É sábado de manhã, e você já deve ter começado a curtir o carnaval na sexta à noite. Curtiu bastante os blocos na rua? Está de ressaca? Não? Ótimo. Porque a gente tem uma pergunta para você, sobre os blocos que realmente nos interessam. Qual é o seu favorito?
Antes de mais nada, vale lembrar: bloco e motor não são sinônimos. O bloco pode ser entendido como o corpo do motor — o componente em ferro fundido ou liga de alumínio (podendo ser até usinado em CNC) que abriga os cilindros (com ou sem camisas) e todos os dutos por onde circulam o líquido de arrefecimento e o óleo que lubrifica as partes móveis. E só. Quando se adicionam componentes como o cárter, virabrequim, cabeçote(s), pistões, bielas, comando(s), coletores de admissão e de escape, volante e embreagem, polias, sistema de injeção e todos os periféricos externos, aí sim temos um motor completo. Chamar todo o conjunto de bloco (indicado pela seta na foto) é quase um desrespeito.
O bloco é o corpo e a alma do motor. Ele é determinante para o seu deslocamento, a relação entre o diâmetro dos cilindros e o curso descrito pelo virabrequim irá determinar se o motor tem pegada em baixa ou em alta, sua massa é peça-chave no equilíbrio dinâmico, sua robustez e capacidade de lubrificação serão determinantes para definir o teto de preparação, e claro, sua configuração de cilindros vai ditar o tipo de ronco que seu carro irá ter. E isso, para os apaixonados, conta pela maior parte da experiência. Ou você conseguiria ver graça em um DKW com ronco de quatro cilindros em linha?
Nossa sugestão não vai exatamente pelo lado da eficácia, mas pelo da experiência, custo e praticidade: o Chevrolet LS7, um small block com deslocamento de big block. Trata-se de um V8 de 427 pol³ de deslocamento — sete litros, meu chapa! Para ser honesto, um pouco mais: são exatamente 427,7 polegadas cúbicas, ou 7,008 litros — raro caso em que o deslocamento nominal é menor do que o deslocamento real.
Para chegar a esta capacidade toda, cada um de seus cilindros possui cavalares 4,125 polegadas (104,5 mm) de diâmetro. O curso é típico de V8s de curso ampliado — quatro polegadas cravadas (101,6 mm). O bloco é todo de alumínio, resultando em um motor com pouco menos de 200 kg com todos os seus periféricos. O comando simples no bloco, apesar de ser uma solução um tanto quanto antiquada, se encaixa perfeitamente na proposta do LS7: deixa o conjunto mais leve, baixa o centro de gravidade e facilita a vida dos preparadores e dos fabricantes de componentes aftermarket. Esta é a vantagem da velha guarda.
Não é à toa que o LS7 é usado no Corvette C6 Z06 da geração passada e no atual Camaro Z28 — versões de alto desempenho de seus respectivos modelos. Ele também é um dos V8 mais vendidos como crate engine, novos na caixa, com preço de aproximadamente US$ 14 mil nos EUA. Seu tamanho compacto e peso relativamente baixo otimizam a distribuição de peso e fazem dele um motor extremamente versátil, não exigindo um cofre gigantesco. Além disso, a potência de mais de 500 cv original de fábrica e a capacidade para girar tranquilamente a mais de 8.000 rpm com preparação de curso reduzido fazem dele um diamante bruto. Há quem extraia mais de 1.000 cv desta gema de alumínio. O ‘Vette abaixo empurrou 589 cv – nas rodas!
Agora é com você: qual é o seu bloco de motor favorito, e por quê? Não se atenha apenas aos V8 — lembre-se de tudo o que existe por aí, em todas as épocas, em todos os continentes, em todo tipo de veículo. E também não precisa ser o bloco daquele motor mais potente: modularidade, versatilidade, robustez ou o bom e velho romantismo graxeiro – tudo está valendo.