Chegamos hoje ao final de nossa série sobre peso, potência e preço. A última categoria, a das picapes compactas, teria só Saveiro, Montana e Strada, em suas diversas carrocerias, e não compensa o esforço. Quem ganha é a VW Saveiro com motor 1.6 de 104 cv, cabine simples, na versão de entrada, a Startline, com 24,82, bem à frente da segunda colocada, a Montana, com 21,37. Essa categoria, dos sedãs médio-grandes, seria a penúltima, mas vira a despedida da série pela variedade de modelos envolvidos.
Os sedãs médio-grandes têm entre-eixos entre 2,75 m e 3 m. Os preços são limitados a R$ 300 mil, valor acima do qual as prioridades não obedecem mais a uma lógica de desempenho e, principalmente, de custo/benefício.
Já falamos de esportivos médios, sedãs médios, esportivos compactos, SUVs compactos, hatchbacks médios, compactos premium, dos carros com a melhor relação entre peso, potência e preço no geral e também das picapes médias.
A ideia, para quem não acompanha a série desde o princípio, é mostrar os modelos que cobram menos por carrocerias mais leves e motores mais potentes. Com o tempo, talvez criemos também uma levando em conta o torque, o 0 a 100 km/h e vários outros dados, mas, no momento, vamos focar apenas nestes três elementos. Foi o critério que adotamos para todos os modelos à venda no Brasil.
Vale repassar o raciocínio por trás do levantamento, que durou uma semana inteira para ser tabulado. Ele chegou aos 471 modelos e versões que mencionamos no início. São os mais leves e mais baratos de cada carro à venda no Brasil, com cada um dos motores e das carrocerias que eles oferecem. Com os dados de peso, potência e preço de cada um. Nem todos aparecerão nesta série, especialmente os mais caros, que, como dissemos, seguem uma lógica própria. Os muito familiares, como minivans, também ficarão de fora. Fogem da proposta.
Consultamos engenheiros, economistas e contadores atrás da melhor fórmula que juntasse preço, potência e peso e a que eles nos sugeriram foi potência/peso/preço, ou, mais tecnicamente, (potência/peso)/preço. Eis a calculadora que criamos para esta conta:
Imaginamos como exemplo um carro de 200 cv, 1.500 kg e R$ 90.000. O resultado da divisão da potência pelo peso e disso pelo preço dá 14,81 x 10e-7, ou 0,000001481, mas preferimos a forma reduzida. Quanto maior é o número, melhor é o equilíbrio do carro entre os três fatores.
Experimente mudar a potência para 500 cv. Vai dar 37,04 (x 10e-7…). Ótimo! Experimente, agora, diminuir o peso para 900 kg. O resultado será 24,69, se os demais valores continuarem os iniciais. Por fim, diminua o preço para R$ 50.000. O índice pula para 26,67. Percebeu? Pode brincar à vontade com a calculadora acima. Inclusive para ver como se saem os carros que você anda considerando comprar.
Relembrando, essa lista, como as demais desta série, não é uma recomendação de compra. È apenas um estudo, ou mais um critério de decisão de compra, se você assim o desejar. Mas definitivamente não deve ser o único. O que ela pode lhe dizer é que esportivo médio cobra menos por mais potência e menos peso. E os resultados são os seguintes:
10º – Ford Fusion Titanium EcoBoost (9,75)
O Fusion com motor 2.0 turbo, também chamado de EcoBoost, até que tem um preço interessante (é o quarto mais baixo da lista), mas é o mais pesado da turma (1.984 kg) e só a oitava melhor relação peso/potência. Equilibrando esses fatores, sobrou um honroso 10º lugar.
9º – Toyota Camry (10,03)
Ele é o mais caro da turma, mas tem peso relativamente baixo e motor potente. Com isso, conquistou a melhor relação peso/potência desta lista (5,56 kg/cv). Se custasse menos, faria muito bonito entre os sedãs médio-grandes. Cobrando o que cobra, correu o risco de nem constar dos dez mais.
8º – Kia Optima (10,19)
Eis o segundo melhor preço entre os concorrentes, a R$ 105.900. O peso é o terceiro mais baixo. Se só o preço contasse, ele estaria nas cabeças, mas seu motor de apenas 165 cv, o de potência mais baixa deste grupo, faz com que sua relação peso/potência seja a pior do grupo. Um motor mais forte faria maravilhas pelo coreano.
7º – Hyundai Azera (10,20)
O sexto melhor peso e a quarta maior potência poderiam deixar este Hyundai, o único da lista, em excelente posição. Só que o segundo valor mais alto de venda tirou completamente as chances de ele pontuar melhor. Ficou com o sétimo lugar. Custar menos seria a receita do sucesso.
6º – Ford Fusion 2.5 (10,54)
Ele tem o terceiro preço mais baixo desta lista. O peso é apenas intermediário, mas a potência de 175 cv é a segunda pior, o que o leva à segunda pior relação peso/potência. Neste caso, foi só o preço que conservou o Fusion 2.5, único flex desta lista, na disputa pelas primeiras posições.
5º – Volvo S60 T5 (10,75)
A potência não faz bonito, mas também não é ruim. O preço fica mais para alto do que para baixo. E o peso, ainda que alto (o segundo pior), está muito distante do mais alto e relativamente próximo dos primeiros colocados. Isso explica a colocação intermediária do Volvo, único modelo de alto luxo a constar da lista dos dez mais. Corrobora, e muito, nossa avaliação dele.
4º – VW Passat (11,15)
Com 2,71 m de entre-eixos, o Passat não deveria nem estar nesta lista. Ele é médio, com entre-eixos só 1 cm mais longo que o do Toyota Corolla, mas, no Brasil, é vendido como modelo de luxo. Pelo menos era: ele não consta mais do site da Volkswagen porque será brevemente substituído pela nova geração, a B8, essa sim com um entre-eixos condizente (2,79 m). Mas isso lhe deu vantagem competitiva: seu peso é o segundo melhor. O preço é intermediário, e a potência, ainda que seja a quarta pior da lista, não o prejudica. Se quiser um, corra para comprar os que ainda estiverem encalhados nas concessionárias. Mas nós esperaríamos a nova geração.
3º – Kia Cadenza (11,31)
Ele é o modelo mais potente da lista. Pena que tem o terceiro pior peso e o terceiro pior preço. Quem o salva é realmente seu motor V6 de 290 cv, suficiente para deixar o Cadenza na terceira posição. Merecida, considerando o que o carro oferece.
2º – Honda Accord EX 3.5 (11,62)
O segundo modelo mais potente dentre estes dez, com um peso que é apenas o sétimo mais baixo, também se apoia nos 280 cv de seu motor para chegar à segunda colocação geral. O preço é alto e quase não se vê o Accord pelas ruas, mas, de acordo com os critérios desta lista, ele é um modelo a considerar seriamente entre os que procuram um sedã maior do que um médio.
1º – Nissan Altima (12,39)
Sim, o mais barato venceu a disputa. Ele não é o mais potente, longe disso, mas certamente não teria chegado onde chegou se não fosse seu peso, de apenas 1.469 kg, o mais baixo desta lista. Sua relação peso/potência, de 8,07 kg/cv, é a quarta pior da lista, mas, custando menos de R$ 100 mil, valor que muito sedã médio ultrapassa, ele é o vencedor incontestável dessa categoria. E merecia vender muito mais do que efetivamente vende.
Para ver a posição de todos os sedãs médio-grandes que entraram nesse ranking (as versões mais leves e mais baratas para cada motor oferecido na linha), confira a tabela abaixo: