A variedade de simuladores de corrida está cada vez maior, e isto é ótimo. Mesmo que você não tenha uma máquina absurdamente potente, é possível encontrar aquele título mais antigo e barato para gastar algumas horas brincando de piloto no mundo virtua. Até por que, como você bem deve saber, a experiência de jogar um simulador não se resume apeanas a gráficos de última geração absurdamente realistas (ainda que eles sejam bem legais).
Mais importante é o envolvimento e o realismo na física. E ter um bom conjunto de volante e pedais — que, apesar de não serem exatamente baratos, também não custam um absurdo — ajuda bastante nisso.
O próximo passo natural é um cockpit simulador de movimentos. E aí, sim, a coisa começa a ficar séria e a conta bancária, vazia — os simuladores de movimento mais avançados, como o CXC Motion Pro II, podem ultrapassar facilmente os US$ 50 mil, ou quase R$ 200 mil, em conversão direta) Pois é… levar diversão a sério custa dinheiro.
E é por isso que gostamos tanto da ideia de um novo simulador de movimentos chamado RacingCube, desenvolvido por uma pequena companhia dinamarquesa chamada FaseTech. Além do preço mais baixo — a partir de US$ 1.800, ou cerca de R$ 7 mil sem impostos —, uma coisa legal do RacingCube foi que ele nasceu quase por acaso, como seu criador, Tommy Frank, contou ao Car Throttle.
Minha maior razão para projetar o RacingCube foi a seguinte: eu estava desenvolvendo dispositivos de interface para realidade virtual. Logo me dei conta de que se os movimentos do meu corpo não correspondessem aos movimentos do game, eu ficava com enjoo. Então eu construí uma plataforma de movimento, e o enjoo desapareceu.
Procurando um bom assento para minha plataforma de movimentos, eu sempre acabava topando com cockpits equipados com volante e pedais, mas eles não podiam se mover. Depois eu soube que simuladores de movimento para games de corrida são muito caros e, na maioria das vezes, complicados demais. Aí eu pensei “isto não pode estar certo”. Então eu comprei um cockpit, o montei sobre minha recém-construída plataforma de movimentos e, de repente, tinha um simulador de movimentos por uma fração do custo de um modelo comercial. Eu não sou gamer, mas o negócio ficou tão divertido que eu quis que outras pessoas pudessem curtir da mesma forma que eu.
Bacana, não? E foi aí que entrou a segunda parte do time, e segunda metade da FaseTech: Steffen Hansen. Enquanto Tommy se encarrega do desenvolvimento técnico do simulador, Steffen cuida de… todo o resto: além de ser responsável pelo lado financeiro da empresa, ele cuida do site, das relações com os clientes e também foi quem abriu a campanha no Kickstarter. O objetivo é arrecadar US$ 95 mil para dar início à produção em série do RaceCube.
O coração do simulador é a plataforma de movimentos, que conta com três servo-atuadores, montados de forma que não seja necessário fixar o cockpit no chão — e a FaseTech garante que sua sensibilidade às menores irregularidades da pista não devem em nada a simuladores de ponta. Além disso, a base do Racing Cube tem rodas que possibilitam um movimento de rotação de até 360 graus. De acordo com Tommy, esta é a parte mais importante, pois é capaz de simular situações como a perda de aderência nas rodas traseiras, por exemplo.
O RacingCube utiliza o software SimTools 2.0 (o mesmo de boa parte dos simuladores de movimento) e a lista de games compatíveis é imensa: Assetto Corsa, iRacing, Project CARS, rFactor e rFactor 2, Live For Speed, e outras dezenas de títulos. Uma vez instalado o software, é só jogar — a grande maioria dos sets de volante e pedal funciona perfeitamente com o RacingCube, algo garantido depois de mais de seis meses de testes com quatro protótipos.
Quando a produção em série tiver início, a FaseTech estima que o RacingCube RC3, com três atuadores, movimento de rotação e suporte para três monitores, deverá custar cerca de US$ 2,5 mil, ou R$ 9,85 mil em conversão direta. Se quiser algo mais em conta, também será disponibilizado o RC2, com dois atuadores (sem sistema de rotação) e suporte para um monitor, por US$ 1,8 mil, ou cerca de R$ 7 mil.
Dito isto, faltam dezesseis dias para que a campanha no Kickstarter seja encerrada, e até agora foram arrecadados cerca de US$ 28 mil da meta de US$ 96 mil. Talvez eles não consigam atingir a meta, mas estamos torcendo fortemente para que Tommy e Stephen consigam financiar a produção em série do RacingCube.