O Range Rover Evoque, apresentado em 2011, é um case de sucesso. Ao fazer a versão de produção praticamente igual ao conceito apresentado em 2008, o LRX, a Land Rover conseguiu tornar-se líder no segmento dos SUVs compactos de luxo com um veículo muito bonito, bem equipado, de desempenho satisfatório e surpreendentemente divertido de dirigir para um utilitário. O resultado? Na pré-venda, o Evoque vendeu 18.000 unidades, chegando a 80.000 no primeiro ano de produção. Em sete anos, foram nada menos que 800.000 exemplares vendidos – com números consistentes que não apresentaram queda ao longo de toda a produção.
Especialistas no mercado automotivo atribuem o sucesso do Range Rover Evoque não apenas a seu desenho acertadíssimo, mas também ao fato de o Evoque representar uma renovação da marca Land Rover e da linha Range Rover.
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Todos nós gostamos dos clássicos feitos para transpor terrenos difíceis, e não devemos esquecer que virtualmente todos os modelos que foram lançados pela fabricante nas últimas décadas mantiveram certo grau de desenvoltura off-road – incluindo o próprio Evoque, cuja capacidade de enfrentar trilhas surpreendeu o trio do Top Gear na época do lançamento. Mas, do ponto de vista mercadológico – que, muitas vezes, é menosprezado pelos entusiastas – o Evoque introduziu uma Range Rover mais urbana, prática e preocupada com o meio ambiente. E isto vende.
O feito do primeiro Evoque foi juntar tudo isto em um pacote extremamente bem feito, agradável e capaz de agradar tanto ao consumidor médio quanto aos entusiastas mais hardcore. E, sabiamente, a Land Rover apostou em uma segunda geração evolutiva, e não revolucionária, no que tange ao design e ao apelo de seu aclamado SUV. O que não significa que estamos diante de um projeto antigo repaginado.
O que os olhos vêem
A Land Rover deixa claro que o Range Rover Evoque de segunda geração é completamente novo – sua plataforma é nova e, naturalmente, nenhum painel da carroceria antiga foi aproveitado. Fica evidente a abordagem evolutiva nas proporções gerais e nas formas, mas também fica claro que o novo Evoque mudou, graças aos clássicos “detalhes que fazem a diferença”. Por exemplo: os faróis, que ficaram mais esguios e complexos, agora são mais rentes à superfície da carroceria, sem desníveis. A entrada de ar inferior no para-choque dianteiro teve seu formato mantido, mas as tomadas nas extremidades agora são mais discretas e integradas, com três barras horizontais empilhadas nas versões mais potentes.
Todos os vincos foram suavizados e alguns foram eliminados – e o vinco principal, que corre pela lateral da carroceria, foi elevado e está mais próximo da base dos vidros, o que contribui para uma aparência mais limpa no geral. As maçanetas retráteis, vistas pela primeira vez no Range Rover Velar, também se fazem presentes. No mais, a silhueta ascendente da área envidraçada foi mantida, assim como a ligação entre a mesma e o pequeno vigia traseiro.
Já as lanternas traseiras mudaram de forma considerável: além de ficarem mais baixas e largas, invadindo a tampa do porta-malas e trazendo dois elementos distintos, elas são ligadas por um aplique que abriga o letreiro “R A N G E R O V E R” – na geração anterior ele ficava acima desta linha.
Um dos pontos mais importantes, porém, é o maior cuidado com os gaps entre os painéis da carroceria, que ficaram consideravelmente menores – dá para perceber nas fotos, inclusive. Tudo isto contribui para deixar claro que se trata de um novo Evoque, mesmo que as mudanças no visual sejam bastante sutis.
O approach evolutivo também foi empregado no interior. Os elementos da cabine não trocaram de lugar e as formas gerais foram mantidas – o cluster de instrumentos compacto, as linhas limpas e discretas, as saídas de ar no topo do painel, a central multimídia abaixo delas e os comandos auxiliares no console central. No entanto, a Land Rover apostou em materiais mais refinados e mais opções de cores – agora é possível, por exemplo, optar pelo revestimento de couro no botão da buzina, combinando com o restante das forrações. Além do couro, o lado de dentro do novo Evoque também pode ser revestido com um misto de lã e tecido – uma forma de agradar aos que são contra o uso de couro no interior dos automóveis.
