Não é raro de acontecer: na escola, você sempre viu aquela menina como uma colega qualquer. Talvez até como uma amiga: gente boa, divertida. Mas isso durou até a aula de educação física, quando você pôde conferir melhor os atributos da moça. Ou até aquela festa em que ela nem se produziu tanto, mas que já fez aquela diferença. Arrumou o cabelo, usou lentes de contato, sei lá. A nova versão dela a transformou em mulherão. E fez você vê-la com outros olhos. No mundo automotivo, uma nova versão também pode provocar isso.
Quantos colegas e amigos seus que hoje babam pelo Sandero RS eram potenciais compradores do Sandero comum? Garantimos que muito poucos, talvez os que já tenham família e precisem de um carro grande. Mesmo você, apaixonado por esportivos, nunca deve ter reparado na menina romena até ela vestir as roupas da grife Renaultsport. Não, ela não é eslava, mas é quase.
Só funciona um pouco ao contrário no mundo automotivo. As mulheres colocam salto alto para realçar as pernas. Os carros usam pneus de perfil baixo para ficar com o stance correto e ainda ganharem em agilidade e estilo. No caso do Sandero, que já avaliamos por aqui, a altura está 26 mm menor que a da versão Dynamique. As rodas são de aro 16, mas as de aro 17, como já dissemos, são praticamente obrigatórias.
Ainda que a aparência esteja mais apetitosa, é o que o Sandero RS se mostra por dentro que garante a cobiça dos gearheads. O carro vem com motor 2.0 de 150 cv a 5.750 rpm e câmbio manual de seis marchas. A suspensão, além de mais baixa, ganhou elementos mais firmes, como as molas dianteiras (92% de ganho), as traseiras (10%), barras estabilizadoras dianteiras (17%) e traseiras (65%).
Os amortecedores agora trazem buchas de poliuretano e a geometria de suspensão foi alterada, com 0,91º a mais de cáster, o que dá mais precisão direcional, e 0,33º de convergência, para manter o raio de rolagem com as bitolas mais largas. Com isso, a carroceria rola significativamente menos: 3,8º por g no RS, contra 5,6 º por g do Dynamique. Resumindo, passa longe de ser mera perfumaria, receita à qual o Sandero já havia recorrido com o GT Line. E que não fedeu nem cheirou para quem realmente gosta de desempenho.
Mas não é só na arte da sedução que a moça romena se esmera. Ela também sabe se segurar, com freios a disco nas quatro rodas, coisa que nenhum outro Sandero pode dizer que tem. Não sai da linha nem sob provocação pesada, com seus controles de estabilidade e de tração. Em suma, tem a elegância e o prumo que conquistam para além de uma bela aparência.
Se a moça corresponde a seus galanteios e você consegue levá-la para casa, ainda assim pode haver decepção. No caso do Sandero RS, segundo nossa avaliação, o risco é baixo. Ele é comunicativo, avisando se vai escapar de frente ou de traseira (sai mais de frente, vale dizer), tem freios que não se cansam facilmente, uma caixa de direção eletro-hidráulica, bem afiada, e até muda de som quando você acelera sabendo apertar os botões certos. Fica mais rouca depois que se aperta o botão RS uma vez. Se você apertá-lo por mais de três segundos, a versão RS perde as estribeiras e se entrega sem controle. De tração ou de estabilidade.
Há coisas chatas, como o trambulador, algo impreciso, e o bip de trocas de marcha. Avaliação boa é aquela que rola naturalmente e os tais bips são como se a moça ficasse ditando regra de quando colocar a alavanca no lugar certo. Corta um pouco o barato.
Mesmo assim, a versão Sandero RS é daquelas com as quais muita gente quer casar ou com a qual quer pelo menos uma rapidinha no autódromo, coisa que uma Authentique, uma Dynamique ou uma Expression talvez nunca tenham provocado. Provavelmente não, inclusive.
Diante disso, perguntamos: que outra versão de um carro no qual você nunca tinha pensado te fez desejar ardentemente pensar em ter uma garagem maior? Ou se divorciar do seu carro atual? A caixa de comentários é toda sua!