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Rolls-Royce Sweptail: todo o luxo e exclusividade que R$ 41 milhões podem comprar

O que acontece quando você é uma fabricante de carros de extremo luxo e um de seus melhores clientes encomenda um automóvel completamente feito sob medida, sem se importar com quanto dinheiro vai gastar? Você aceita o pedido, é claro. Este é o Rolls-Royce Sweptail, um exemplar único no mundo que, segundo boatos, custou £ 10 milhões –nada menos que o equivalente a R$ 41 milhões. Mas o que um carro pode ter de tão especial para custar tanto?

Para começar, bem, é um Rolls-Royce. Mas ainda assim: um Rolls-Royce Phantom Coupé, antes de sair de linha no ano passado, partia de cerca de £ 350 mil, o que dá pouco mais de R$ 1,4 milhão em conversão direta. Daria para comprar quase 30 exemplares do Phantom com o dinheiro que custou o Sweptail.

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Acontece que o Rolls-Royce Sweptail é único: não haverá, nunca, outro igual. Quem o encomendou foi um verdadeiro connoisseur dos Rolls, que em 2013 procurou a fabricante para dar forma à sua visão de como seria um cupê de dois lugares inspirado pelos carros da marca nas décadas de 1920 e 1930. Não foi um modelo específico, e sim uma mistura de influências – especialmente dos modelos aerodinâmicos, como o Rolls-Royce Phantom “Round Door” construído pela carrozzeria Jonckheere; ou o Rolls-Royce Phantom II Two Door Light Saloon, feito pela Gurney Nutting.

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Da mesma forma que estes ícones de outrora eram comprados apenas no chassi e depois recebiam carrocerias feitas sob encomenda, o Sweptail começou sua vida como o monobloco de um Rolls-Royce Phantom Coupe – algo que é perceptível apenas pelo para-brisa e pelas colunas A, pois todo o resto do carro é completamente diferente — e fruto de quatro anos de desenvolvimento conjunto entre o dono e a Rolls-Royce. Detalhes do processo não foram divulgados, pois este tipo de cliente gosta de certa discrição, mas a companhia diz que o homem deu as ideias iniciais e participou ativamente de seu refinamento.

O resultado é um carro completamente feito sob medida, o mais próximo possível do desejo de seu dono, apresentado no Concorso d’Eleganza Villa d’Este, que aconteceu entre os dias 26 e 28 de maio. E ele roubou a cena.

A Rolls-Royce não publicou muitas fotos do Sweptail mas, graças a vídeos como este, feitos por quem estava lá, podemos ter uma boa noção de como é o carro.

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Seu perfil parte da silhueta do Phantom Coupé e, na verdade, o formato das janelas traseiras e dos painéis laterais da carroceria fazem referência às formas originais do carro, como em uma indicação sutil de sua plataforma original. Temos certeza de que foi algo intencional, e não para conter custos.

Dito isto, o visual de todo o resto do carro é radicalmente diferente. Começando pela dianteira, que traz a maior grade já colocada em um Rolls-Royce moderno, usinada a partir de uma única peça de alumínio e toda polida à mão.

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Os faróis são duplos: duas unidades retangulares escondidas em reentrâncias na dianteira, e dois faróis circulares sob elas, em uma face de cor mais escura que o restante da carroceria (se fosse meu carro, esta parte poderia ter ficado melhor integrada ao design geral do carro… mas ele não é meu). Repare no “08” na parte inferior da grade: aquilo é a placa do carro. Sim, são dois números feitos de metal, pois a Rolls-Royce não queria quebrar a limpeza visual do Sweptail com um pedaço de plástico igual ao de todos os outros carros que circulam pelo Reino Unido.

Voltando às laterais: o dono do Sweptail, entusiasta de iates, queria que o carro refletisse esta paixão e, por isto, as laterais avançam em direção ao assoalho, remetendo ao casco de um barco. As rodas, curiosamente, não foram feitas sob medida e são iguais às do Phantom Coupe.

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O perfil de fastback leva à traseira, com linhas que avançam em direção ao eixo longitudinal do carro, que conserva as lanternas do Phantom, ligadas por uma superfície em forma de “U”, também mais escura que o restante da carroceria. A “placa” traseira do carro fica no lugar tradicional, também reduzida a dois números de metal. Classy.

O vigia traseiro do carro nada mais é que a parte final do enorme teto de vidro que, de acordo com a Rolls-Royce, é o maior e mais complexo já instalado em um carro. O vidro revela um deque traseiro cuidadosamente esculpido em madeira e metal, assim como todo o restante do interior.

O visual do lado de dentro do carro é minimalista e limpo mas, ao mesmo tempo, exala luxo e sofisticação. Madeiras de ébano macassar e nogueira da Nova Guiné, uma delas bastante escura e a outra, bem clara – padrão repetido na escolha dos couros que revestem painel, bancos e portas, Mocassin e Dark Spice.

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Amplie a foto e repare na textura da madeira – mais um belo exemplo do trabalho de marchetaria, que explicamos aqui

Atrás dos bancos há uma enorme área revestida de madeira, com detalhes em vidro e metal escovado, para acomodar bagagem (ainda que, provavelmente, ninguém vá colocar bagagem ali). Uma passarela percorre todo o perímetro do carro, partindo do centro do deque traseiro e indo até as extremidades do para-brisa. A madeira folheada de ébano macassar toma conta da área, enquanto o paldao reveste o teto e a parte interna das colunas.

O painel de instrumentos traz mostradores analógicos com ponteiros e números de titânio, enquanto os comandos ficam todos escondidos por trás de uma porta quando não estão sendo utilizados.

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Dentro das portas suicidas há dois compartimentos secretos que, abertos, revelam duas maletas em fibra de carbono e couro feitas sob medida para o laptop do dono, combinando com um jogo de quatro malas que cabem perfeitamente no porta-malas. Já o console central abriga um cooler feito sob medida para o champanhe favorito do cliente (engarrafado no ano do seu nascimento), acompanhado de duas taças de cristal. O mecanismo do cooler faz com que, ao abrir a tampa. a garrafa de champanhe se incline no ângulo perfeito para ser retirada.

Com tantos detalhes, acabamos nem falando do motor: trata-se de um V12 de 6,75 litros e 460 cv capaz de levar o Sweptail, que pesa mais de 2.500 kg, até os 100 km/h em menos de seis segundos. Mas a gente sabe que, em carros como este, bom desempenho não é mais que uma obrigação: estamos falando daquele que tem potencial para ser o carro novo mais caro do planeta por muitos anos.