incríveis já feitos, e por isso eu as escolhi como sugestão da casa. Mas existem muitos outros. Então, queremos saber: quais são os faróis mais legais já colocados em um carro? Como de costume, a caixa de comentários é de vocês!