Praticamente todo sedã deixa a linha de montagem já com o estigma de “carro de tiozão”. Isto certamente tem a ver com o visual conservador dos sedãs de 20 ou 30 anos atrás, com três volumes bem definidos, linhas retas e proporções meio caretas. Mesmo que, hoje em dia, as fabricantes se esforcem (algumas, até demais) para fazer sedãs descolados, esta imagem ainda persiste — especialmente junto ao consumidor médio.
Você, no entanto, não é o consumidor médio. E sabe muito bem que existem sedãs esportivos mais do que dignos dos desejos de qualquer entusiasta. Mas qual é o sedã esportivo produzido em série mais fodástico de todos os tempos?
Como sempre, vamos dar início à brincadeira com uma sugestão nossa. E vamos de clássico: o BMW M5 E28.
O M5 F10 é considerado, atualmente, um dos grandes super sedãs alemães — em boa parte, graças ao V8 biturbo de 4,4 litros, 560 cv e 69,3 mkgf de torque, que é capaz de levá-lo até os 100 km/h em 3,7 segundos, com máxima limitada eletronicamente a 260 km/h. No entanto, foi o M5 E28 o carro que começou tudo, há três décadas.
Como contamos neste post, o BMW M5 foi a evolução do M535i. Este, por sua vez, foi criado para atender à demanda daqueles que queriam desempenho comparável ao de carros esportivos, como o lendário 3.0CSL, mas não abririam mão das quatro portas e da praticidade de um sedã. Baseado na geração E12 do sedã Série 5, o M535i tinha um seis-em-linha de 3,5 litros e 218 cv (suficiente para chegar aos 100 km/h em 7,5 segundos, com máxima de 228 km/h) e foi fabricado entre 1979 e 1981. Dá para encará-lo como uma prévia do que viria a ser o M5, apresentado em fevereiro de 1984.
Se o M535i usava o motor do belíssimo cupê M635CSi (precursor do BMW M6 — já perceberam como tudo é interligado nesta história?), o M5 E28 ia ainda mais longe e pegava emprestado nada menos que o seis-em-linha M88, usado no supercarro M1. Trata-se, novamente, de um seis-em-linha de 3,5 litros, porém equipado com injeção mecânica Kugelfischer, duplo comando de válvulas no cabeçote e corpos de borboleta individuais.
No BMW M1 de rua, o M88 entregava 275 cv. Na versão usada nas pistas (como nos M1 Procar), a adição de um turbocompressor fazia com que a potência beliscasse os 900 cv. Em um seis-em-linha. No fim dos anos 1970!
Sendo assim, dá para dizer que o M5 E28 era um sedã com motor de supercarro. E ele era ainda mais potente do que o original, graças ao novo sistema de injeção Bosch Motronic (mais confiável do que o Kugelfischer) e à taxa de compressão de 10,5:1, altíssima para um sedã. O resultado eram 285 cv a 6.500 rpm e 34,6 mkgf de torque a 4.500 rpm — sem qualquer tipo de indução forçada, vale reforçar. A transmissão era manual de cinco marchas. O conjunto era capaz de levar o M5 até os 100 km/h em 6,1 segundos, com máxima de 251 km/h.
Mas a performance não era a única qualidade do M5 E28. Ele também era bastante exclusivo: no início da produção, entre 1984 e 1985, o sedã era produzido à mão. Primeiro, na fábrica da BMW em Munique, depois, a partir de 1986, a divisão Motorsport ganhou uma fábrica especial, em Garching, a pouco mais de 16 km dali. Por esta razão, o M5 E28 é um dos mais raros modelos M da BMW, com menos de 2.200 unidades produzidas até 1988.
Por ter dado início à linhagem de sedãs esportivos da BMW e, mais do que isto, ter inspirado outras fabricantes a fazerem o mesmo, o M5 é nossa sugestão. Mas é só para dar início à conversa: temos certeza de que vocês, leitores, conhecem vários outros sedãs esportivos produzidos em série tão incríveis quanto ele — ou até mais. Então, vamos lá: qual é o sedã esportivo mais fodástico de todos os tempos?