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Car Culture

Recordes quebrados na 3ª Subida de Montanha da Serra do Rio do Rastro

Não tinha como ser diferente. Era apenas uma questão de realizar uma edição que todo o resto aconteceria de forma natural. Não que organizar um evento de automobilismo no Brasil seja algo fácil, muito menos se este evento for realizado em vias públicas e envolver carros de rua e pilotos amadores. Na verdade, é quase milagroso que algo como a Subida de Montanha da Serra do Rio do Rastro seja permitido, quanto mais abraçado pelo poder público e pelos habitantes da região. Mas o evento aconteceu e, graças ao esforço dos organizadores, ele continuará acontecendo.

A segunda edição, realizada excepcionalmente em janeiro deste ano, já havia consolidado o evento. Sim, duas edições foram suficientes para isso de forma que a Subida da Serra do Rio do Rastro (SSRR) já se tornou uma das provas de Hillclimb mais importantes do Brasil, ao lado da Subida de Monte Alegre. Prova disso foi o que testemunhamos na terceira edição, realizada no último final de semana, ao longo do feriado da República.

Agora inserida no calendário turístico da região da Serra Catarinense, a terceira edição da SSRR viu um número recorde de participantes, com ampla adesão do público e pilotos, aprimoramentos na segurança, uma nova bateria de regularidade para novatos e uma evolução expressiva nos tempos da subida em relação à primeira edição — prova disso é que o recorde de 7:17,898 estabelecido em 2010 por Rhys Millen piloto neozelandês recordista de Pikes Peak, foi quebrado por dois pilotos nesta edição.

Um deles foi o vencedor da primeira edição: Iures Delfino, com quem conversamos em janeiro, depois que um incidente que só poderia acontecer na Serra do Rio do Rastro, o impediu de estabelecer um novo recorde. O outro é um velho amigo e parceiro do FlatOut, o piloto e engenheiro Eduardo Cenci — que alguns assinantes do plano FlatOuter conheceram pessoalmente em nosso track day, dirigindo o táxi Subaru BRZ de lado na Capuava.

O recorde de Rhys Millen foi o motivador de uma bateria secundária nestas três edições: o “Desafio Rhys Millen”. Como o traçado da SSRR é um pouco mais extenso que o trecho usado por Rhys Millen no recorde de 2010, os cinco melhores tempos da Subida são convidados a disputar o desafio — que é realizado nos mesmos 9,4 km onde o recordista de Pikes Peak registrou seu tempo.

Determinado a obter o recorde desde a primeira edição, Iures Delfino venceu a Subida pela segunda vez, a bordo de seu Lancer Evo X modificado, quebrando seu próprio recorde estabelecido na primeira edição e, finalmente conseguiu vencer o desafio neste mês de novembro, completando o trecho em 6:48,840 — quase 30 segundos mais rápido que Millen. Eduardo Cenci, segundo colocado na subida com um Porsche 718 Cayman, também superou o antigo recorde de Millen, registrando o tempo de 7:12,360.

Além deles, os pilotos Luiz Krawiec (4º colocado, com um Civic Si) e Sidney Savi (5º colocado com um BMW M340i) também participaram do desafio e, ainda que não tenham conseguido superar o recorde original, ficaram na casa dos sete minutos, com 7:40,350 e 7:51,520, respectivamente.

Na Subida completa os tempos também foram drasticamente menores. Os dois primeiros colocados, Delfino e Cenci, quebraram a barreira dos nove minutos pela primeira vez — algo que Delfino certamente teria conseguido na edição passada, não fosse um incidente que o tirou da prova. Detentor do recorde de 9:14 estabelecido na primeira edição do evento, em 2022, Iures Delfino venceu esta edição com 8:33,390, seguido por Cenci com 8:51,610. Ronaldo Felipe, terceiro colocado com seu Evo R, por pouco não entrou nos oito minutos: fechou a subida com 9:00,130.

As subidas de montanha não são coisa nova no Brasil — há provas realizadas desde os anos 1930; o lendário Hans Stuck chegou a vencer uma prova no RJ com um Mercedes SSK. Mas nunca houve uma cena nacional de Subida de Montanha como aconteceu com a arrancada e os track days. Ao menos até agora.

Nunca tivemos tantas provas de Subida de Montanha organizadas em um mesmo ano como em 2024 — foram oito eventos em 11 meses — a segunda edição da Subida do Rio do Rastro em janeiro, a Subida de Mairiporã em fevereiro, a Subida de Lindóia em abril, Águas de Lindóia em agosto, Grão-Pará em setembro, Monte Alegre do Sul em outubro, novamente Rio do Rastro em novembro, que será encerrado com a subida de Dourado em São Paulo. Claramente há um calendário que poderia — quem sabe? — dar origem a um campeonato paulista-catarinense ou “sul-brasileiro”.

Mas isso é o que menos importa no momento. O que quero dizer é que há uma cena se formando, há pilotos dedicados a estes eventos, com carros preparados para esse tipo de prova. Estamos testemunhando o momento seminal de algo que pode se tornar uma grande história no automobilismo amador brasileiro.

Na próxima parte deste especial, traremos os depoimentos dos pilotos Eduardo Cenci, Iures Delfino e do estreante Ricardo R37. Fique de olho!