Novamente é o conjunto de detalhes que passa a ideia de um carro totalmente novo. O cluster de instrumentos, como esperado, agora é totalmente digital. A tela principal do sistema multimídia aumentou de tamanho e agora se move levemente em direção aos ocupantes no momento em que o veículo é ligado. Aliás, lembra daquele sistema que a Land Rover apresentou em 2014, no qual as câmeras externas do carro eram utilizadas para dar a impressão de que o capô era transparente? Pois uma versão simplificada aparece no novo Evoque – a perspectiva proporcionada pelo posicionamento das câmeras é exibida na tela principal e o efeito é quase tão impressionante quando no conceito. Agora, o sistema operacional do carro pode ser atualizado por Wi-Fi e integrado ao smartphone do dono, que consegue, através de um app, conferir diversos aspectos do Evoque – nível de combustível, autonomia, temperatura ambiente, etc – e realizar funções básicas como travar e destravar as portas ou controlar o sistema de climatização.
Além disso, uma terceira tela, menor, foi incorporada ao console central para substituir parte dos comandos, embora ainda existam seletores circulares físicos para as funções mais delicadas – o bom senso agradece, de verdade.
Nova plataforma, novos motores
O novo Range Rover Evoque é o primeiro modelo a utilizar uma nova plataforma da Jaguar Land Rover, chamada Premium Transverse Architecture. Além de, segundo a fabricante, ser 13% mais rígida que a anterior, a nova base foi concebida desde o início para receber sistemas híbridos e deverá ser aplicada em diversos modelos com motor dianteiro transversal que o grupo lançará nos próximos anos. Graças à nova plataforma o Evoque conseguiu manter exatamente os mesmos 4,37 metros de comprimento da geração anterior e aumentar o entre-eixos em 20 mm, chegando a 2,68 metros (antes eram 2,66 metros). Parece um crescimento ínfimo, mas foi o suficiente para garantir que o novo Evoque seja mais espaçoso para os ocupantes do banco traseiro – uma das poucas fontes de insatisfação do público com o modelo antigo. O porta-malas também aumentou a capacidade de carga em 10%.
A princípio todas as versões do Range Rover Evoque serão equipadas com novos motores de dois litros turbo da família Ingenium, a gasolina e a diesel. Na base do espectro está o Evoque D150, único com tração dianteira, movido por um motor turbodiesel de 150 cv acoplado a uma caixa manual de seis marchas (honestamente, meu favorito), capaz de ir de zero a 100 km/h em 9,9 segundos, com máxima de 200 km/h. Os modelos seguintes, todos eles, têm tração 4×4 e câmbio automático ZF de nove marchas. O combustível utilizado e a potência é expressa pelo nome de cada versão: D180 e D240 (a diesel, com 180 e 240 cv); e P200, P250 e P300 (a gasolina, com 200, 250 e 300 cv). Esta última, topo de linha, é capaz de ir de zero a 100 km/h em 6,3 segundos e seguir acelerando até os 240 km/h.
Talvez a maior novidade em termos de powertrain seja o fato de todos os Evoque com tração 4×4 agora serem híbridos leves (mild hybrids) – ou seja, possuem um sistema ligado ao alternador que recupera energia das frenagens e desacelerações, armazena esta energia em uma bateria e a libera sob aceleração. Com isto, a eficiência energética do novo Evoque é 6% superior ao modelo anterior.
A partir de 2020, contudo, será vendida uma versão híbrida plug-in – com um motor elétrico atuando em conjunto com um motor três-cilindros turbo de 200 cv e capacidade de rodar por uma distância limitada utilizando apenas energia elétrica.
O novo Range Rover Evoque já começou as ser produzido e as encomendas começaram ontem. A Jaguar Land Rover declarou que já recebeu mais de 5.000 intenções de compra de clientes, mesmo sem ter exibido uma imagem sequer do novo Evoque, e as entregas estão previstas para o primeiro semestre de 2019 em mercados como os EUA e a Europa. Os preços não vão se distanciar muito da geração atual – parte da estratégia para continuar liderando nas vendas, com o modelo básico partindo de £ 31.990, ou pouco mais de US$ 40.000. Mais detalhes deverão ser revelados durante a estreia mundial do novo Evoque, marcada para o Salão de Chicago, em fevereiro de 2019.
O novo Evoque já está confirmado para o Brasil, ainda sem preço definido, porém com as entregas das primeiras unidades importadas já previstas para o segundo semestre do ano que vem.