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Car Culture

Quem disse “simplifique e depois adicione leveza”?

FlatOuters e FlatOutars, estamos de volta com mais uma edição de caça aos mitos da National Leographic. Nas edições anteriores descobrimos quem disse algo sobre “nada substituir as polegadas cúbicas” ou sobre “na dúvida, acelerar” ou ainda sobre “morrer sorrindo porque estava acelerando”.

Agora, chegou a hora de um dos axiomas mais famosos da história do automobilismo: “Simplifique, e depois adicione leveza”.

Se você tem um mínimo de cultura automobilística já sacou que estamos falando da Lotus e de Anthony Colin Bruce Chapman (ou seria “Tonho da Loto”?) e de sua filosofia de “adicionar leveza” aos seus carros.

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Antes de deturparem seu legado, transformando os Lotus em carros elétricos e pesados aos quais ninguém dá bola (e, aparentemente, também ninguém quer comprar), Colin Chapman tinha uma certa obsessão por aliviar ao máximo o peso dos seus carros, porque “aumentar potência te faz rápido nas retas, mas reduzir peso te faz rápido em toda a pista” — ainda que a leveza fosse bancada pela segurança dos carros.

A filosofia de Chapman nem poderia ser diferente: depois de estudar engenharia de estruturas, de pilotar aviões e passar algum tempo na Royal Air Force, e de trabalhar como representante comercial de alumínio, ele juntou todo o seu conhecimento de materiais, estruturas e aeronáutica e o aplicou em sua grande paixão, os automóveis.

Praticamente todas as inovações aplicadas aos seus carros vieram da sua experiência aeronáutica — expressa ao máximo no Lotus Seven, um carro extremamente espartano, onde cada um dos elementos tem uma função prática e nada além disso. É uma filosofia claramente trazida dos aviões, que precisam ser eficientes acima de tudo. Pense no Seven como um ultraleve dos carros e o negócio fica mais claro.

Nem todos os seus carros eram simples, contudo — o Lotus 72, por exemplo, tinha freios inboard, e o Lotus 88 tinha um chassi duplo que não era exatamente simples. Agora… sem dúvida todos eles eram leves. O Lotus Elan de 1962, por exemplo, usava um chassi backbone/espinha dorsal debaixo de um monocoque de fibra de vidro. Só isso: um tubo onde motor, suspensões e transmissão eram apoiados, coberto por uma casca de fibra de vidro. Pesava só 680 kg. Com vidros, bancos, motor e tudo mais.

A origem do “simplifique, e depois adicione leveza” nunca ficou muito clara — não há uma entrevista específica na qual ele disse isso, tampouco uma referência temporal ou um testemunho sobre ele tê-la dito. Afinal… Colin Chapman disse mesmo essa frase ou ela apenas foi associada ao seu estilo de projeto?

É difícil dizer. Porque a frase já era conhecida antes mesmo do nascimento de Colin Chapman. E ele nasceu em 1928.

Na verdade, Chapman ainda estava tentando descobrir o que fazer da vida quando o engenheiro americano William Bushnell Stout (o cara que inventou a minivan) publicou sua autobiografia, na qual contou que ele e sua equipe estavam trabalhando em um novo projeto de avião, em 1919, e em busca de uma ideia original para este projeto, disse aos seus colegas que “a verdadeira engenharia consiste em retirar peças, e não acrescentá-las”, explicando que tudo o que fosse adotado deveria reduzir o peso pelo uso de estruturas mais eficientes.

William Bushnell

Um dos engenheiros do time, Gordon Hooton, mais tarde disse: “Entendi o que você quis dizer. Você quer dizer para simplificarmos e adicionarmos mais leveza”.

Simplifique e adicione leveza se tornou o slogan do time durante o projeto, que ficou pronto em 1920 e se tornou aquele que ficaria conhecido como o Ford Trimotor.

Anos depois, Stout trocou correspondências com o editor da revista britânica “The Aeroplane” a respeito de um artigo publicado na revista e, nas cartas, mencionou o slogan “simplifique e adicione leveza”. O editor da revista gostou e mandou imprimir plaquetas com o slogan e as distribuiu a todos os departamentos de projetos de aviões no Reino Unido, transformando uma brincadeira interna de uma equipe americana, em uma filosofia da aviação britânica.

Ford Trimotor

Agora, voltemos ao início do texto: Colin Chapman nasceu em 1928 e se envolveu com a aeronáutica militar no final dos anos 1940. O livro de Stout foi publicado em 1951, o que significa que as plaquetas circularam no Reino Unido durante as décadas de 1930 e 1940. Chapman certamente viu alguma destas plaquetas e, sem dúvida, ouviu esse slogan na escola de engenharia — onde fez parte do time de aviação — ou ainda na Royal Air Force.

Se ele realmente disse a frase, ele apenas repetiu algo que ouviu nos seus tempos de aviador. Se nunca disse, ele sem dúvida foi influenciado por ela, afinal, o slogan dominou as salas de projeto da indústria aeronáutica no Reino Unido justamente quando Chapman passou por elas.


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