Entre as notícias da semana passada, uma em especial incomodou bastante alguns entusiastas do automobilismo: a FIA decidiu que, a partir desta temporada, os pilotos não poderão mais ficar trocando o design dos capacetes. A maioria dos pilotos também manifestou descontentamento nas redes sociais, como o Twitter e o Facebook, dizendo que a FIA está agindo como se não tivesse assuntos mais importantes para tratar e que a medida compromete sua “expressão de identidade”.
De fato, a parte mais reconhecível de um piloto dentro do carro é o capacete. Não é à toa que a maioria dos pilotos usa capacetes com motivos coloridos, homenagens a seus ídolos ou as cores de seus países, criando um forte laço entre o visual do capacete e sua identidade. Alguns, contudo, preferem usar seu capacete como acessório estético, variando constantemente as cores e desenhos — Sebastian Vettel, por exemplo, já usou mais de 60 capacetes diferentes em sua carreira de oito anos na F1. Foram quase oito capacetes diferente por temporada.
Capacete com motivos holográficos de Sebastian Vettel no GP de Cingapura, em 2010
De qualquer forma, a proibição da troca de capacetes — que, de acordo com os parceiros do Grande Prêmio, foi uma resposta da FIA à rejeição por parte das equipes da adoção de números maiores estampando os carros — pode trazer de volta uma época em que o capacete era a marca do piloto por toda uma temporada. De fato, era sua identidade. O que nos leva a perguntar: qual é o capacete mais icônico já usado por um piloto na Fórmula 1.
Bem, para nós, a primeira resposta que vem à mente é óbvia: o capacete amarelo com faixas verde e azul de Ayrton Senna — esquema de cores que o acompanha desde o início da carreira, quando ainda corria de kart, e há décadas é uma das primeiras coisas que vem à mente quando se pensa no nosso tricampeão. Agora, quase não foi assim.
Até 1979 quando ainda corrida de kart, Senna usava um capacete branco e, para muita gente, bem sem graça. Naquele ano, porém, Sid Mosca — que já havia desenhado capacetes para Nelson Piquet e Emerson Fittipaldi — apresentou à equipe brasileira no Mundial de Kart o design que conhecemos hoje.
Este é um detalhe importante porque: ao contrário do que se pensa, o esquema de cores não foi exclusivo para Senna — os outros dois pilotos, Mário Sérgio Carvalho e Dionisio Pastore, também tinham capacetes amarelos com listras, como conta Rodrigo Bernardes, do site Nobres do Grid. Por esta razão, muitas fotos que mostram Carvalho ou Pastore são confundidas com fotos de Senna até hoje.
A foto de cima é de Mário Sérgio Carvalho e a de baixo, de Dionisio Pastore (que tenta ultrapassar Terry Fullerton, o rival que Senna não superou)
Senna foi o único dos três que continuou usando o capacete desenhado por Sid Mosca. De acordo com o artista, além de representar a bandeira nacional, as cores do capacete de Ayrton têm significados: as listras azul e verde simbolizam “movimento e agressão”, enquanto o amarelo representa “juventude e energia”.
As tonalidades das cores mudaram um pouco ao longo dos anos para harmonizar com as cores dos carros (em 1994, por exemplo, quando Senna estava na Williams, o amarelo era mais suave para combinar melhor com o azul e branco do FW16.
O capacete ficou tão associado à imagem de Senna que quando Lewis Hamilton chegou à Fórmula 1 com seu casco amarelo com duas listras, muita gente pensou se tratar de uma homenagem a Ayrton. Na verdade, a primeira vez que Hamilton homenageou o ídolo foi GP de Interlagos em 2011, usou um capacete especial com uma bandeira do Brasil na parte de cima e as cores do capacete de Senna na parte de trás. Ele até pediu a permissão de Viviane Senna e, depois da corrida, o capacete foi leiloado com os lucros revertidos para o Instituto Ayrton Senna.
Você certamente conhece outros capacetes icônicos usados na história da Fórmula 1. Por isso, queremos saber: qual é seu favorito? Como sempre, a caixa de comentários é toda sua!