FlatOut!
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Pergunta do dia Zero a 300

Qual é o melhor carro de fuga que existe?

Há cerca de um mês, correu a notícia de uma perseguição meio inacreditável: um Dodge Challenger Hellcat branco foi roubado no Texas. O meliante, Mohmed Ahmed Abu-Shlieba, 25, foi perseguido mas não demorou a despistar as viaturas policiais – por motivos óbvios, que incluem o V8 Hemi supercharged de 717 cv. Qual é a possibilidade de um bandido escolher roubar justamente um Challenger branco, em uma reencenação moderna de Vanishing Point?

Ok, talvez o cara fosse um fã do clássico “Corrida Contra o Destino”, de 1971, e de fato quisesse reproduzir as cenas do clássico onde Kowaslki atravessa os Estados Unidos ao volante de um Dodge Challenger R/T 440. Ele deveria entregar o carro a seu novo dono em uma segunda-feira, mas decide que o fará no sábado – é sexta à noite, e ele tem 1.900 km entre Denver, no Colorado, e São Francisco, na Califórnia para percorrer.

Depois de tomar anfetaminas para se manter acordado, Kowaslki pega a estrada só para, pouco depois, ser perseguido por dois policiais de moto, que tentam pará-lo por excesso de velocidade. Por sorte, ele conta com os 380 cv (brutos) do motor 440 acoplado a uma caixa manual de quatro marchas com alavanca Pistol Grip, e consegue despistá-los sem problemas. Depois ele se envolve em algumas corridas na estrada e perseguições policiais, sempre acompanhado por um DJ de soul music que o chama de “Último Herói Americano” pelo rádio, antes de chocar-se a toda velocidade, e de propósito, com uma barreira de tratores feita pela polícia. Sim, Kowalski morre no final, mas você não vai reclamar de spoilers de um filme feito há 46 anos, vai?

Kowalski prefere morrer do que perder a… liberdade, o que é bastante poético e triste. É por isso que, antes de ser um filme sobre perseguições de carro, Vanishing Point é um filme existencial. Quatro ou cinco exemplares (depende da fonte consultada) do Dodge Challenger, todos com a mesma configuração mecânica e pintados na mesma cor foram praticamente destruídos durante as filmagens para mostrar que o homem não precisa de muito para destruir a si mesmo. Kowalski era veterano de guerra e, depois de perder sua filha, não via mais sentido na vida a não ser a busca por adrenalina.

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É difícil saber o que motivou o rapaz de 25 anos que roubou o Hellcat no Texas, mas o que aconteceu com ele depois não é nenhum segredo: de acordo com o portal de notícias ABC, os policiais não conseguiram alcançar o Hellcat mas mantiveram-se informados de sua posição na rodovia I-10, que cruza os EUA de leste a oeste, pelo rasteador por GPS do carro e com a ajuda de uma unidade aérea, aka helicóptero.

Esta é a versão condensada da perseguição…

… e esta é a verão completa, com mais de uma hora de duração. Pegue a pipoca!

Os caras devem ter adivinhado o que aconteceria em seguida: o inexperiente aspirante a Kowaski ficou sem combustível e foi forçado a empreender o restante da fuga a pé, vítima dos 7 km/l que o Hellcat consegue fazer em percurso misto (5,5 km/l na cidade, 9,3 km/l em rodovia). Ele não morreu em uma grande e gloriosa explosão – o único a morrer foi o motor. E por falta de explosões.

OK, considerando que fosse uma rodovia reta e cheia de postos de gasolina, talvez o Hellcat fosse um excelente  carro de fuga (embora parar para abastecer com os home na sua cola também não seja uma boa ideia). As coisas deviam ser mais fáceis para Kowalski e seu Challenger 1970, pois a gasolina ainda era barata e não havia internet ou GPS para que descobrissem onde ele estava. Mas… que outros carros dariam ótimos veículos de fuga?

Sim, esta é uma pergunta para você, leitor. Claro, em uma rodovia americana um muscle car seria o ideal (mesmo que apenas filosoficamente)… mas suponhamos que você esteja em uma perseguição a là Ronin, no meio do tráfego na hora do rush, sem dúvida o BMW M5 E34 (ou um M3 dos mais novos, para quem fizer questão) seria mais apropriado – afinal, ele foi o sedã mais rápido do mundo em seu tempo e também fazia curvas muito bem, graças ao acerto de sua suspensão traseira independente por braços semi-arrastados.

E a perseguição insana das duas versões de “Um Golpe à Italiana” (The Italian Job, 1969 e 2003) usaram o Mini Cooper, tanto o antigo quanto o novo, para dirigir em alta velocidade por ruazinhas estreitas, estradas nas montanhas e até escadarias e outros lugares inóspitos: é preciso algo pequeno e ágil.

Então, na hora de escolher qual seria seu carro de fuga ideal, que tal também imaginar um cenário. Apostamos que vai ser uma brincadeira divertida. E totalmente inocente – prometam que ninguém aqui vai sair cometendo crimes e fugindo da polícia, ok?